Como se
combate o desânimo.
Vaugirard,
3 de junho de 1866
Caríssimo
filho em N.S.,
Acho
que a pequena tentação de desânimo que manifestava em sua carta de ontem já
passou, como as nuvens que escondem o sol por um momento, mas que o sol engole
ou afugenta para longe. Vi-o muitas vezes com provações semelhantes, mas sempre
o vi também dominá-las e superá-las. Você as aproveitará bem, como no passado.
Reconhecerá que é preciso fortalecer cada vez mais em si a paciência, a firmeza
em presença das dificuldades, para completar a obra de sua formação espiritual.
Sabe, só se é plenamente um bom instrumento nas mãos do Senhor, quando se está
endurecido na labuta, podendo suportar resolutamente as contrariedades e as
situações difíceis. E como se consegue? Do modo como se chega a fortalecer o
corpo e a flexibilizá-lo, pelos exercícios de ginástica e um trabalho um pouco
rude. Você está nessa luta neste momento, caro filho, não por sua escolha, mas
por circunstâncias que manifestam evidentemente a vontade de Deus. Fique firme,
então, invocando-O piedosamente e com fervor, e tenha certeza de que Ele
disporá as coisas, para que tenha alívio ou para que outros meios nos sejam
fornecidos.
Neste
momento, aliás, só tem de aguardar cristãmente, já que daqui uns dias o Sr.
Laroche deve nos visitar. Ele nos vai expor, nesse momento, sua opinião sobre a
situação e sobre os meios de remediá-la. Reanime-se, portanto, se, como dizia,
ainda não o fez. Tenha confiança, reze, a fé move as montanhas e o fervor toca
infalivelmente o Coração de Nosso Senhor, o Coração também tão terno, tão
misericordioso de Maria, nossa Mãe. Rezo com você, e peço também a oração dos
que me rodeiam e que lhe são, como eu, bem afetuosamente devotados em N.S.
Le Prevost
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