Difícil
mudança de pessoal. Retrato do irmão Guillot. É preciso fortalecer a autoridade
dos vigilantes. Utilidade de uma associação piedosa para os maiores.
Necessidade de uma visita do Sr. Planchat em Grenelle para confundir as
calúnias espalhadas contra ele.
9
de junho de 1861
Caro
Senhor padre e filho em N.S.,
Tinha
ficado persuadido de que o Sr. Houriez devia ir à sua casa; no entanto, uma
palavra dita de passagem numa carta do Sr. Planchat me tinha suscitado uma
dúvida, mas ela tinha apenas enfraquecido a primeira impressão de certeza sobre
a entrada do Sr. Houriez; desde então, não me tinha apressado tanto, talvez,
como a situação o pedia, para mandar-lhe socorro. Havia também certo embaraço
de dar-lhe o sujeito que estava necessário na situação. Reflexão bem feita, nos
parece que o irmão Guillot Henry, que está em Amiens, poderia ser aquele que
lhe conviria melhor. O Sr. Lantiez saiu hoje, domingo, para Amiens, a fim de
saber com certeza se o Sr. Alphonse [Vasseur] está bem sucedido e pode fixar-se
ali; se for assim, como espero, o irmão Henry partirá imediatamente para Arras.
É um irmão firme, dedicado, simples e reto na sua intenção, corajoso e piedoso.
Tenho confiança de que poderá fazer muito bem em Arras. Ama a ordem e a
disciplina, mas o Sr. Lantiez lhe recomendará de insistir nesse ponto apenas na
medida em que for de sua vontade; ele é dócil e disposto à obediência, vai se
conformar às suas instruções.
Estou
persuadido, como o Sr. Planchat, de que a disciplina, tal como se observa sob
sua própria vigilância, é suficiente e a melhor que se possa desejar, porque é
comandada pelo respeito, a gratidão que você inspira às suas crianças, e também
pela dependência absoluta em que estão de você. Mas não se poderia esperar que
um sentimento e uma disposição iguais se encontrem nelas para com um irmão ou
vigilante leigo ou até eclesiástico, qualquer que seja; é preciso, portanto, ou
resignar-se a ter uma disciplina imperfeita, uma submissão de cordialidade e
não muito tranqüilizante para você mesmo para com esse vigilante, ou tender a
confirmar bastante a autoridade dele para que tenha valor e efeito suficiente;
nisso, não há ponto intermediário, e, se não cuidarmos, tornaremos a encontrar
incessantemente as mesmas dificuldades, quaisquer que sejam os sujeitos que
possamos mandar. Acho que, se fosse feita para os maiores, como se faz para os
alunos, uma pequena associação piedosa, e que os mais seguros e os melhores
fossem empregados para ajudar nos serviços e vigilâncias, se poderia tirar
grande partido dela; não há uma só de nossas obras que não encontre nesse meio
preciosos recursos. As crianças ou jovens, eles mesmos, saem ganhando, tomam
mais consistência e maturidade; a presença do Sr. Planchat poderia ajudar a
experimentar esse socorro.
Desejo que, imediatamente após a chegada do
irmão Henry, o Sr. Planchat venha fazer uma aparição de alguns dias em Grenelle,
após os quais ele se apressará para voltar à sua casa; sua ausência deu origem
a mil suposições e boatos absurdos; de início, não dei atenção alguma a isso,
desprezando essas miseráveis fofocas, mas de tantos lados seus amigos se
inquietaram, de tantos lugares se preocuparam com isso que, unanimemente, me
pediram para chamá-lo de volta momentaneamente a fim de mostrar aos maus ou aos
espíritos crédulos que ele estava realmente, como ele o disse, em Arras e em
Amiens para fazer ali algum bem. Mesmo no Arcebispado, pediram a um dos
vigários, o Sr. Rembouillet, para me dizer que veriam com prazer o Sr. Planchat
reaparecer ao menos alguns instantes em Grenelle; os espíritos estando tão
dispostos, hoje, pela má imprensa, a acreditar toda imputação ruim contra o
clero, por absurda e privada de todo fundamento que pudesse ser. Procuramos de
onde podia vir esse boato insensato que nem a sombra de um pretexto podia
explicar; nos disseram que alguns subalternos da igreja são os seus primeiros
causadores. Não é talvez nada disso, mas pode-se ter certeza de que, quaisquer
que sejam, o Sr. Planchat lhes perdoará sem dificuldade e rezará por eles.
Penso que ele poderá estar entre nós para quarta-feira; dois ou três dias me
parecem suficientes para provar a todos que ele não está na cadeia e que goza
como sempre do respeito e da afeição de todos aqueles que o conhecem. O Sr.
Pároco falou dele afetuosamente no dia de sua primeira comunhão; o Sr. Roussel
fez a mesma coisa na reunião da Santa Família; eu achava que isso era suficiente,
mas o parecer contrário prevalece de todos os lados, devo me submeter a ele.
Adeus, caro Senhor padre, mil afeições a todos
os nossos irmãos e respeitoso apego para você.
Seu todo afeiçoado em Jesus e Maria
Le Prevost
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