Ao irmão
Alphonse Vasseur pouco amparado do lado espiritual e privado do reconforto da
vida de comunidade, o Sr. Le Prevost dá seus encorajamentos. Conselhos para
combater as tentações contra a vocação. Em nosso Instituto,
padres e leigos não podem viver separados sem destruir nossa existência no seu
fundamento.
Vaugirard,
29 de setembro de 1860
Caríssimo
filho em N.S.,
Estivemos
hoje em peregrinação à capela de nosso Santo Padroeiro, São Vicente de Paulo;
ali, rezei bem particularmente por meu filho Alphonse, e acho poder esperar que
é com seu espírito e sob sua inspiração que respondo à carta que recebo de você
neste instante. Repito para você, meu filho, acredite na minha experiência, os
pensamentos que o apertam são uma pura tentação; a vida espiritual sofreu um
pouco em você desde que está longe de nós, os perigos de sua posição o abateram
um pouco, o demônio se aproveita disso para sugerir-lhe imaginações especiosas
para extraviá-lo e jogá-lo fora de seu caminho; preserve-se dessa armadilha e,
já que o Senhor, ouso dizê-lo, o avisa por minha voz, ouça-O e rejeite as
insinuações de seu mais cruel inimigo. Não haveria, caro filho, nem religioso
nem padre se fossem escutados todos os pensamentos que podem passar nos
espíritos nas horas ruins em que o demônio nos tenta e em que a má natureza
combina com ele. Você não teria ficado até hoje sensato, fiel às suas
obrigações, ao menos para o fundamental costumeiro, dedicado para o bem, se
Deus não o tivesse marcado para seu serviço; você tem uma vocação real; você
poderia desconhecê-la e quebrá-la, mas você assumiria a inteira
responsabilidade disso, pondo em risco certamente seu futuro temporal que Deus
não abençoaria e também, o que é mais terrível, seu futuro eterno.
A
situação em que você está tem perigos particulares; teria querido deixá-lo nela
menos tempo, mas não faço sempre o que quero; refleti mais particularmente
nisso nestes últimos tempos, espero chegar a certa combinação satisfatória para
o retiro; pense bem nisso diante de Deus para que Ele nos assista e, sempre,
sempre, cada vez mais neste momento, reze, caro filho, procure sua força e seu
socorro nele; se fizer assim, se recorrer a Maria, aos Santos Anjos, eu
respondo de você. Você me agradecerá mais tarde, se estiver dócil como tenho
confiança, por tê-lo tirado, neste momento, de uma situação ruim, e você
bendirá ao bom Mestre tão indulgente, tão misericordioso para com seus pobres
servos.
Não
respondo aqui, seria demorado demais, à sua alusão à decisão que tomei de
entrar no sacerdócio; seus pensamentos a esse respeito não têm a menor
aparência de fundamento; termino assim minha carreira porque tivera há muito
tempo vocação para isso e porque, pela experiência, vi que um Superior leigo
podia conduzir irmãos eclesiásticos somente pela metade, mas respondo que nada,
por isso, foi mudado em nossa constituição; não podemos, em nosso Instituto,
padres e leigos, viver separados, a natureza de nossas obras torna a ação dos
leigos indispensável em todo o lugar; prejudicar essa condição vital seria
anular-nos, destruir nossa existência no seu fundamento; o Sr. Lantiez e todos
os nossos irmãos que me cercam estão tão convictos disso como eu; refletindo
nisso, você não terá dificuldade para entendê-lo; tenha confiança neste ponto
como no resto, entregue-se a Deus, Ele o levará à destinação, quer dizer, para
a Comunidade, a uma constituição verdadeiramente apropriada às necessidades de
nosso tempo, e para você em particular, caro filho, a continuar sendo o que Ele
o fez, uma das pedras do edifício que Ele quer levantar para sua glória e para
a salvação de muitos.
Adeus,
caríssimo filho, abraço-o ternamente; espero de você uma carta, onde reencontre
o coração que a graça sabe muitas vezes inspirar bem e que sabe responder
a uma inspiração cristã, generosa e devotada.
Seu
amigo e Pai em Jesus e Maria
Le Prevost
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