Unidade de
visão e de sentimentos com a obra de Metz. Laço da caridade:“possamos acender
em toda a parte o fogo divino”. Vantagem do retiro anual. Frutos das festas
pascais nas obras. Utilidade das pequenas associações de piedade.
Vaugirard,
9 de abril de 1861
Caríssimo
Senhor padre e filho em N.S.,
Há
vários dias, quero responder à sua última e boa carta, os transtornos contínuos
me impedem de fazê-lo. Hoje, passo por cima de tudo, não querendo deixar-lhe a
impressão de que a gente esquece em casa e que sua sincera e cordial afeição é
mal reconhecida. Longe disso, caríssimo amigo, agradeço a Deus, cada dia, por
nos ter aproximado, e peço-Lhe para cimentar cada vez mais nossa união; tenha a
certeza absoluta de que, de nosso lado, faremos tudo o que depender de nós para
torná-la ao mesmo tempo íntima e frutuosa para o bem. Os dois bons meninos que
você nos enviou começam felizmente a execução desses desígnios caridosos;
formam-se sensivelmente e sempre nos dão boa esperança para o futuro;
acostumam-se bem, aliás, entre nós e já estão aqui como se sempre tivessem
vivido neste lugar. É que, no fundo, caro Senhor padre, após um pouco de tempo
necessário para acostumarem-se com novos lugares e novos rostos, reencontraram
entre nós o mesmo espírito, as mesmas obras, o mesmo tipo de pensamentos e de
sentimentos que aqueles em que viviam em Metz; era a caridade que os havia
atraído perto de você, espero que seja a caridade que os sustenta entre nós; a
caridade! que palavra e que realidade, caríssimo amigo, e como o bom Mestre fez
um lindo presente ao mundo, quando veio trazer esse fogo divino; possamos,
segundo seus desígnios, acendê-lo em todo lugar em seu nome ao nosso redor!
Se
os dois outros jovens amigos que você nos destina guardarem sempre suas boas
resoluções, uma ocasião próxima pareceria favorável para realizá-las.
Teremos,
no dia 21 deste mês, um retiro de alguns dias que nos será dado por um Ro Pe.
Jesuíta [Ro Pe. Vézières] muito benevolente para conosco, e que tem
um notável talento, ao mesmo tempo que muita piedade. Já, num outro ano, veio
dar-nos o retiro durante cinco dias, ficamos encantados; não havia cansaço
nenhum para ninguém, de tão clara, viva e cativante é sua palavra. Um pequeno
retiro desse tipo é um bom começo e, desde a chegada, coloca bem nas
disposições que fazem amar o serviço de Deus. Você julgará, todavia, caro
Senhor padre, e seus bons jovens verão, eles mesmos, se nada se opõe a se
organizarem para este momento; sei bem que uma saída é coisa sempre um pouco
difícil e que, muitas vezes, não se pode efetuá-la no momento preciso; Deus
proverá, se for sua santíssima vontade.
Acho,
caro Senhor padre, que você terá tido, como nós, abundantes consolações em sua
obra no tempo da Páscoa; parece que, neste ano, o Senhor tenha querido consolar
seus servos nas tristezas que lhes causam as provações dolorosas da Igreja, sua
Mãe; todos os nossos patronatos e o conjunto das obras que nos são confiadas
tiveram, após os retiros, verdadeiros frutos de bênção. Vi com alegria que seus
jovens também trabalharam da melhor forma possível para ajudá-lo e prepararam
com zelo e perseverança um bom número de adultos para a primeira comunhão. Deus
lhes retribuirá certamente o que fizeram por Ele.
O
meio adotado por você, das pequenas associações de piedade, é excelente; com
esse núcleo de sujeitos de elite, se conduz todo o resto, se faz para si
agentes dedicados, sustenta-se e se eleva o espírito da obra; prosseguindo,
você alegrar-se-á cada vez mais por ter consagrado a esses bons jovens alguns
cuidados particulares; seu próprio progresso será sua primeira recompensa.
Permaneçamos
bem unidos pela oração, caro Senhor padre; apesar de tudo o que fazemos, nossas
correspondências não nos deixam acompanhar, senão bastante imperfeitamente,
nossos movimentos respectivos, mas no Coração do divino Salvador, tudo se vê,
tudo se sente, pois, na medida em que cresce a caridade, entra-se mais nessa
santa inteligência das almas que se entendem sem movimento nem muito barulho de
palavras. Espero que já estejamos um pouco assim pela confiança e pela afeição
recíproca. Continuo nesses sentimentos, caro Senhor padre.
Seu
todo devotado amigo e Pai em Jesus e Maria
Le Prevost
N.B.
Você me pediu, em uma de suas cartas que me recai na vista, se um jovem
eclesiástico poderia, dado o caso, ser capelão dos órfãos em Metz. Eu não veria
impossibilidade nessa combinação; estamos presentemente bem poucos, tenhamos
confiança no futuro.
Temos
imaginado confiar uma pequenina classe aos jovens Guichard e Bosmel, pensando
que, ao ensinarem, aprenderiam; eles se dão bem com isso.
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