Vantagem de
um equilíbrio entre a atividade das obras e os exercícios espirituais. Acordo
da confiança na Providência e da ação pessoal. Projeto de viagem a Metz.
Vaugirard,
11 de junho de 1862
Meu
caríssimo padre e filho em N.S.,
Queria
remeter ao irmão Georges [de Lauriston] ao menos algumas palavras para você;
queria também responder às perguntas que você me fizera, sem demora; não
realizei esses bons desejos; infelizmente, quantos bons propósitos ficam assim
sem efeito! Não procuro se há neste caso muita falha de vontade ou absoluto
impedimento, é, acho, uma mistura de uma e outra coisa; seja como for, recorro
à sua caridade para tudo tomar pelo melhor lado.
Examinei
uma a uma as perguntas colocadas em sua pequena folha; o Sr. Lantiez que falava
comigo a esse respeito, escreveu, em continuação ao nosso colóquio, a solução
que nos pareceria dever dar às suas observações; remeto-lhe, portanto, a folha,
pensando que ela responderá a seu modo de ver; se desejasse, sobre alguns
pontos, detalhes mais explícitos, com prazer eu os daria ampliados.
Fiquei
todo feliz pelo ar satisfeito do Sr. Georges, sua saúde se fortaleceu e sua
alma recobriu mais paz; atribuo esses bons efeitos ao regime sabiamente medido
da pequena comunidade de Metz, à fidelidade ao regulamento, enfim ao justo
equilíbrio que você procura manter entre a atividade das obras e os repousos
proporcionados pelos exercícios espirituais; procure continuar assim; toma-se
mal os interesses das obras quando se sacrifica demais ao movimento, se
sobrecarrega, não se toma o tempo de respirar; a respiração da alma, sabemos, é
a oração, sua comida é a palavra interior de Deus e a Santa Comunhão; cuide bem
que seus irmãos fiquem fiéis a esses apoios da graça e você fundará sua casa
num espírito de sabedoria e de piedade que lhe preparará um bom futuro.
O
Sr. Georges o terá informado de nossa situação; não vamos mal, no conjunto, o
Senhor é sempre para nós cheio de misericórdia; abandonemo-nos muito a Ele;
ajamos, mas sob seu impulso, e chegaremos a algum bom fim, melhor do que
teríamos ousado esperar. Assim fomos desde nosso começo, nos encontrando sempre
mais alto do que nosso alcance natural teria feito prever; é que à nossa
fraqueza se acrescentava a ajuda todo-poderosa de Deus.
Como
você vê em sua pequena nota, parece desejável que eu lhe faça uma pequena
visita; se o verão não me tirar o resto de minhas forças, estarei feliz em
realizar esse projeto; não conto, porém, com nada, de tão acostumado que sou
com as incapacidades de minha saúde.
O
Sr. Planchat se queixa de não ter podido obter uma palavra de resposta a várias
cartas que escreveu a você e ao Sr. Georges; se um ou outro entre vocês puder
escrever-lhe algumas linhas, será bom.
O
Sr. Braun vai bem, ele não tem grande hábito das obras, mas acabará tendo; ele
nos parece ser de coração simples e de boa vontade, combinamos bem até agora.
Sua obra dos Alemães ainda não se organizou muito, o que não depende só dele,
sem dúvida, mas acredito que se chegará, todavia, a algum bom resultado.
Adeus,
meu excelente amigo, ficamos-lhe aqui todos ternamente devotados como sempre, o
tempo só fará aumentar esses sentimentos, porque são fundados em N.S. e que
serão constantemente sustentados por essa chama que ele veio trazer sobre a
terra e que ele quer acender em todas as almas.
Seu
todo afeiçoado amigo e Pai
Le Prevost
Mil
afeições aos irmãos Georges e Paul [Luzier].
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