Volta do
Sr. Le Prevost a Paris. Poupar suas forças, saber se fazer ajudar. Projeto de
mudança de um irmão eclesiástico. Atenção de Dom Angebault. Impressões trazidas
da montanha da Salete. Entrada do Sr. Charrin em Comunidade.
Allevard,
18 de agosto de 1865
Caríssimo
amigo e filho em N.S.,
Sua
cartinha me foi reenviada por nossos irmãos de Vaugirard. Recebi também o
número de La
Semaine Religieuse d’Angers, que me endereçou diretamente.
Se me escrever de novo, será a Vaugirard que deverão ser enviadas suas cartas,
pois contamos partir, meu irmão Paillé e eu, na segunda-feira para Lyon, onde
passaremos a noite, e no dia seguinte chegaremos à noite, na comunidade, se
agradar a Deus. Sinto-me um pouco descansado, talvez meu peito esteja também um
pouco mais firme. Todavia, só poderei julgar pelas provas do inverno. Só pude
seguir aqui a metade do tratamento: as águas não puderam ser apropriadas a meu
estômago, tive de tomá-las por aspiração. Se o Senhor deu sua bênção para a
melhora de minha saúde, que Ele seja bem humildemente agradecido, e, se foi
diferente, que Lhe sejam dadas graças ainda, pois terá tudo disposto na sua
misericordiosa bondade.
O
relatório de sua distribuição da Psalette me interessou muito; quase no mesmo
tempo, recebia de Dom Angebault uma boa e afetuosa carta, em que me dizia toda
a boa impressão que lhe deixara, assim como à assembléia, essa pequena
solenidade. Tinha-me escrito também após a distribuição do patronato. Esse
venerável Pai não perde ocasião nenhuma para nos encorajar e nos dizer o
contentamento que experimenta por nos ter perto de si. Procuraremos dar-lhe
sempre satisfação. Ele me faz notar que você se cansa demais, que é magro e
pouco vigoroso. Lembre-se, caro filho, de que mais vale fazer um pouco menos
bem e não se esgotar, pois as coisas sofreriam bem mais se estivesse
completamente imprestável, o que não deixaria de acontecer com um trabalho por
demais intenso. Procure formar um pouco seu pessoal, para fazer menos por si
mesmo. Não sei o que se poderá fazer sobre seu pedido em relação ao Sr. Jean
[Gauffriau]. Minha ausência me impediu de ver pessoalmente nossos
negócios. Sei que se falava em trazê-lo de volta para Vaugirard, porque o Sr. Lantiez,
dividido entre Grenelle e o orfanato, provê imperfeitamente a essa dupla
tarefa. Havia sido também pensado que era importante aproximar o Sr. Jean, para
dar-lhe, em um grau mais elevado, o espírito da Comunidade e o comportamento
digno que não se encontra o bastante constantemente nele. Na minha volta, vou
achar também para resolver todo o negócio de Arras. O Sr. Laroche acaba de
fazer um retiro em Chaville, todo o mundo o acha de seu agrado e o considera
realmente chamado para nossa família. O próprio Monsenhor de Arras nos solicita
com uma extrema benevolência. Tudo isso é perfeito, mas a obra fica para ser
constituída, e não é pequeno empreendimento para nosso pequeno rebanho. Confie
plenamente, no entanto, caro amigo, que lembrarei no Conselho nossa querida
obra de Angers, que todos amam em casa, tanto por ela como por você.
Gostaria
de lhe contar nossa peregrinação a Nossa Senhora da Salete; o espaço me falta,
procurarei fazer com que o Sr. Paillé a descreva detalhadamente. Ficamos,
ambos, muito edificados. Pude dizer duas vezes a Santa Missa no altar-mor, na
magnífica igreja elevada para perpetuar a lembrança da aparição de Santíssima
Virgem. Rezei ali, com todas as potências de minha alma, por nossa cara família
e por todos os seus membros, e por nossas obras. Estou persuadido de que não
fomos enviados para lá sem um desígnio da divina Providência e que Ela nos
reservava graças de que receberemos o favor. Agradeço-Lhe de antemão, como por
tantas outras que já desceram sobre nós.
O
Sr. Charrin, que você conheceu em Nazareth, se decidiu, após um retiro sério
feito nos Jesuítas, a tornar-se membro de nossa Comunidade. Está, atualmente,
em Lyon, para obter o consentimento de seu pai que, felizmente, é cristão e não
fará, esperamos, grave oposição. O Sr. Camus luta com uma verdadeira coragem
contra as iras e violências de seu pai. Foi obrigado, segundo nosso parecer e o
do padre Millériot, a temporizar um pouco. Pode ser que, segundo o sentimento
desse bom Padre e para deixar passar o temporal, ele entre um ano em Issy. Seria tempo
ganho e folga conseguida para rezar mais, a fim de que o Senhor abra os olhos
desse pobre pai cegado. Recomendo-o a você e aos seus.
Escrevo-lhe
ao ar livre, com poucas acomodações, mas longe do barulho. Sinto-me bem assim,
todo com você e com nossos caros irmãos de Angers. Visito pelo pensamento
seu pequeno santuário, onde estarei tão feliz, um dia (se Deus o
permitir), por oferecer o Santo Sacrifício. Acompanho seus trabalhos, seus
exercícios, e peço ao Senhor para abençoá-los em todos os seus atos. Sinto-me
confiante na sua grande misericórdia e acredito que Ele tem particularmente
planos sobre nossa pequena família de Angers, que foi fundada sob felizes
auspícios e com uma bênção verdadeiramente generosa e cordial da parte do santo
Pontífice que Ele pôs à testa da diocese.
Adeus,
caríssimo filho, abraço-os a todos nos Corações sagrados de Jesus e de Maria, e
sou neles
Seu
amigo e Pai
Le Prevost
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