Solicitude do Sr. Le Prevost por todos os seus
irmãos. Cada um deve contribuir para construir a união fraterna: o tesouro de
uma comunidade é a união dos irmãos entre si.
Vaugirard,
1o de janeiro de 1860
Caríssimos filhos em N.S.,
A multidão dos cuidados que sobrevêm nestes primeiros momentos do ano não me
permite, hoje, escrever a todos vocês separadamente, mas é bem assim, ao menos,
que os apresentei ao Senhor, suplicando-lhe que os abençoe, os cumule de
graças, encha seus corações de fervor, de zelo e de caridade. Tenho confiança,
caros filhos, que meus votos serão atendidos, pois partiam do fundo de minha
alma e era com um amor de pai que os levava até aos pés de Deus. Agradeço-lhes,
caros filhos, por suas boas cartinhas, li-as com alegria e encontrei nelas a
expressão de uma cordial afeição; alegro-me muito por isso, pois aí está o
tesouro de uma comunidade: a união dos irmãos entre si. Não a guardamos sem
dificuldade, eu sei, pois cada um tendo seus defeitos exerce a paciência dos
que o cercam, e precisa-se de uma virtude verdadeira para que a caridade não
sofra com isso; mas aí está precisamente o mérito e o sacrifício agradável a
Deus. Pensemos nisso, cada um de nosso lado, caros filhos; todos vocês estão
animados de um bom desejo e, no entanto, não é possível que não se dêem muitas
vezes, uns aos outros, alguma ocasião de exercer o suporte mútuo; ofereçam essa
mortificação ao Senhor, ela será mais agradável do que qualquer outra a seus
olhos e atrairá sobre vocês e sobre suas obras abundantes bênçãos.
Embora não lhes escreva, caros filhos, tantas vezes como gostaria, não cesso de
olhar para vocês e de procurar constantemente diante de Deus tudo o que me
parece ser-lhes possivelmente útil. Continuarei mandando muitas vezes algum de
nossos irmãos antigos para visitá-los, encorajá-los e, se fosse preciso, para
melhorar os pontos que os fariam sofrer. Se eu mesmo estiver um pouco mais
forte após a estação ruim, dar-me-ei a alegria de vê-los no meio de seus
trabalhos e nos exercícios de sua vida de cada dia. Não cansem, caríssimos
filhos, de me escrever de vez em quando, e tenham certeza de que suas queridas
cartas sempre me causam uma verdadeira satisfação.
Todos os nossos irmãos apresentam-se à sua lembrança e lhes fazem mil votos
para o ano novo; todos comungaram nesta manhã, e os irmãos de Amiens não foram
esquecidos por eles, nem por mim.
Adeus, meus bem-amados filhos, abraço-os cordialmente em Jesus e Maria, e peço
a Deus Pai, Filho e Santo Espírito para abençoá-los e mantê-los sempre unidos a
Ele.
Seu amigo e Pai
Le Prevost
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