Felicidade
da vocação religiosa. Provações na família Tourniquet. Festa de São Vicente de
Paulo: sua vida é como o Santo Evangelho.
Vaugirard,
13 de julho de 1866
Meu
caríssimo amigo e filho em N.S.
Encontrava,
lendo sua pequena carta, quase tantos motivos para dar graças a Deus, quantas linhas
continha. Tudo se esclarece, tudo se arranja para melhor, não sem pena e sem
sacrifício de ambas as partes na sua família. Mas esses sacrifícios, quem
quereria tirá-los, já que é por eles, sem dúvida, que você e os seus serão
particularmente agradáveis a Deus? Esperemo-lo, a obra terá sua consumação e o
dia virá em que seus bons pais bendirão ao Senhor que se dignou a escolher um
de seus filhos para fazer dele, de uma só vez, um padre e um religioso, quer
dizer, a obra mais perfeita que o próprio Deus possa tirar de sua criatura,
sendo que Ele lhe dá tudo e que a humilde criatura, à sua vez, dá tudo o
que pode dar. Espere que esses bons e tão cristãos pais sintam isso, com a
graça de cima, e cantem o louvor dAquele que fez em você grandes coisas: magna
fecit qui potens est.
Aconteceram,
desde sua saída, apenas alguns fatos que merecem ser mencionados. Nosso irmão
Jean-Marie [Tourniquet] foi chamado para Amiens, pela morte de um segundo
irmão, que o terrível flagelo acaba de lhe tirar. O filho mais velho desse
último está doente, mas, até agora, sem aparência inquietante. Rezará por esse
bom irmão, que você ama e que está bem duramente provado. Estava sofrendo no
momento de sua saída e não o víamos sem preocupação ir, nessa disposição, a um
lugar visitado pela epidemia, de que Deus se serve para nos castigar e para nos
chamar de volta à sua lei. Ele o tomará pela mão e no-lo trará de volta. Você
se lembrará dele, pois ninguém entre nós lhe é mais devotado do que ele.
O
Sr. de Varax saiu na segunda-feira para Autun. Viu ali Monsenhor o Bispo, que
achou muito bem disposto a ordená-lo, sujeito ao aviso de Monsenhor de Arras, a
quem se escreveu, para combinar as coisas. No entanto, não parece que essa
ordenação deva realizar-se antes do mês de setembro. De resto, o Sr. de Varax
já lhe escreveu, talvez, pessoalmente. Ele o fará o quanto antes, se você ainda
não tem sua carta em mãos.
Preparamo-nos
para a festa de São Vicente de Paulo. Procuraremos fazer dela, antes de tudo,
uma festa espiritual, uma ocasião para nos lembrarmos mais fortemente das
virtudes de São Vicente de Paulo e de obter, por sua intercessão, abundantes
graças para nossa pequena família. Alegro-me cada vez mais por Deus nos tê-lo
dado como padroeiro. Sua vida, guardada a proporção, é como o Santo Evangelho:
quanto mais você o lê, mais encontra nele luz e santidade. A santidade, com
efeito, é apenas a realização da doutrina evangélica, um derramamento do
Espírito de Jesus Cristo em seus santos.
Hoje
é sábado. Tenho mais ocupações do que de costume nesse dia e, aliás, meu dia
acaba às 3 horas, momento de minha saída para Chaville. Abrevio, portanto,
estas poucas linhas. Acho que ficarei, nestes dias, em Chaville, até a festa de
São Vicente de Paulo. Aí é que me achará e que o esperarei. Todos os nossos
irmãos estarão também felizes por vê-lo e pedirão a Deus que seus bons pais lhe
façam esse sacrifício, já que o bem de seu serviço o chama para outro lugar.
Esse pensamento me consola um pouco de sua saída para Arras. Com efeito,
independentemente das conveniências da via religiosa, temos, como motivo de sua
chamada a voltar entre nós, não a nossa própria satisfação, mas as exigências
de uma obra em apuros, numa distância notável de nós. Partilhamos, portanto, o
sacrifício imposto à sua família.
Adeus,
caríssimo amigo e filho em N.S., nossa afeição é demais embasada, para
que tenha necessidade de voltar a assegurá-lo dela. Abraço-o somente, em nome
de todos, nos Corações sagrados de Jesus e de Maria.
Seu
amigo e Pai
Le Prevost
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