A questão espinhosa das atribuições dos irmãos
e dos Confrades da Sociedade de São Vicente de Paulo. Declaração muito nítida
do Sr. Le Prevost sobre a “verdadeira constituição da obra sábia e cristãmente equilibrada”.
Vaugirard,
8 de setembro de [1864]
Natividade
Meu
caríssimo Confrade,
Lamento
muito que você tenha vindo inutilmente a Chaville para me ver; fiquei retido em
Vaugirard esta semana para a adoração das Têmporas que se realizava em casa.
Após termos
rezado da melhor forma possível, segundo seu piedoso conselho, e após termos
examinado diante de Deus a questão relativa à posição respectiva dos membros de
São Vicente de Paulo e dos diretores dados por nós para os patronatos,
adquirimos a convicção de que não se saberia, sem provocar conflitos
incessantes, retirar aos diretores a conduta e direção dos movimentos
quotidianos e das disposições de detalhe da obra, tais como a assembléia, cada
semana, dos Confrades que os ajudam em diversos serviços. A alta influência da
Sociedade de São Vicente de Paulo está suficientemente garantida por meio do
Conselho Geral dos patronatos presidido pelo Sr. Decaux, e pelo Conselho
particular que ele preside também, mensalmente, para cada casa. Nessas reuniões,
o andamento de conjunto da obra e a conduta própria a cada casa são bem
precisamente regrados. Sendo assim, só resta proceder à execução que concerne
mais particularmente ao diretor e que, conseqüentemente, lhe compete conduzir.
No caso de se chegar a criar um novo poder que devesse intrometer-se nesses
cuidados e pretendesse dominar lá dentro o próprio diretor, a este último não
sobraria nada a fazer, senão abandonar uma posição que não lhe deixaria mais
liberdade alguma de ação. Que ele mesmo deva estar atento e conciliador, que
deva tudo fazer para atrair os Confrades, interessá-los à obra, dando-lhe todo
espaço possível para fazer lá dentro algum bem, estamos bem penetrados disso
dos dois lados. Mas esse diretor só seria verdadeiramente útil para a obra e
para aqueles que participam dela com a condição de ter a parte de
liberdade e de iniciativa de que tem necessidade, para ser respeitado
pelas crianças ou pelos jovens operários e para guardar sobre eles alguma
autoridade.
Acreditamos,
todavia, que é preciso, para cada casa, de um Presidente particular, mas um
Presidente que a proteja, concilie os apoios e os socorros e cuide com atenção
de todos os seus interesses. Esse Presidente existe em Notre Dame de Grace na
pessoa do Sr. de La
Rochefoucauld, em Saint Charles, na pessoa do Sr. Legentil, em Sainte Anne, na pessoa
do Sr. Decaux, e havia existido neste ainda para Nazareth até estes últimos
tempos, em que outras preocupações o afastaram um pouco.
Eis aí,
achamos nós, a verdadeira constituição da obra sabia e cristãmente equilibrada.
Querendo mudar essa ordem, se quebraria a boa harmonia dos movimentos e,
inevitavelmente também, se prepararia a separação dos elementos que concorrem
nela.
Estou bem
persuadido, meu caro Confrade, de que, refletindo bem, você partilhará esse
sentimento, e ficaria muito surpreendido se o próprio Sr. Decaux, que entende
tão bem a organização das obras, não reconhecesse que somente uma situação bem
assentada pode garantir o êxito e a duração de nossos empreendimentos caridosos.
Agradeço-lhe
de novo pelos sentimentos tão devotados e tão desinteressados de que você dá
prova nesta circunstância e peço-lhe para me acreditar, em N.S.,
Seu
devotado Confrade e amigo
Le Prevost