A vida de
comunidade em Metz.
Seriedade do apostolado junto aos jovens. Esforço de cada um
para dominar os ímpetos da natureza. Espírito de sacrifício do Sr. Risse. Seria
a corrigir: “um pouco de disposição à censura antes que ao encorajamento”. LP.
poderia retirar um irmão para nomeá-lo em Angers. O Sr. Le
Prevost fala de sua felicidade de trabalhar e de sofrer por Deus: “há tanto a
expiar, tanto a pedir, tantas ações de graças a dar”.
Vaugirard,
28 de março 1865
Caríssimo
amigo e filho em N.S.,
Estou
atrasado para lhe responder. Sua carta, afetuosa e boa como sempre, pedia um
pronto retorno e eis que, bem contra minha vontade, faço-o aguardar. Perdoe-me,
caríssimo amigo. Neste inverno, estive, mais do que de costume, carregado de
negócios e de mil cuidados, quase todos aborrecidos e penosos, que nos
tornaram a vida rude e penosa. Nestes dias, em particular, tive muitos
transtornos. Uma pequena viagem feita a Arras, como o Sr. Lantiez lhe disse, me
atrasou ainda; em uma palavra, tinha sua carta sob meus olhos, minha vontade
lhe respondia mas não encontrava meio nenhum para secundá-la.
Estimo
muito, caríssimo amigo, que a visita do Sr. Lantiez lhe tenha feito algum bem;
ele tem uma grande afeição por todos vocês. Voltou contente, por causa do
que tinha visto e ouvido. Seus bons jovens o comovem por sua retidão e seu
instinto do bem. Ele os acha sociáveis e fáceis de conduzir. Julga bons,
também, no conjunto, os procedimentos da obra. Ela já produz muitos frutos.
Tenhamos confiança: pela paciência e com a graça de Deus, produzirá mais ainda.
Para
a vida interna de sua comunidade, ele só encontra bons elementos. Confia que,
se cada um continuar fazendo sinceros e corajosos esforços para dominar os
ímpetos da natureza, a paz e a caridade reinarão entre vocês. Faz justiça a seu
generoso espírito de sacrifício, à sua cordial e constante boa vontade; há em
você, diz ele, uma alma de Pai. Como única parte atribuída à imperfeição, ele
pensa que o peso de sua responsabilidade, de seus cargos, das dificuldades de
cada dia o esmaga bastantes vezes e torna um pouco sombrio seu humor. Daí,
talvez, um pouco de disposição à censura antes que ao encorajamento dos que o
cercam, alguma dificuldade também para suportar a contradição. Você tomará,
caríssimo amigo, essas observações como as dou e como as apresenta o próprio
padre Lantiez. É o tributo que paga nossa humanidade à sua fraqueza, é o
defeito que têm, sem dúvida, mais do que você, aqueles que os assinalam aqui no
outro. Aliás, não há muita necessidade de lhe assinalar os poucos pontos
defeituosos que se podem encontrar em você: você é o primeiro a acusá-los e a
corrigi-los da melhor maneira possível. Deus e sua graça nunca abandonam as
almas desejosas de se emendarem.
O
Sr. Lantiez parecia acreditar que o Sr. Jean [Gauffriau] cuidaria com mais
interesse ainda dos jovens, se você lhe desse alguma parte na sua direção e
conduta espiritual. Se ele é jovem nas coisas indiferentes, não poderia sê-lo
no que diz respeito ao bem das almas; teria também, sem dúvida, a prudência de
consultar se, na ocasião, encontrasse algum caso difícil.
Tenho
medo, apesar de todo meu desejo de lhe poupar as contrariedades, de ser
obrigado a lhe pedir de volta (ficando sujeito a substituí-lo) o Sr. Guillot ou
o Sr. Jean, o primeiro de preferência. Não é algo decidido, pois sua negativa
para essa disposição é de um grande peso para mim. Tento todo tipo de
combinações, não vejo nenhuma boa, mas peço a Deus para me iluminar.
Poupar-lhe-ei essa contrariedade, se puder; senão, esforçar-me-ei por
substituir da melhor forma possível aquele que tiver retirado de Metz. Você
sabe que é para Angers que se elabora o envio de uma pequenina colônia. Mais
vale, acho, não divulgar esse projeto. Sabe como vão os negócios do Sr. Morel?
O Sr. Lantiez lhe propôs como substituto o Sr. Boucault, que a morte de seu pai
e outras circunstâncias obrigam a tomar uma posição que lhe crie alguns
recursos. É um homem inteligente, de uma rara delicadeza e muito ativo,
suficientemente instruído, com bom desempenho na correspondência. Acho que uma
função como a do Sr. Morel lhe seria absolutamente apropriada. Se o Sr. Morel
se decidisse logo, fazendo um postulantado prolongado em sua casa, poderia
talvez preencher um vazio, ou prestaria o mesmo serviço em uma outra de nossas
casas? Diga-me como vão as coisas.
E
Vion, o que acontece com ele? Se fossem as despesas de viagem que lhe causassem
dificuldade, você poderia adiantar-lhe o que lhe faltasse, e eu o
reembolsaria imediatamente, mas fazendo-o entender que seria na medida
dos serviços que prestaria a nossas obras.
É
tarde, devo terminar; estou tão ocupado durante o dia que, na prática, tenho
somente horas livres à noite. E, no entanto, nada de queixa, não somos felizes
demais, trabalhando um pouco, sofrendo um pouco por Deus? Temos tanto a expiar,
tanto a pedir, tantas ações de graças a dar e tão pouco a oferecer por tudo
isso. Digamos com Tobias: Se temos pouco, o que temos, demo-lo de bom
coração.369
Mil
ternuras a você e a todos; nossos retiros começam em todo lugar, rezemos muito
para que o Senhor faça uma ampla messe de corações.
Seu
todo afeiçoado amigo e Pai em Jesus, Maria e José
Le Prevost
O
Sr. Faÿ pensa que Cauroy poderá vir aqui em data bem próxima. O Sr. Jean se
acharia aliviado por isso mesmo, não tendo mais aula a lhe dar.