Alegrar-se
na provação e na tribulação. Felicidade de pertencer a Deus. Peregrinação anual
a Nossa Senhora das Vitórias.
Vaugirard,
30 de dezembro de 1859
Caríssimos filhos,
A multidão dos cuidados que sobrevêm sobretudo
neste tempo do ano me obriga a escrever-lhes coletivamente, mas vou descontar
no primeiro momento de liberdade, conversando particularmente com cada um de
vocês. Aliás, o que tenho para fazer hoje se aplica a todos em geral. Agradeço-lhes
por suas boas cartinhas, fiquei vivamente tocado por seus votos por ocasião de
minha festa e do ano novo. Ofereci, de meu lado, cada um de vocês ao Senhor,
pedindo-lhe para abençoá-los e recompensar o que fizeram para seu serviço.
Desejo também a vocês, caros filhos, todos os tipos de graças para o ano que
vai abrir-se, a cada um as que lhe são mais necessárias. Tenho confiança que o
Senhor dignar-se-á atender esses votos, e derramará sobre vocês graças de luz,
para fazer-lhes entender cada vez mais como é bom, como é seguro, como é suave
também estar a seu serviço; graças de força e de constância para suportar os
trabalhos e as provações de cada dia, os quais são precisamente o mérito e a
grandeza de sua tarefa e tornar-se-ão, no último dia, os florões de sua
coroa. Possam essas santas esperanças da fé sustentar sua coragem e reanimar
seus corações, se estão às vezes abatidos!
Oh! Que os momentos da provação e do labor
passam rápido, e que a duração da eterna recompensa será doce e consoladora! Se
pensássemos nisso, caros amigos, diríamos como os fiéis servos de Deus na
tribulação: “Ainda mais, Senhor, ainda mais!” Acreditem também na palavra dos
que atravessaram no mundo muitas fazes da vida e que os avisam de que suas
promessas e seus atrativos são puras ilusões, e de que, cedendo-lhes, vocês
alegrarão o inimigo de sua salvação que, após tê-los enganado, os abandonaria
no pesar das mais tristes decepções. Eis aí a verdade, caros filhos, possa ela
ir até seus corações e incliná-los firmemente para Deus, único bem verdadeiro,
único repouso, única saciedade de nossas almas.
Todos os nossos irmãos lhe demonstram mil boas
afeições e prometem orar bem por seus irmãos de Arras em Nossa Senhora das
Vitórias, indo fazer ali sua visita do ano novo. Os irmãos novos, que os
conhecem somente na caridade, se recomendam como os demais às suas boas
lembranças. O irmão Jean [Maury] quer que eu faça a você, por ele, uma menção
particular.
Não sei se nosso irmão Henri Sadron escreveu à
sua mãe; convido-o a fazê-lo, se ainda não está feito.
Adeus, meus bem-amados filhos. Seria bem doce
para mim abraçá-los amanhã com o resto de nossa pequena família, eu o farei no
Coração do divino Salvador, o farei sobretudo na Santa Comunhão.
Acreditem no terno devotamento de
Seu amigo e Pai
Le Prevost
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