Papéis
respectivos da Sociedade de São Vicente de Paulo e do Instituto no seio das
obras. Lugar do irmão Diretor e do capelão. O Sr. Le Prevost tudo fará para
evitar a desunião. Mas faz questão, com toda justiça, de serem
respeitados seus princípios de organização. Se manifestou um pouco de calor por
ocasião do último encontro, foi porque a discussão tinha remexido uma convicção
profunda e formada diante de Deus.
Vaugirard,
2 de março de 1865
Senhor
e Venerado Confrade,
Nossos
irmãos ocupados no patronato se acham tão incomodados, é-lhes tão difícil se
encontrarem, que me entregaram somente ontem as indicações que devíamos
transmitir-lhe sobre as atribuições dos Diretores nesta obra. Tenho a honra de
lhe endereçá-las em
anexo. Parecem-me bastante completas, não vejo que deva
acrescentar nada. Desejamos, em resumo, que sejam considerados os patronatos
como obras comuns à Sociedade de São Vicente de Paulo e a nós. Com efeito, se
ela fornece, de seu lado, subvenções e o concurso de seus membros, nós, do
nosso lado, damos a vida inteira de um bom número de homens dedicados, tanto
padres quanto leigos. Contribuímos, além disso, à fundação da obra como à dos
estabelecimentos em que está assentada, e, finalmente, temos que suprir,
ordinariamente, a insuficiência das alocações. Por esses motivos, e, mais
ainda, no interesse das obras, pedimos que sejam deixadas aos Diretores uma
suficiente liberdade de ação, no domingo sobretudo, assim como a faculdade de
combinar seus recursos para os exercícios desse dia com os Confrades e os
irmãos que os ajudam, reunindo-se em um simples Comitê que, não tendo nada da
realização de um Conselho, não requer, conseqüentemente, a intervenção do
Presidente.
Reconhecemos
à Sociedade o direito de nomear os Presidentes ou Vice-Presidentes, como ela
nos reconhece o de escolher os capelães e Diretores. Parece-nos, no entanto,
que será bem útil e no espírito de caridade que haja, habitualmente, algum
acordo a esse respeito, já que escolhas praticamente antipáticas de um ou de
outro lado preparariam conflitos ou relacionamentos difíceis.
Não
acrescento que desejamos, para nossos irmãos eclesiásticos em particular, as
atenções e o respeito devidos às suas funções e a seu caráter. Essa observação
seria sem motivo com homens tão sinceramente religiosos como são, em geral,
todos os Confrades de São Vicente de Paulo.
Não
acho, Senhor e Venerado Confrade, que haja, nessas poucas reservas e nas
indicações da nota anexada, nada que seja contrário às vistas do Conselho da Sociedade.
Desejo-o bem ardentemente. A Sociedade pode, com certeza, fazer suas obras sem
nós, e podemos, do nosso lado, andar sem seu apoio, mas essa desunião seria
muito prejudicial ao bem e devemos, à custa de todos os sacrifícios aceitáveis,
manter essa desejável associação. A nota e a presente carta foram redigidas sob
essa inspiração.
Receio,
Senhor e Venerado Confrade, ter mostrado um pouco de calor em nosso último
encontro. Expresso, a esse respeito, todas as minhas lástimas a você e a esses
Confrades tão bondosos, tão cheios de amenidade que o cercavam. Não tenho
desculpa alguma que possa apresentar, senão a de meu organismo fraco e
impressionável e da necessidade que tinha, para lhe responder, de remexer uma
convicção profunda e formada diante de Deus, a saber: que nossa posição nas
obras de São Vicente de Paulo já ultrapassa todas as concessões admitidas pelas
Comunidades ordinárias, e que ir além disso seria nos extraviarmos.
Continuo,
com todos os meus irmãos, para com você e para com todos os seus assistentes,
nos sentimentos do respeito e do devotamento mais sinceros em N.S.
Le Prevost
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