Como,
salvaguardando os princípios essenciais da vida comum, o Sr. Le Prevost se
acomoda às necessidades do momento. Antes de tudo, a abnegação de si mesmo;
oferta de enviar um visitante oficioso. Não se preocupar dos recursos
materiais.
Vaugirard,
26 de novembro de 1860
Caríssimo
Senhor padre,
À
medida que avançamos e que nossas comunicações nos aproximam mais, felicito-me
cada vez mais pelo bom movimento que o voltou para o nosso lado; por isso, bendigo
a Deus que é princípio desse movimento e vejo nisso mais um testemunho de suas
bondades para com nossa pequena família. Fico comovido, em particular, por sua
abertura de coração, por sua boa vontade tão manifesta, pela simplicidade
profundamente cristã com a qual você entra em nós. Tenha boa
certeza de que o pagamos de volta, não estaremos devedores, em afeição, cordial
franqueza e dedicação a você e à sua obra, que consideramos doravante como
nossa, já que é como uma parte de seu ser. Por isso, tudo o que você puder
almejar de espírito conciliador, de consideração pelas necessidades de sua
posição, você o encontrará como tem direito de esperá-lo; devemos salvaguardar
os princípios essenciais da vida comum, mas, admitidos esses princípios,
saberemos nos acomodar na prática, na medida em que o bem das obras o pedir.
Quer dizer também que teremos todas as deferências possíveis para as afeições
de família e os deveres que a Providência lhe impôs manifestamente. Não vejo,
caro Senhor padre, em tudo o que me escreveu, o mínimo obstáculo sério; uma
coisa domina tudo e me dá esperança acima de tudo: seu bom desejo e sua franca
abnegação; quem traz consigo disposição igual mostra que vem em nome de Deus,
os braços se devem abrir para recebê-lo; é o que faço nesta hora, caríssimo
Senhor padre: abro bem largamente meus braços e meu coração, assegurando-o de
que todos entre os nossos estão unânimes comigo.
Acho
muito bom o regulamento de seus pequenos exercícios, será o começo de sua
entrada em
Comunidade. Seria agradável para você, esperando o
momento ainda afastado de sua viagem a Paris, que um de nossos irmãos
eclesiásticos, o padre Lantiez, por exemplo, que se sente grande simpatia por
você, fosse, sem barulho, é claro, fazer-lhe uma pequena visita? Ele
fraternizaria com você e com seu pequeno círculo íntimo, lhe daria tais
informações que lhe pareceriam úteis e talvez traria consigo, na volta, o bom
sapateiro que você oferece nos mandar. Acho que essa disposição não seria sem
vantagem e se, discretamente, não se desse à vinda de nosso irmão outra
importância exterior que a de uma visita de amigo e de confrade em patronato,
ela não teria para sua roda, não íntima, significação que despertasse a
curiosidade. Veja, todavia, caríssimo Senhor padre, o que acha dessa idéia que
me passa pelo espírito enquanto lhe escrevo e que enuncio sem grande exame. A
respeito do bom sapateiro, se tem piedade, dedicação real e o indispensável das
qualidades para a vida comum, tenho muita confiança de que vai se acostumar
entre nós. Temos um irmão alemão [Emes] que nos veio de Cologne, há alguns
meses, e que é um excelente sujeito. Falarão alemão juntos; temos também uma
pequena oficina de sapataria funcionando bem, composta de algumas crianças boas
e dóceis, ele poderá dirigi-las.
Acho,
caro Senhor padre, que você não tem que se preocupar muito com as questões
materiais. Quando tiver chegado para você o momento de viver com alguns irmãos,
você se acomodará dos recursos que estiverem melhor à sua disposição e, pouco a
pouco, a boa Providência, em cujo cuidado você jogar-se-á, saberá fornecer-lhe,
dia após dia, os elementos que melhor convierem à sua situação. Não tenha
preocupação também pelos recursos necessários à subsistência da comunidade;
tenha boa certeza de que, em tempo oportuno, o bom Mestre suscitará tudo o que
lhe for necessário por caminhos que Ele sabe e que sua bondade paterna lhe
mostrará. Você sabe o que Ele disse aos apóstolos ao enviá-los; Ele ainda fala
a mesma coisa a todos aqueles que, em seu nome, evangelizam os pobres e se
dedicam desinteressadamente à salvação de seus irmãos. Os recursos de
existência de nossas cinco comunidades são diversos, mas nenhuma tinha melhores
condições do que as em que você se encontra e nenhuma faltou alguma vez do
necessário; vá, portanto em confiança e diga como São Francisco: Temos uma mãe
(a Comunidade) que é bem pobre, mas temos um pai (Deus) que é bem rico. Ele
terá para você, conte com isso bem firmemente, todas as riquezas de que você
precisar, quer dizer o necessário e a alegria de coração que se encontra no seu
serviço.
Adeus,
caro Senhor padre, acredite em todos os meus sentimentos de terna afeição em
N.S.
Seu
amigo e Pai
Le Prevost
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