Votos de Ano Novo. Narração da festa de São
João. Notícias das vocações presentes e futuras. Anúncio da entrada do Sr.
D’Arbois de Jubainville.
Vaugirard,
1o de janeiro de 1860
Caríssimo amigo e filho em N.S.,
Utilizo o primeiro momento de que posso dispor para agradecer-lhe pela sua boa
e afetuosa carta, pelos seus votos por ocasião da festa de São João e do ano
novo. Conheço, há muito tempo, meu excelente amigo, a sinceridade de sua
afeição pela nossa pequena família e sua indulgente amizade para comigo;
recebo, portanto, a expressão disso com uma viva gratidão, bendizendo a Deus
que o deu à Comunidade e às suas obras e que inclinou também seu coração à
benevolência para comigo. Continuaremos, de ambas as partes, a guardar em nós
essa caridade que é um dever de nossa condição e que se torna, ao mesmo tempo,
uma doce consolação em nossos trabalhos. Continuaremos, sobretudo, a orar uns
pelos outros, a fim de que o Senhor digne-se manter-nos a seu serviço e
abençoar nossas obras. Sua assistência misericordiosa é bem visível até agora
entre nós, procuremos tornar-nos menos indignos dela de dia para dia por nossa
piedade, nosso zelo e nossa dedicação. São esses os votos que formo no começo
deste ano por você, por seus irmãos e por todos nós. Necessito, bem
particularmente, de suas orações este ano, já que ele parece dever trazer
graves mudanças em minha posição; possam elas contribuir para a glória de Deus
e servir também para o bem de nossa cara família.
Todos os nossos irmãos unem-se a mim para oferecer-lhe seus votos e afeições de
ano novo. Nossa festa de São João realizou-se maravilhosamente; um certo número
de amigos da Comunidade tinham-se unido a nós, o Sr. Decaux entre outros; o Sr.
Baudon fora também convidado e teria vindo, se não tivesse prometido, antes,
almoçar com o Cardeal.
Vimos, estes dias, o Sr. Flour; ele está sempre decidido a vir fazer seu
noviciado logo que puder ficar livre. Obteve três Irmãs de caridade para cuidar
de seus mais novos filhos; ele espera estabelecer separadamente os maiores e
quereria que tomássemos conta deles; mas não pude prometer-lhe que teremos
condições, por muito tempo ainda, de dar-lhe essa colaboração; ele parece, no
entanto, decidido a unir-se a nós; há algum tempo, perdeu sua mãe, que era o
laço que o retinha ainda no mundo.
Toda a pequena família vai bem; o último que chegou, Sr. d’Arbois, acostuma-se
bem; ele deve, com um outro de nossos jovens irmãos, fazer seus estudos
eclesiásticos. Ainda não estamos decididos a respeito dos meios que tomaremos
para fazê-los chegar ao sacerdócio; fizeram suas humanidades, a filosofia
incluída, mas sobra a teologia; recomendo às suas orações esse assunto
importante para nós. O irmão alemão [Emes] vai muito bem até agora; anunciam-nos
mais um para o fim do inverno.
Adeus, meu excelente amigo, procuremos fazer com que o ano 1860 nos veja fazer
alguns progressos; estamos no caminho de perfeição, avançar sempre nele é uma
obrigação de nossa vocação. Possamos mostrar-nos fiéis a ela e corresponder aos
desígnios da divina Misericórdia a nosso respeito.
Abraço a você e aos nossos irmãos em Jesus e Maria.
Seu amigo e Pai
Le Prevost
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