Índice | Palavras: Alfabética - Freqüência - Invertidas - Tamanho - Estatísticas | Ajuda | Biblioteca IntraText
Jean-Léon Le Prevost
Cartas

IntraText CT - Texto

  • Cartas 1001 - 1100 (1865 - 1866)
    • 1016 - ao Sr. Maignen
Precedente - Sucessivo

Clicar aqui para desativar os links de concordâncias

1016 - ao Sr. Maignen

Chegou o momento para o Instituto tomar seu lugar no mundo cristão. Obstáculos que encontra. Necessidade da regularidade aos exercícios comuns, para perseverar na vocação. Exortação a uma vida espiritual mais generosa, a trabalhar para Deus na oração: “enquanto orar, Deus fará suas obras”.

 

Allevard, 14 de agosto de 1865

 

Caríssimo amigo e filho em N.S.,

 

Nossa ausência não será tão breve como parece acreditar. Não parece muito provável chegarmos antes de terça-feira próxima, dia 22 deste mês. Ficaremos ausentes, portanto, durante 30 dias, o tempo flui depressa. O Sr. Paillé insistiu para que eu fizesse uma estância mais ou menos ordinária às águas, embora, de minha parte, espere pouco resultado. Sempre pensei que o objetivo real de minha viagem era a peregrinação a Salete. Oxalá tenhamos obtido ali as graças de que temos uma necessidade bem especial neste momento, como você diz. Parece que chegamos, com efeito, ao momento em que a Comunidade com suas obras deve tomar seu lugar no mundo cristão, e, longe de nos ajudar a nos situar o menos mal possível, cada um parece medir-nos ciosamente nossos limites e esforçar-se para que sejamos tão pequenos quanto possível. É mau sinal. Se os próprios que nos cercam fossem, eles mesmos, grandes, nos estenderiam nobremente a mão e nos abrigariam sob sua potência. Mas como, sobretudo hoje, a palavra de Bossuet na presença da corte é verdadeira: Deus é grande, meus irmãos! Sim, Ele é grande, felizmente, isso basta; que os outros sejam pequenos e fracos, não importa, os que se apoiarem firmemente nEle não desfalecerão. Aí está mesmo, não é verdade, caro amigo, o sentido de sua carta, do tipo de gemido que exprime e da aspiração penosa que manifesta. Faço-me o eco de sua fala com muita simpatia e somos dois (e certamente bem mais) nos mesmos pensamentos, no mesmo sentimento. Antes que chegasse sua carta, o Sr. Paillé, nas conversas que trazem nossos longos diálogos a sós, me dizia o sofrimento que lhe dava a inexatidão e até a aparente indiferença de alguns irmãos para os exercícios. Ao mesmo tempo, o Sr. Hello nos escrevia nesse sentido, e uma outra carta ainda nos repetia a mesma queixa. Como, portanto, uma necessidade tão profundamente sentida é tão mal saciada? O atrativo pela atividade exterior, ou, antes, a preguiça de espírito que repugna à aplicação ao espiritual, o afastamento natural por toda regra, a obediência imperfeita dos irmãos, a autoridade fraca ou insuficiente nos Superiores. O remédio seria: uma mortificação maior, uma obediência mais verdadeira, um espírito de mais profundo. Somos todos um pouco como Luis XIV, caro amigo, aceitamos de bom grado, nos sermões, escolher nossa parte, mas não gostamos que nos seja feita pelos outros. Não lhe farei, então, nenhuma aplicação pessoal de tudo isso, visto que, tomando a dianteira, você a mediu generosamente para si. No entanto, não seria exagerado dizer que, após tantos movimentos, trabalhos exteriores, relações com o mundo, ou a experiência de todos os mestres espirituais é , ou você tem uma necessidade urgente, extrema de um pouco de oração prolongada, de um pouco de calma e de recolhimento, de um pouco de união e de volta a Deus. A não ser por milagre, ninguém vive sem alimentação. Seria tentar o Senhor esperar, para sua alma, que escape ao langor, ao esmorecimento e talvez à queda, se está pouco demais refeita e amparada. Para o religioso, há uma necessidade essencial da oração, da mortificação, de regra; você não tem mais nada de tudo isso, a conclusão é clara, não será, pelo espírito e o coração, nem um religioso, nem um homem espiritual. Custa-me escrever essas palavras, pois, seria bem triste, após ter deixado tudo tão generosamente na flor de sua idade, após ter tanto trabalhado durante vinte anos, você se encontrar no ponto de partida e, talvez, para . Mas, caro filho, é melhor dizê-lo, para impedi-lo, do que deixá-lo realizar-se por uma consideração de sentimento. Tudo o que você me diz em sua carta, sobre você mesmo, me chamava a atenção e afligia o Sr. Paillé, e fazia sofrer mais outros. Mas o que fazer? você diz. Além das exigências e expectativas dos benfeitores, há os recursos a recolher, os jovens a recrutar e a amparar no dia a dia. Tudo isso é verdade, mas tudo isso se fará por Deus melhor do que por você. Trabalhe para Ele na oração, nas leituras piedosas (bem negligenciadas, conforme me dizem), em alguns sacrifícios aos exercícios e à regra; Deus lhe retribuirá e, enquanto estiver orando, o Senhor fará suas obras. Tenha, caro filho, esse espírito de , faça corajosamente a parte do espiritual, programe bem seus afazeres, nunca omita, sobretudo, os exercícios por leves pretextos e muitas vezes por nada, e verá que seus negócios irão melhor. Neste momento do ano, você pode mais facilmente, com um pouco de vontade, reintegrar um pouco seu interior. Faça isso, retome alguns livros santos (leia a Vie de Ste Chantal, por exemplo, livro fora de série). Fuja, cale-se, descanse, disse um anjo a Santo Arsène. Assim fez e se  tornou um Santo.

 

Eis aí, caro filho, o que sentia a necessidade de lhe dizer. Acredito que, no fundo, foi por isso que provoquei sua carta. Ficarei feliz se, na minha volta, você deu alguns passos no sentido que indico, se, sobretudo, você toma de antemão providências para fazer, inteiro e sem arranhão, o próximo retiro. De meu lado, o ajudarei para tanto, pois estou decidido a não aceitar nenhuma das razões que poderiam impedi-lo.

 

Tenho boa confiança de que, apesar das dificuldades e por causa delas, talvez, tanto nossa Comunidade como nossas obras se assentarão, mas com a condição de que o Espírito de vida esteja nelas. Façamos menos, mas trabalhemos segundo Deus e com Ele, aí está o segredo de nosso futuro. Se o entendermos, viveremos.

 

Amanhã, pensaremos muito em vocês todos e em suas crianças. Os retiros da Santa Família, as preparações de todos os tipos para a grande solenidade, acompanharemos tudo pelo coração, estaremos em todo lugar com você, com Maria nossa Mãe, com os anjos e os santos que a glorificam, com Deus que a abraça e a coroa.

 

Adeus, meu velho, meu caríssimo filho, abraço-o em predileção e sou e serei até o fim

Seu amigo e Pai em Jesus e Maria

 

                                         Le Prevost

 

 

 




Precedente - Sucessivo

Índice | Palavras: Alfabética - Freqüência - Invertidas - Tamanho - Estatísticas | Ajuda | Biblioteca IntraText

Best viewed with any browser at 800x600 or 768x1024 on Tablet PC
IntraText® (V89) - Some rights reserved by EuloTech SRL - 1996-2008. Content in this page is licensed under a Creative Commons License