Inscrição
de um jovem para o serviço militar. O Sr. Le Prevost conta com o Sr. Halluin
para que ela se faça em
Arras. Necessidade de discrição sobre as circunstâncias de
seu nascimento.
Vaugirard,
7 de janeiro de 1865
Caro
Senhor padre,
A
família interessada pela sorte do jovem Maillard se inquieta pela maneira com
que ele procederá, ao fazer sua inscrição para o serviço militar. É bem
desejosa que ele não faça buscas sobre seu nascimento, pois gente honesta pode
se achar comprometida em sua paz e também entre aqueles que os rodeiam. A mãe
de Maillard que se encontrava, na sua juventude, separada de sua família e sem
apoio suficiente, foi um momento seduzida, mas se reergueu de um erro, que
ficou, aliás, desconhecido. Pôde casar-se honestamente, tem filhos, que cria
cristãmente. Você entende, caro Senhor padre, que existe ali um interesse sério
para ser poupado. Peço-lhe, portanto, em nome dessa pobre gente, que faça tudo
o que puder para que Maillard (dito Maillard, pois ele não foi registrado com
esse nome) tire a sorte em Arras, não em Lille, onde foi registrado ao nascer.
Ele deve ter sido inscrito no civil sob os nomes de Léon-Constant Noyelle, no
dia 28 ou 29 de dezembro de 1844, filho de Ursule Noyelle, nascida em Roubaix,
e de pai desconhecido. Foi apresentado, acho, pela Sra. Bénazet, parteira que
não reside mais em Lille. A
mãe de Maillard não é livre e dispõe somente de recursos limitados. No entanto,
prometeu reunir, em algum tempo, 200f
que seriam entregues em oferta à sua casa, no caso de se conseguir impedir que
essa circunstância do sorteio se torne, para ela e para sua família, uma causa
de triste perturbação. Se Maillard tivesse que ir inevitavelmente a Lille, o
que se pode de costume impedir providenciando a tempo, ela pensa que, talvez,
você pudesse fazê-lo acompanhar por uma pessoa prudente e segura, que se
esforçaria (se, porém, isso é praticável sem maior inconveniente) por impedir
excesso de perguntas e de curiosidade de sua parte. Ela tomaria providência
ainda para pagar as despesas desse transporte. Quantas penas, remorsos,
dificuldades essas pobres moças se preparam, quando estão mal vigiadas por seus
pais, cercadas de perigos e sem defesas suficientes!
Ficar-lhe-ei
grato, caro Senhor padre, por me escrever uma palavra de resposta que me diga o
que acha poder fazer para diminuir o mal que se pode temer nessa circunstância.
Todos
os nossos irmãos se unem a mim para assegurá-lo de seus respeitosos e devotados
sentimentos em N.S.
Le Prevost
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