Gratidão
pelo apoio que o Bispo de Angers traz ao Instituto. Uma tal benevolência
consola o Sr. Le Prevost, no momento em que, em Grenelle, os irmãos são alvo
dos vexames do Pároco e sofrem “alguns rigores insólitos do Arcebispado”.
Allevard-les-Bains (Isère), 6 de agosto de 1865
Monsenhor,
Não pude
responder tão depressa como teria querido à boa e paterna carta que me fez a
honra de escrever, no fim do mês passado. A prudência extrema dos médicos, com
efeito, me obrigou a tomar algumas precauções para enfrentar mais decididamente
os rigores do inverno. A esse fim, fui mandado passar algum tempo em Allevard
(Isère), onde há uma fonte sulfurosa muito estimada. Com pesar me submeti
a essa prescrição, por causa do deslocamento e da despesa, e porque, em geral,
os medicamentos não produzem efeito nenhum sobre mim. Achei que devia tomar
essa disposição como sendo do plano de Deus, posto que a estrada para Allevard
me punha a uma distância mínima da montanha da Salete e me oferecia uma ocasião
de fazer essa piedosa peregrinação. Pude, com efeito, cumpri-la, o que me deu
grande consolação. Rezei bastante por todos aqueles que o bom Mestre
constituiu, junto a nós, os representantes de sua bondade e de suas ternas
condescendências; por ali se entende que o nome de nosso Venerado e bem-amado
Bispo de Angers Lhe foi particularmente recomendado. Sua benevolência para
conosco, com efeito, Monsenhor, deve ser-lhe particularmente agradável, já que
vem acrescida a tudo o que realiza de bem na sua diocese e provém da
superabundância de sua caridade. Ela nos é sobretudo amável, consoladora e
preciosa, neste momento em que alguns rigores insólitos do Arcebispado para
conosco nos entristeceram vivamente. Apesar da paciência com que suportamos os
mil vexames do Pároco de Grenelle, nunca respondendo, a não ser por marcas de
deferência, às suas acusações e agressões incessantes, o Sr. Arcediago exigiu,
para restabelecer a paz, disse ele, que o capelão muito inofensivo dessa casa
fosse mudado e que a obra fosse submetida à autoridade do Sr. Pároco. Aceitamos
de bom grado a vigilância do Pastor da Paróquia; mas, como pode ter autoridade
em uma obra que lhe é inteiramente estranha, que reúne crianças e moços de
todos os bairros e que consiste, afinal, em colocá-los em aprendizagem, em
procurar-lhes trabalhos e em vigiá-los em suas oficinas? Esse pároco toma as
coisas ao pé da letra, vem freqüentemente, manda seu vigário várias vezes
durante a semana, para exercer vigilâncias, intimar suas advertências e repetir
cada vez palavras ameaçadoras, em previsão das oposições que faríamos à sua
autoridade. Até agora, exorto nossos irmãos à paciência, esperando que uma
situação tão anormal não deva se manter, mas meus bons irmãos estão chateados e
desanimados. O Sr. Lantiez tentou apelar a Monsenhor, mas ele respondeu que não
queria obstruir a ação de seus Vigários Gerais. Dignar-se-á meu bom Senhor
lembrar-se de nós diante de Deus, para que essa provação resulte na sua glória
e seja suportada por nós num espírito verdadeiramente cristão.
Como a
sorte de nossos irmãos de Angers é invejável para os outros! Seu apoio, seus
conselhos de Pai, seus encorajamentos, ouso dizer quase de amigo, lhes fazem a
caminhada bem doce e tornam fáceis seus trabalhos. Agrada-me esperar que se apeguem
cada vez mais em comprazer-lhe por sua regularidade, por sua dedicação em favor
das obras que Sua Excelência lhes confiou, notadamente em favor da Psalette, da
qual entendem a importância e a grande utilidade.
Queira
aceitar, Monsenhor, os novos protestos do respeito com o qual sou
Seu
devotado e ternamente afeiçoado filho em N.S.
Le Prevost
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