Aviso sobre
a comunhão freqüente e a disciplina necessária às crianças.
Vaugirard, 11 de setembro de 1862
Caro Senhor padre e filho em N.S.,
A
data335 desta carta foi inscrita como está nesta folha, mas parei nesse
primeiro movimento, tendo sido interrompido e em seguida, não tendo encontrado
um momento para me comunicar com você.
Devia
responder à carta que você me dirigia então e àquela que me escrevia de seu
lado o Sr. Planchat, relativamente aos pequenos dissentimentos que existem
entre vocês sobre dois pontos particularmente, a conduta espiritual e a
disciplina das crianças. Meu pensamento era nesse momento e continua sendo
ainda hoje que é preciso tender à conciliação, a fim de continuarem a fazer o
bem juntos.
No
que diz respeito à comunhão freqüente, parece-me que, ao menos, há motivos para
fazer uma tentativa prolongada que permita julgar definitivamente se esse
potente recurso pode ser vantajosamente aplicado em Arras, como se faz em
tantos outros lugares. A eficácia da comunhão para sustentar as crianças e
defendê-las contra as fraquezas de sua idade é admitida de modo bastante
generalizado para que se possa, sem temeridade, seguir esse parecer.
Quanto
à disciplina, entro de bom grado nas sábias temporizações e misericordiosas
condescendências de que se deve usar muitas vezes para com crianças cuja
primeira educação foi tão ruim quase para todos. Acho, porém, dever
confessar-lhe, caro Senhor padre, que não há nenhum dos que, segundo eu sei,
viram de perto a casa de Arras, que não tenha julgado que haveria algo a
melhorar desse lado. Acham unanimemente que, poupando demais os indivíduos,
você corre o risco de prejudicar o bem geral, que o nível espiritual e moral da
obra ficando extremamente baixo, ele não pode influenciar utilmente para a
reforma dos sujeitos que nela são admitidos, que, pelo contrário, os que entram
bons ou mais ou menos aceitáveis tornam-se nela logo ruins, ao passo que, com
hábitos de disciplina mais firmes e um sistema de depuração mais corajoso, se
levantaria o espírito da obra e esta daria bem mais frutos. Eu mesmo não
estudei de bastante perto as coisas para emitir um parecer preciso a esse
respeito; todavia, não posso deixar de pensar que a invariável opinião de todos
sobre esse ponto deve ter um grande peso. Examine diante de Deus, caro Senhor
padre, o que se poderia ter que fazer; você só procura o bem, você só pede a
luz, o bom Mestre não recusará nem um nem outra a seu humilde e dedicado servo.
Escrevo
uma palavra ao bom padre Planchat que, num primeiro momento, pode mesmo mostrar
um pouco de irritação, mas com o qual você pode contar, devido à retidão de sua
intenção, à pureza de seu zelo e a seu espírito conciliador. De resto, o retiro
que começará no dia 5 de outubro e que, para nós, dará ocasião a certa
aproximação, nos permitirá refletir mais amplamente sobre esse assunto.
Contamos, após esse retiro, nos reunir (os membros-sustentáculo da pequena
Congregação) para examinar os diversos pontos que interessam a Comunidade e
suas obras.
Recebi
uma boa carta do irmão Augustin [Déage]; ele se mexe e toma tanto exercício
quanto pode para restabelecer o equilíbrio em sua saúde. Como sua
constituição é muito vigorosa, tenho boa esperança de que sua indisposição não
dure muito tempo. Seu irmão entra nos Padres do Santíssimo Sacramento; essa
família é toda de Deus.
Abraço
você e todos os nossos irmãos do mais fundo de meu coração. Rezo todos os dias
no Santo Sacrifício para que o Espírito do Senhor esteja no meio de nós.
Tenhamos boa confiança, todos os outros, em nossa pequena família, rezam
comigo. Deus nos vê e nos ouve. Como esse pensamento é consolador e deve nos
dar confiança!
Seu
respeitoso amigo e Pai em N.S.
Le Prevost
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