Resposta a uma inquietude do Sr. Halluin no
tocante ao apego da Congregação à sua obra. Construção do grande edifício do
Orfanato. A melhor provação para nós é a que Deus nos envia. Correspondência
direta dos irmãos com o Sr. Le Prevost.
Vaugirard,
21 de janeiro de 1860
Caro Senhor padre e filho em N.S.,
Agradeço-lhe pelas informações que teve a bondade de me transmitir sobre o
jovem Perret. Concordam plenamente com a opinião que eu me tinha feito desse
pobre menino. Penso, como você, que a vida de comunidade não lhe conviria e que
estaria, sobretudo, fora de seu lugar entre nós.
Devo ter dado explicações muito mal elaboradas, caro Senhor padre, se pude
deixá-lo pensar que a casa de Arras era uma sobrecarga para nós. Bem longe disso,
essa obra nos parece sempre do maior interesse e acreditamos que concorrermos
um pouco para ela deve ser uma fonte de bênçãos para nós. Só que o pensamento
que não podíamos dar-lhe senão uma ajuda muito insuficiente, tem sido
constantemente uma pena para nós. Vendo-o, em último lugar, recorrer a um meio
do qual eu tinha tentado, repetidas vezes, dissuadi-lo, como devendo complicar
deploravelmente os elementos de seu pessoal, entendi, mais vivamente ainda,
quanto mal-estar a situação de sua obra devia comportar e acreditei, com todo o
nosso Conselho, que era para nós uma obrigação de consciência pensar
definitivamente em dar-lhe um apoio mais eficaz ou procurarmos com você outros
meios menos fracos que os nossos.
Mas, tenha certeza, caro Senhor padre, que iríamos deter-nos nesse pensamento
somente em última análise e que a necessidade de separar nossos interesses dos
seus seria para nós uma pena profunda, um verdadeiro rachar. Isso lhe diz com
bastante clareza que sempre esperamos que isso não aconteça.
Vamos aqui como de costume, terminamos pouco a pouco nosso grande edifício.
Espero que cubramos, umas após outras, as despesas, mas fico apavorado,
pensando na instalação e sobretudo nos novos cargos de manutenção que resultarão
desse novo local .
O Sr. Myionnet está em Amiens até segunda-feira cedo, para instalar o irmão que
tivemos de mandar para substituir o Sr. Marcaire muito esgotado. É o irmão
Desouches, não estamos vendo outro. Para você, ele teria sido bem insuficiente.
Só poderia ter-se ocupado com as crianças, não tendo o costume de tratar com
grandes jovens. Ele tem também desconfianças de si mesmo, que prejudicam muitas
vezes sua atuação.
Desejamos muito trazer de volta para cá o irmão Thuillier, mas, neste momento,
os meios de substituí-lo nos faltam. Tenderemos a isso, porém, entendendo que
haveria vantagem nessa mudança. Submetamo-nos, caro Senhor padre, à cruz que o
Senhor nos impõe nesta penúria de nossos meios, talvez valha mais ainda esse
sofrimento do que muitos outros. Ele deve, aliás, nos parecer bom em todo o
caso, já que nos é imposto pela adorável vontade de nosso Soberano Mestre.
Adeus, caro Senhor padre, abraço-o bem afetuosamente em N.S., e sou como sempre
Seu respeitoso amigo e Pai
Le Prevost
P.S. Fique bem tranqüilo sobre as poucas cartas que poderiam, de longe em
longe, vir a mim diretamente. Confie na palavra que lhe dou: elas nunca prejudicarão
o respeito e a afeição que têm seus irmãos para com você. O primo do irmão Jean
[Maury] só deve chegar, achamos, no início de fevereiro.
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