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Jean-Léon Le Prevost
Cartas

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  • Cartas 701 - 800 (1860 - 1861)
    • 745 - ao Sr. Baudon
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745 - ao Sr. Baudon

Dissentimento persistente com a Sociedade de São Vicente de Paulo. O Sr. Le Prevost vai celebrar a Missa, no relicário de São Vicente de Paulo, para tornar mais fácil a solução da disputa.

 

Vaugirard, 7 de fevereiro de 1861

 

Senhor Presidente Geral,

 

Estou vivamente entristecido pela pena que você parece ressentir a respeito das disposições que tratava-se de resolver entre nós concernente às casas de Nazareth e de Notre-Dame de Grâce. Sinto-me na urgência de dizer-lhe que não desconheci suas intenções em nenhum instante, estive associado de perto demais à ação da Sociedade de São Vicente de Paulo para ignorar qual nobre e reto espírito preside constantemente à sua direção; portanto, não pensei, de maneira alguma, Senhor Presidente, que a preocupação de vantagens materiais fosse seu motivo na discussão que se levantou entre nós; acreditei sinceramente, e sempre acredito, que você tinha em vista somente o bem das obras e a união de nossas forças para procurar a glória de Deus. Mas, permita-me assegurá-lo ainda de que estou, com todos os meus irmãos, nos mesmos sentimentos e que acreditei tender a esse fim nas propostas que tive a honra de lhe submeter. Não posso aceitar a decisão que você me notificou no dia 4 deste mês, já que ela não parece dar-lhe satisfação e que ela tende, com efeito, a dividir mais as posições entre nós, longe de realizar uma mais íntima aproximação. Continuo, portanto, disposto a buscar de novo em toda cordialidade alguma combinação que possa melhor concordar com seu ponto de vista. Acho, Senhor Presidente, que matizes bem fracos separam suas opiniões das nossas. Não acho que a co-propriedade entre nós dos imóveis em questão seja um meio feliz, porque ela me parece uma causa constante de embaraços, de conflitos e de dificuldades, mas achava sinceramente dar seu equivalente por minha proposta. Não entendo reproduzi-la aqui, renunciarei a ela se você a recusar definitivamente; no entanto, parecia-me que, se a Sociedade de São Vicente de Paulo, terminando o que tinha começado para completar a fundação de Nazareth, por exemplo, tivesse sido garantida por nós de um reconhecimento regular, constatando que ela tinha concorrido por uma importância de (suponho 140.000f, não tendo documentos precisos, mas somente aproximativos), ela teria, mesmo sem hipoteca, sido realmente co-proprietária, sendo que essa importância representa mais ou menos a metade do valor do imóvel. Ela teria tido, por isso mesmo, uma garantia da constância de nossa associação, pois como uma Comunidade pobre como a nossa poderia, sem se reduzir ao perigo extremo, reembolsar uma tal importância, tendo ainda, ao mesmo tempo, de fornecer também indenizações para a casa de Notre-Dame de Grâce?

 

A associação assim firmemente assentada e garantida, os interesses continuavam sendo comuns sem que houvesse, porém, nos laços essa contextura absoluta que poderia amedrontar, parece-me, ambas as partes igualmente. Ficava, é verdade, nessa solução, uma pequena vantagem de posição para a Comunidade e é, na verdade, o único motivo de minha insistência a esse respeito; mas não foi ela preparada pela Providência? não é uma sorte de balança, talvez indispensável na condição subordinada e dependente que temos escolhido, enfim, não teria ela, em sentido contrário, uma larga compensação no enorme crédito que deixávamos pesar sobre nós? Essas observações não visam, repito, Senhor Presidente, reproduzir outra vez a combinação que eu tinha proposto, mas mostrar, num espírito de conciliação, como ela estava bem pouco longe de suas vistas ou, para melhor dizer, como ela podia facilmente realizá-las.

 

Ouso pedir-lhe, Senhor Presidente, quaisquer que sejam as combinações a intervir definitivamente, para levar em conta as dificuldades de nossa posição. Temos, no espírito da época, no enfraquecimento da , nas desconfianças do clero, obstáculos quase insuperáveis; nossos encargos são esmagadores: 20 jovens de 20 a 30 anos estão no Noviciado em Vaugirard e, para serem formados, instruídos, moídos nos sacrifícios, pedem cuidados, penas, recursos que só imperfeitamente estamos conseguindo. Não seria bom que a Sociedade de São Vicente de Paulo, para a qual temos sobretudo desejado trabalhar, nos estendesse a mão, em lugar de procurar, sem razão, com certeza, garantias contra nós? Espero, Senhor Presidente, que o Sr. tenderá para esse parecer. Em todo o caso, desejo vivamente, repito, que encontremos, para a questão entre nós posta uma solução satisfatória para ambas as partes, e continuo disposto totalmente a procurá-la de novo de acordo com você. Não pensei que a entrevista proposta por uma de suas cartas, Senhor Presidente, fosse presentemente um meio bem vantajoso, porque, no que me diz respeito, estou fisicamente fora de condição para sustentar uma discussão, e porque me parecia bem difícil evitar assim choques que, com grande dificuldade, pudemos afastar numa correspondência; mas sinto como você, Senhor Presidente, a necessidade de relacionamentos mais freqüentes entre nós para concertar nossa ação em nossas obras comuns. Proporei, portanto, que os Srs. Myionnet e Lantiez, que me assistem mais constantemente, tivessem todos os meses ao menos algum colóquio regular com o Sr. Decaux, ou mesmo com você quando o julgaria possível; eu iria, de meu lado, quando minha saúde, sempre mais fraca, não me impediria. Enfim, Senhor Presidente, eu proporia ainda que, num dia próximo, escolhido por você, fossemos, você, o Sr. Decaux e aqueles de nossos Confrades que você acharia dever levar à Capela de São Vicente de Paulo, onde alguns de meus irmãos estariam igualmente. Eu ofereceria ali o Santo Sacrifício, rezaríamos, comungaríamos juntos; acho que essa aproximação na caridade do Salvador e sob os olhos de nosso pai São Vicente, revivificaria, cimentaria nossa união e tornaria mais fácil, em seguida, a solução dos penosos desentendimentos que nos entristeceram de ambas as partes.

 

Continuo sendo, Senhor Presidente, com uma sincera e respeitosa afeição,

 

Seu humilde servo e irmão em N.S.

 

                                   Le Prevost

 




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