A união com
a Obra dos Jovens Operários de Metz progride. O padre Risse deixou falar seu
coração, sua fé, sua caridade. Assuntos de meditação então adotados; usos da
Comunidade; necessidade do Noviciado; condições para os candidatos ao
sacerdócio.
Vaugirard,
4 de novembro de 1860
Caro
Senhor padre e filho em N.S.,
Dou-lhe
esse nome, já que você, bondosamente, o quer e que o Senhor parece aceitar
nossa união. Como lhe sou grato por sua carta e como ela deve alegrar nosso Pai
São Vicente de Paulo! Somos tão pouco acostumados, em nossa época, a encontrar
almas que falam com seu coração e deixam atrás de si a razão, que respiramos
com uma certa folga quando um grito de fé, de confiança e de pura caridade se
faz ouvir e lembra dias melhores; caro Senhor padre, nossas almas estão
totalmente em uníssono, sentimos, amamos, pensamos como você, nossas obras são
as suas, nosso caminho é o seu, tudo, para dizer a verdade, já é comum entre
nós; só tínhamos que nos estender a mão, a hora do Senhor já havia chegado; que
Ele seja bendito, somos irmãos desde já, sendo que nossos corações não são
senão um nele. Quanto aos detalhes de execução, irão com o tempo, o principal
está feito. Aquele que começa a obra providenciará seu acabamento; acho que
devemos caminhar doravante em plena confiança; sua carta me colocou com você à
vontade como se estivéssemos associados há dez anos.
Bem
determinado esse ponto, respondo a algumas perguntas de sua carta. Vou lhe
mandar daqui a pouco uma cópia de nosso regulamento; não tenho comigo uma que
seja bem legível, ele não está impresso até agora.
Tomamos
neste momento nossos assuntos de meditação em Couronne de l’année chrétienne,
2 vol. in-12, por Abelly, amigo e biógrafo de nosso Padroeiro São Vicente de
Paulo. A extrema simplicidade deste livro, sua clareza nas divisões, a
brevidade das matérias no-lo tornam cômodo e acessível para todos. Nosso livro
de leitura espiritual é habitualmente La Perfection etc. de Rodriguez.
Nossos
irmãos leigos dizem o Ofício da Santa Virgem, dividindo-o em três partes; duas
partes em voz alta em comum, a outra parte (vésperas e completas) em voz baixa,
por falta de tempo suficiente para dizê-lo em voz alta. Você tomará, para seus
jovens, o que puder do regulamento sem aborrecê-los, já que a liberdade lhe
faltará sem dúvida para assumir tudo.
Você
pensará como eu, acho, caro Senhor padre, que se, para você que suporta o peso
da obra dos Jovens Operários, etc., é difícil exigir um noviciado prolongado,
se deveria, para seus jovens, pedir uma preparação mais longa, a não ser que
haja obstáculos particulares para algum deles. Pareceria-me também muito
desejável que eles se dessem bastante francamente à Comunidade para que ela
pudesse dispor deles para o maior bem de nossas obras. Se tivessem, com efeito,
alguma vontade fixa de voltar todos para a obra de Metz, eles estariam fora dos
princípios da vida comum e poriam obstáculo à sinceridade como à eficácia de
nossa união; nunca, com efeito, haveria fusão séria entre os membros da família
se cada região guardasse seus elementos próprios, sem nada receber emprestado como
sem nada dar ao centro da Congregação. Por conseguinte, acharia bom que você
organizasse um pequeno postulantado junto a você, mas acreditaria sábio que
destacasse, um após outro, para mandá-los para o Noviciado, aqueles desses bons
jovens que lhe pareceriam bem resolvidos a se dar a Deus. Seríamos bem certos,
aqui, de poder substitui-los imediatamente por sujeitos bem formados? não
ousaria garantir isso absolutamente, faríamos ao menos o que dependeria de nós
para ajudá-lo.
Quanto
aos sujeitos em preparação para o sacerdócio, temos alguns meios que poderiam
ser utilizados por você em certos casos. Uma pessoa caridosa, querendo
favorecer esse lado de nossa Comunidade, nos fornece os recursos necessários
para fazer os estudos de alguns jovens sujeitos, seja para as humanidades, seja
para a teologia, com a condição que tiverem o pensamento de consagrar-se às
obras da Comunidade. Não se deveria muito aceitar os mais novos abaixo de
quinze anos. Se você tivesse alguns projetos nesse sentido seja para as humanidades,
seja para a teologia, você poderia levar em conta esse aviso, com a condição
que Monsenhor de Metz não colocasse obstáculo a que alguns jovens de sua
circunscrição se voltassem para as obras caridosas.
O
pensamento me veio que seria talvez bom que você pudesse ter uma promessa de
venda de sua casa, se ela lhe parece ter as conveniências desejáveis, promessa
realizável num determinado tempo, 3, 4 ou 5 anos, por exemplo. Pode acontecer
que, espalhando-se a notícia de sua união conosco, um pouco mais tarde,
aumentariam as exigências quanto ao preço; é, todavia, coisa a examinar e que
somente assinalo à sua atenção, sem querer levar a nenhuma medida precipitada.
Interrompi
várias vezes esta carta, tendo sido muito ocupado estes dias; eu a termino como
a comecei, bendizendo a Deus pelo afetuoso entendimento que Ele se digna pôr
entre nós; pediremos a Ele bem constantemente por você e pelos seus e
começaremos assim, na sua divina caridade, a doce união que deve nos consumir a
todos nele.
Acredite,
caro Senhor padre, em todos os meus sentimentos de cordial devotamento em Jesus
e Maria.
Seu
amigo e Pai
Le Prevost
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