É bom que
um seminarista não se misture mais diretamente às festas e aos negócios de sua
família. Ele pode favorecer a paz, por sua oração, sua missa, suas comunhões.
Vaugirard,
4 de novembro de 1863
Caríssimo
amigo e filho em N.S.,
Penso
como você que deve fazer tudo o que puder, para não se ausentar no momento em
que mal acaba de entrar no Seminário. Esses transtornos são tão nocivos à
piedade quanto aos estudos, todas as circunstâncias das bodas, mesmo em
famílias cristãs, são, aliás, sempre dissipantes, se não é mais, para
jovens, e parece-me totalmente conveniente que um seminarista se dispense,
enquanto pode, de tomar parte nelas. Enfim, acho que é bom que a família se
acostume a não vê-lo demais misturado a suas festas e negócios, quando a
caridade não o pede.
Quanto
às pequenas disputas internas de família de que você me falou, acho que a carta
que escreveu à sua tia é bem no sentido conciliador que era preciso tomar. É
bom, de resto, ver tudo isso um pouco de cima. Tenha certeza de que sua
intervenção por carta será melhor e mais eficaz do que poderia ser através de
uma ação pessoal e direta. Você correria o risco, estando no próprio local, de
descontentar uma ou outra parte. À distância, você guardará mais sangue-frio e
terá mais chance de ser ouvido. Evite cuidadosamente, caro amigo, eu lhe
recomendo isso expressamente, pôr alguma vez sua vocação na indecisão e
acolher, fosse por um momento, todo pensamento que lhe seria contrário. Seria
sugestão do demônio; uma vez constatado o apelo de Deus e efetuada a oferenda
de nós mesmos, o dom é irrevogável, não devemos alterar-lhe a integridade.
Lembre-se desta palavra, que é do Evangelho: Quem pôs a mão no arado, não deve
olhar para trás; e esta outra, mais decisiva e mais contundente ainda: Deixe os
mortos enterrarem seus mortos351. Portanto, dê conselhos conciliadores
e ajude na manutenção da paz, mas de cima, repito, sem perturbação e sem
distração dissipante para você. Sobra-lhe, para assistir os seus, a oração, as
missas e comunhões. Vá em espírito de fé, confie nesses meios poderosos
antes de confiar em cuidados e atenções exteriores cujo efeito, tomado
isoladamente, teria bem pouco resultado. Encontram-se em todo lugar, nas
famílias, as dificuldades pelas quais você se inquieta, são misérias inerentes
à natureza humana; muitas vezes aliás, alguma pequena crise traz alguma mudança
de que saem boas conseqüências. Peça a Deus, confie nele e espere muito de seu
apoio misericordioso. Unirei minhas orações às suas e acompanharei com você bem
cordialmente esses interesses que tocam em sua cara família e,
conseqüentemente, em suas mais íntimas afeições.
Adeus,
caríssimo filho, todos aqui o abraçam comigo nos Corações sagrados de Jesus e
de Maria.
Seu
amigo e Pai
Le Prevost
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