O Sr. Le
Prevost expõe de novo a posição do Instituto, frente às mudanças que a
Sociedade de São Vicente de Paulo quer introduzir na direção das obras.
Vaugirard,
22 de março de 1865
Senhor
e Venerado Confrade,
Acho,
na volta de uma viagem de alguns dias que tive de fazer, a carta que me
concedeu a honra de me escrever no dia 15 deste mês, sobre as obras de
patronato e sobre a parte que nossa Comunidade é chamada a tomar nelas.
A
forma dessa carta é tão cordial e tão benevolente que é para mim um pesar
sincero não poder aceitar inteiramente, quanto ao fundo, suas conclusões.
Permita-me acrescentar também que se afastam muito das disposições
conciliadoras da entrevista que nos havia reunido em sua casa.
Concordo
com você que o Presidente deve presidir, mas não deve dirigir, e
é o que está fazendo, na minha opinião, quando segue o Diretor até nos
minuciosos detalhes de sua ação e que se substitui, conseqüentemente, a ele.
De
resto, Senhor e Venerado Confrade, não insisto nessas definições que cada um
interpreta segundo suas vistas e que não teriam solução. A questão, para nós,
se reduz, parece-me, a estes termos: nossos cargos e dependências, nas obras
que fazemos em comum com a Sociedade, nos parecem já suficientemente graves,
assim como tive a honra de lhe escrever, e não podemos consentir em aumentá-los. A
situação que nos foi constantemente dada há 20 anos nessas obras não poderia
ser modificada sem nosso assentimento, e nos consideramos obrigados, no
interesse do bem, a rejeitar as mudanças que tencionariam introduzir hoje. Não
pretendemos que as formas e esquemas do patronato sejam para sempre
estabelecidas e que não sejam suscetíveis de simplificações e melhoramentos
sucessivos. A experiência pode nos trazer, a esse respeito, preciosas luzes.
Nessa intenção, talvez, e sobretudo num espírito de conciliação, aceitamos em
Sainte-Anne as experiências de um novo regime. Não resolvemos que não seriam
ainda possíveis para nós em outro lugar, mas precisamos ver, depois de
submetido a provas, durante alguns anos, esse modo de operação, antes de
reformar os procedimentos pelos quais, há tanto tempo, obtivemos felizes
resultados.
Penso
como você, Senhor e Venerado Confrade, que os pontos de separação não são tais
entre nós que devam impedir nossa ação comum nas obras. Seria com a condição,
todavia, de deixar cair toda desconfiança, dos dois lados, e trabalhar, como no
passado, com uma sincera caridade e com atenções recíprocas. Ao designar,
particularmente, os Presidentes e Vice-Presidentes, a Sociedade teria conosco
algum acordo, como faríamos igualmente com ela para a escolha dos capelães e
Diretores. Nesse esquema, nada pareceria se opor às cordiais simpatias que
tinham, até agora, unido nossos esforços para a glória de Deus e o bem das
almas.
Queira
aceitar, Senhor e Venerado Confrade, os protestos do respeito e do inalterável
devotamento com os quais sou
Seu
humilde servo e Confrade
Le Prevost