Resposta a
uma carta que o Sr. Le Prevost redescobriu muito tempo depois. É a caridade que
dissipa o desânimo. Sustentar o bom combate. Suporte dos defeitos.
19
de março [1861], São José
Caríssimo
amigo e filho em N.S.,
Você
me escreveu, há um mês, num momento de tristeza e de desânimo, para me dizer
sua pena e procurar perto de mim um pouco de consolação. Deus permitiu, caro
amigo, que sua carta não me seja conhecida senão há dois ou três dias; eu a
deixei sem resposta, portanto, e você deve ter ficado triste pelo aparente
esquecimento em que eu o deixava nessa pequena provação; não era nada disso e
essa negligência foi totalmente involuntária. Não me tendo encontrado no meu
quarto, quem me trazia sua carta a colocou numa caixa colocada perto da porta,
mas abro raramente essa caixa. Assim ela ficou sepultada durante um mês, e é
por um certo acaso que a achei enfim. Deus quis, sem dúvida, caro amigo, que
você tivesse apenas nele sua consolação; espero que, por isso, ela terá somente
sido melhor e mais eficaz, pois, quando o Senhor mesmo toma em mãos as coisas,
pode-se ter a certeza de que elas não ficam imperfeitas.
Receberei
com alegria uma cartinha sua que me anuncie que você recuperou bem depressa sua
tranqüilidade e que essa nuvem se dissipou com o calor da divina caridade.
Acho
que vocês fazem um pouco em casa o mês de São José; nós o festejamos da melhor
forma possível hoje em Vaugirard; pena que não estejamos todos reunidos! Com o
tempo, os encargos de cada um tornam-se tão pesados que se tem menos liberdade
e que é mais difícil encontrar-se todos juntos. Você sente melhor do que
ninguém em casa todos esses sacrifícios de cada dia, mas você não esquece, caro
amigo, que é por isso mesmo que Deus nos abençoa e que é por aquilo, sobretudo,
que estamos agradáveis a seus olhos. Que esse pensamento o encoraje em suas
dificuldades, em suas contrariedades, no suporte quotidiano dos defeitos dos
outros e dos seus próprios; tudo isso é o bom combate; os que o tiverem bem
sustentado terão no fim a palma dos vencedores. Vamos, portanto, sempre para
frente, meu caro Henry, os dias passam, os anos fluem, a hora do descanso e da
paz virá; assim é que nosso divino Salvador e modelo, Jesus Cristo,
entrou na sua glória; vamos corajosamente atrás dele para chegarmos ali onde
seu amor nos espera. Adeus, caríssimo amigo, veremos no retiro (segunda
quinzena de abril) se é possível, como espero, mandar-lhe um jovem irmão; tenho
também sempre o desejo de ir visitá-lo na primavera. Abraço a todos bem afetuosamente.
Seu
amigo e Pai em N.S.
Le Prevost
Boa
lembrança da minha parte à Senhorita Adélaïde.
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