Necessidade
de manter uma correspondência com o Superior. Notícias das obras.
Encorajamentos a confiar-se na graça de Deus.
Vaugirard,
13 de junho de 1860
Caríssimo
filho em N.S.,
Recebi
com alegria sua cartinha, cujo bom espírito e cujos sentimentos devotados são
tais como os esperava de você; não estava inquieto sobre suas disposições, caro
amigo, bem sei que se, às vezes, pequenas nuvens perturbam sua paz, elas são
sempre passageiras e deixam logo o lugar para a razão e sobretudo para a boa
vontade que é o fundo de seu interior. Mas não é somente para causas graves que
gosto de receber as cartas de meus filhos. Parece-me que, sem essas
comunicações íntimas, os laços da afeição se relaxam, a confiança diminui e a
abertura de coração torna-se menos fácil; é, portanto, de se desejar muito, caro
amigo, que você e nossos irmãos de Arras não percam o costume de me escrever de
vez em quando. Não
canso de receber pormenores sobre vocês, sobre seus exercícios e sua vida de
comunidade, sobre sua obra e sobre suas crianças; tudo isso me interessa vivamente
e estou mais em condição de cuidar daquilo utilmente quando posso acompanhar,
por suas cartas, sua ação ordinária e seus movimentos.
Aqui,
acabamos de terminar a grande tarefa da primeira comunhão, a confirmação virá,
em seguida será a adoração das Têmporas em julho. Todos os
nossos irmãos vão bem, os perseverantes estão firmes também; depois da saída do
irmão François [Le Carpentier], acharam-se um pouco abandonados, porque o irmão
Marcaire, encarregado, no seu lugar, de velar sobre eles, só pôde lentamente
conseguir influência sobre eles; começam a se reanimar; tudo irá bem, espero.
O
Sr. Myionnet acaba de cair doente há uns dez dias por sua dor de garganta
ordinária; está se restabelecendo. O Sr. Roussel está também, desde o mesmo
momento, atingido de uma erisipela que lhe deu uma febre violenta. Ainda está
sendo velado à noite, mas isso diminui sensivelmente; daqui a um certo tempo,
ele estará restabelecido.
Acho,
caro amigo, que você terá rezado muito por mim, por ocasião da ordenação; mando-lhe
um santinho em lembrança desse evento grave para todos nós. Você notará que
escolhi este santinho intencionalmente, para excitá-lo à confiança nas horas de
provação e de tentação. Como está vendo, na gravura, a pequena alma
representada pela pomba está num barco quase submergido, mas ela se volta para
o divino Piloto que a encoraja e lhe promete seu apoio. Faça assim, caríssimo
filho, grite para o Deus de toda pureza nos momentos difíceis, Ele o assistirá;
invoque a Santíssima Virgem, ela estará perto de você; depois, fuja as
ocasiões, tenha muita abertura com seu padre Halluin e seu confessor; enfim,
mortifique seus sentidos e a carne pelo trabalho e um pouco de penitência. Com
esse regime, todo cristão e todo religioso, Deus, Maria e os Anjos velarão
sobre você e o preservarão de todo golpe sério. Rezarei, de meu lado, bem
ardentemente com você, caro filho, mas com confiança, pois Deus é bom, você o
ama, você não vai querer traí-lo nem comprometer sua salvação; boa coragem!
elevemos nossos corações para o alto.
Adeus,
caríssimo amigo. Não tenho tempo hoje para escrever a nossos irmãos; eu o
encarrego de dizer-lhes todas as minhas ternas afeições por eles, vou
escrever-lhes também em breve.
Abraço
a você e a eles nos Corações sagrados de Jesus e Maria
Seu
amigo e Pai
Le Prevost
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