O Sr. Le Prevost escreve após uma carta do Sr.
Bulfay ao Sr. Halluin, junto a quem ele solicita um emprego na Obra de Arras.
Vaugirard,
1o de janeiro de 1860
Caro Senhor padre,
Não quis recusar ao nosso ex-irmão Claude [Bulfay] a consolação que me pede de
escrever-lhe ou, antes, de deixá-lo escrever a carta anexa. Nem iria opor-me,
além disso, ao fato de você tomá-lo provisoriamente para experimentá-lo, como
jardineiro ou para serviços gerais, sem comprometer-se a mais nada, a não ser
que ele lhe dê, mais tarde, plena satisfação. Não o despedimos, mas como ele
tem a cabeça pouco firme e que a idéia lhe voltava muitas vezes de fazer uma
experiência em outra
Comunidade, o pegamos na palavra e favorecemos sua entrada
nos Lazaristas. Desde a sua chegada ali, sentindo-se mantido à distância por
esses Srs. da Missão, tendo poucos exercícios religiosos e quase nenhuma vida
de comunidade, só chora e me fez pedir vinte vezes para aceitá-lo de novo. Não
acho, pelo exemplo, dever readmiti-lo em Vaugirard. Acho
que ele seria de alguma utilidade para você. É jardineiro mais ou menos
bom, sabe organizar bastante bem um jardim e empenha-se no que faz. É, de
resto, uma verdadeira criança, pelo caráter; é preciso guiá-lo, ele se deixa
conduzir, sabendo bem que seu caminho é desse jeito. Falta totalmente de
instrução e de educação, anda desajeitado e não contribui, conseqüentemente,
para o bom aspecto de uma comunidade. Mas tem o coração simples e reto, uma fé
sincera, um desejo verdadeiro e constante de se santificar fora do mundo. Tem
costumes regulares e o controle de si; só que, sendo afetuoso, é levado a fazer
às crianças carícias, inocentes sem dúvida, mas sempre proibidas em casas como
as nossas. É por esse motivo, principalmente, que o vimos sair sem pesar.
Pode-se pensar que a provação que ele acaba de sofrer lhe terá servido de
lição. Todavia, não garantiria isso, porque, não achando em si má intenção a
esse respeito, ele não é bastante atento para evitar as ocasiões e manter-se
firmemente com as crianças. Sob seus olhos, em casa, acho que ele iria bem;
mas, se estivesse habitualmente sozinho no jardim com as crianças, poderia
recair nesse defeito que muitas vezes lhe censuramos.
Aí está, caro Senhor padre, o pró e o contra; veja se você encontra o lugar
dele em sua casa sem nenhum inconveniente. A misericórdia me levou a deixá-lo
escrever-lhe; mas devemos, antes de tudo, procurar o bem da obra que Deus nos
confiou. Também não sei se ele poderia facilmente ficar fora da comunidade para
os exercícios, tendo-os acompanhado muito tempo. Tudo isso pede atenção. O
irmão Alphonse [Vasseur] poderia dizer-lhe sua impressão a esse respeito.
Abraço-o, caro Senhor padre, em J. e M.
Le Prevost
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