Preparativos
de festa. A oração e o trabalho. Espírito de família. O amor de Deus por nós. O
Sr. Le Prevost se alegra por saber que o Sr. de Varax é tratado como religioso.
Chaville,
18 de julho de [1866]
Meu
caríssimo amigo e filho em N.S.
Escrevi,
como você desejava, ao Monsenhor de Autun. Acho que é bem no sentido explicado pelo
excelente Sr. Picard.
Recebi
a carta e seu conteúdo. Tive que ir a Paris para pegá-la, porque os correios
esqueceram desta vez que um de nossos Senhores tem uma autorização escrita para
receber as cartas a mim destinadas. Felizmente, o fardo não estava pesado de se
levar.
Hoje,
véspera da festa de nosso Santo Padroeiro, o dia é aqui mais ativo do que
contemplativo. Fora o jejum e a oração da manhã com a leitura das Vertus, se
tem mais distração do que recolhimento. Mas temos um tão bondoso Mestre e um
tão poderoso Padroeiro que devemos, no entanto, guardar a esperança de que
nossa festa seja gloriosa para Deus, agradável ao nosso Santo Padroeiro.
Pedimos-lhe para termos tempo lindo. Quase todas as orações não são
interesseiras e não é de se confundir em admiração pelo fato do bom Deus, em
sua misericórdia, considerar, todavia, essas mesmas orações como louváveis a
seus olhos e meritórias para nós? É uma admirável invenção de misericórdia. Só
as mães, na terra, iniciadas, sem dúvida, pela Santa Virgem nos segredos
íntimos da divina Bondade, têm às vezes semelhantes invenções. O coração tem
seu gênio como o espírito, pois ambos recebem as inspirações do Céu.
Estou
longe da festa. O Sr. Chaverot chega esta noite para não faltar. O Sr. d’Arbois
está aqui desde ontem, para um repouso de 15 dias. Muitos irmãos estão
chegando, no momento em que escrevo, para pousarem aqui, para estarem mais
dispostos amanhã. Esse espírito de família me toca, pois nada de simples e de
primitivo como essa festa, onde não há a sombra de solenidade nem de
organizações um pouco atraentes que pode atrair a gente. Mas os corações estão
aí, em uníssono, festeja-se o Santo Padroeiro, protetor no Céu, modelo a imitar
na terra. Que padroeiro! O Pai dos pobres, que passou como Jesus, fazendo o
bem, que evangelizou os humildes, amou os pequenos, os sofredores, as crianças.
Como
estou feliz, caro filho, por terem tratado-o como religioso e lhe terem
lembrado que o era deveras. Não o esquecerá durante toda essa infindável
ausência que vai mantê-lo afastado demais de nós. Veja como a Providência é
sábia e como prepara maternalmente seu viático. Seja agradecido e corresponda
fielmente.
Adeus,
caríssimo filho em N.S., quis hoje fazer um pouco de festa de São Vicente com
você, já que, amanhã, a faremos sem sua presença sensível. Abraço-o ternamente
em N.S.
Mil
respeitos a quem de direito.
Le Prevost
P.S.
No sábado próximo, ofício da Imaculada Conceição.
Tento
fazer sua batina sem você, correndo certamente o risco de que seja imperfeita.
Vamos enviá-la, da forma que nos disser para fazer e para onde for preciso
expedi-la quando pronta.
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