Projeto de
estabelecer em Angers uma obra para jovens operários. Para substituir “o apoio da
família ausente ou incompetente”. Estabelecer um Orfanato poderia também ser
encarado. Condições necessárias para bem colocar as fundações. Mas o
desenvolvimento da Congregação é,“de longe a mais interessante de nossas
obras.”
Vaugirard,
20 de abril de 1864
Monsenhor
e venerado Pai,
Sou,
com todos os nossos, profundamente comovido pela amável e paterna bondade com a
qual Sua Excia. quis carinhosamente cuidar do projeto de estabelecimento de uma
pequena colônia de nossa Congregação em sua cidade episcopal356. O
desejo de nos encontrarmos, enfim, bem perto de Monsenhor seria certamente a
razão mais forte para nos levar à realização desse pensamento. Este fica, no
entanto, ainda pouco preciso em nosso espírito, por causa da incerteza absoluta
em que estamos sobre a natureza da obra que poderíamos estabelecer e,
sobretudo, que almejariam nos ver estabelecer, para responder às necessidades
mais urgentes da região.
No
que nos toca, parece-me que, concentrando bem nossas forças, não nos seria
absolutamente impossível começar em Angers ou em outro lugar um estabelecimento
modesto no início e suscetível de tomar em seguida algum desenvolvimento. A
obra que gostaríamos mais de empreender seria uma obra de proteção ou patronato
dos jovens operários, seja de passagem em Angers para se aperfeiçoarem ali no
conhecimento de sua profissão, seja desprovidos de família e faltando,
conseqüentemente, de direção, de vigilância e de apoio. Dar um asilo honesto a
todos os que se sentiriam atraídos a viver perto de nós e sob nosso olhar,
atrair os outros a reuniões, exercícios e divertimentos, para encontrarmos, em
nossos relacionamentos com eles, a ocasião de exercer alguma influência moral,
religiosa, paterna e substituir, em uma palavra, o apoio da família ausente ou
incompetente, tal seria, a nosso ver, um dos melhores meios de sermos úteis à
classe operária, no momento mais crítico da carreira do operário. Temos em
Paris uma obra desse tipo que opera um grande bem.
Se
um estabelecimento igual fosse pouco apreciado ou pouco entendido em Angers,
poderíamos começar ali um orfanato.
Mas,
seja para esta última obra, seja para a primeira, não saberíamos pensar nela
sem termos alguns dados sobre os recursos e meios que se entreveria, seja para
estabelecê-las, seja para mantê-las. Se fosse questão de uma obra de jovens
operários, se poderia formar uma comissão de homens bem conceituados que se
constituiriam seus protetores, lhe criariam recursos, lhe assegurariam um firme
apoio? Se, pelo contrário, se devesse fazer um orfanato, que crianças deveriam
ser acolhidas, crianças do departamento ou da cidade, colocadas pelos
protetores ou por parentes, ou então pela administração? Quais seriam, em um ou
outro caso, os meios de fazer subsistir o estabelecimento? Afastados de Angers,
sem luzes sobre esses pontos essenciais, não nos adiantamos de nenhum
jeito, não certamente por indiferença, mas por falta de incitação suficiente
para nos determinar a uma diligência qualquer. Monsenhor teria, talvez, alguma
indicação e, sobretudo, alguns avisos a nos dar.
Em
outro ponto de vista ainda, estamos incertos: devemos particularmente ansiar
dirigir-nos para onde poderíamos esperar algumas vocações, pois a fundação e o
desenvolvimento de nossa pequena Congregação é, de longe, a mais interessante
de nossas obras. O Anjou seria para isso um solo favorável e de boa esperança?
Não
me desculpo, Monsenhor, por tantos detalhes e questões, nossa pequena família é
sua. Monsenhor, há muito tempo, nos adotou como seus filhos, evitamos com todo
o cuidado esquecê-lo.
Queira
aceitar, Monsenhor, a homenagem do profundo respeito de
Seu
humilde servo e filho em N.S.
Le Prevost
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