Por ocasião do casamento de um de seus filhos.
Continuação da perseguição contra a Sociedade de São Vicente de Paulo.
Vaugirard,
5 de janeiro de 1862
Meu
excelente amigo,
Respondo-lhe
sem demora, em nome do Sr. Myionnet e no meu, à sua carta do dia 3 para
dizer-lhe toda a parte que tomamos no importante evento que alegrará em breve
sua casa. É-nos agradável termos, através dos anos, guardado toda viva e
sempre a mesma a velha afeição que nos une a você e que nos associa a tudo o
que pode lhe advir num sentido ou noutro, triste ou alegre, conforme nossa vida
se compõe aqui em baixo.
Parece-me,
meu bom amigo, e bendizemos com você ao Senhor por isso, que a parte do
contentamento superou a da pena em sua querida família; não esqueço seus dias
de provações, mas as graças e bênçãos foram superabundantes e você bem pode
constatar que a mão do Senhor foi generosa para com você. Você continuará até o
fim a ser-lhe fiel, sua vida cristã de sua juventude continuará tal na idade
mais avançada e guardará a tradição dos usos cristãos de sua família, a qual
será continuada por seus filhos. Não há nada melhor do que isso neste mundo, você
terá, assim, bem merecido diante dos homens e diante de Deus. Descrevendo assim
seu estado presente, exprimo também nossos votos para seu futuro e tenho a
confiança de que serão atendidos. Não nos limitaremos, de resto, a esses
sentimentos de bem cordial simpatia, rezaremos constantemente por você e pelos
seus, para o caro futuro casal todo particularmente. Não deixarei, quanto a
mim, de levar essas lembranças ao Santíssimo Sacrifício, feliz de ter esse
supremo meio de tornar eficazes minhas afeições. Tomei conhecimento, com o Sr.
Myionnet, de suas deliberações e decisões concernente a suas Conferências.
Penso com você que é preciso, neste triste naufrágio, juntar todos os destroços
da obra que se poderá salvar e tirar deles todo o proveito possível, aguardando
circunstâncias melhores. Não temos necessidade de dizer que consideramos a
ruptura da Sociedade de São Vicente de Paulo como um dos acontecimentos mais
tristes e mais ameaçadores de nosso tempo. O sentimento, não digo dos
católicos, mas dos cristãos, é unânime neste ponto. Acho que os antigos chefes
da Sociedade teriam desejado que, geralmente, as Conferências continuassem a se
reunir, manifestando seu apego ao Conselho Geral, mas havia falta de direção
para agir uniformemente. Cada um fez segundo sua consciência e como lhe pareceu
melhor, esperando que tudo resulte no bem, definitivamente, e que o Mestre
soberano dos homens e das coisas traga de volta a um bom fim uma perturbação
que se poderia dizer fatal.
Tudo
vai como de costume ao nosso redor. Não vejo nada interessante a lhe assinalar
naquilo que nos cerca.
Mil
respeitos à sua querida esposa para o Sr. Myionnet e para mim, diga também a
seus queridos filhos que eles têm sinceros amigos em Vaugirard.
Seu
velho amigo e irmão em N.S.
Le Prevost
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