Providências para a ordenação. Notícias dos
irmãos. Estragos da cólera. Amigos e protetores do Instituto. Construção da
capela em Notre Dame
des Champs. Votos afetuosos.
Vaugirard,
3 de agosto de 1866
Caríssimo
amigo e filho em N.S.,
Sua
viagem foi um pouco demorada, tínhamos pressa de ter notícias suas. Enfim,
chegaram e são das melhores. Bendissemos a Deus e continuamos pedindo-Lhe para
que você encontre força e vigor nas águas, para prover às grandes
eventualidades concernentes às suas ordens. Até agora, não tirei de Arras
nenhum detalhe preciso a esse respeito. Monsenhor Lequette veio a Paris para
prestar juramento nas mãos do Imperador. Logo que fiquei sabendo, mandei
depressa a seu hotel perguntar se o padre Lantiez e eu poderíamos vê-lo, como
desejava. Acabava de sair novamente. Uma vez de volta, sua sagração o manteve
muito ocupado: o padre Laroche tinha ido seis vezes à sua casa sem encontrá-lo.
Em seguida, se o viu, não sei. Se escreveram de Autun, não tenho maior
conhecimento. Monsenhor de Autun, de saída , não respondeu à minha carta que,
de resto, não pedia precisamente resposta até novos esclarecimentos a serem
tomados em Arras. Talvez
possa saber pelo Sr. Picard se algo foi decidido. Vejo que o tempo das férias,
nos bispados como em todas as administrações, é pouco favorável à pronta
expedição dos negócios.
O
Sr. Chaverot me escreveu de Arras. Está, como certamente presume, perfeitamente
disposto a fazer tudo o que puder para se tornar útil. Mas o Sr. Victor
[Trousseau] está tão cansado que está reduzido quase à incapacidade. Convido-o
a acompanhar o Sr. Laroche nos banhos de mar, se possível, caso contrário, a
vir a Chaville para se restabelecer. Ainda não sei o que poderá fazer.
Aqui,
vamos bastante bem, apesar de um pouco de cólera circulando em quase todo
lugar, porém, sem nada de ameaçador. Vaugirard, acho, ainda não foi atingido.
Amiens ainda está muito maltratado. O Sr. Jean-Marie [Tourniquet], já lhe
disse, acho, perdeu seus dois irmãos. Um menino morreu em nossa casa, onde está
o Sr. Caille. Sua caridade se mostrou, como sempre, nessas tristes
circunstâncias: abriu sua porta aos órfãos, preparou lugares para 25, mas
estará sobrecarregado. Deus é, melhor do que ele ainda, o Pai dos órfãos e
proverá a tudo.
Tivemos,
em Vaugirard, nossa distribuição dos prêmios anteontem, dia 1º de agosto. Deus
ajudando, foi para nós apenas uma ocasião de todos os tipos de consolações.
Você agradecerá conosco. Esses Srs. de Saint Sulpice, Icard e Dugrais,
assistiram com muita bondade. Devem nos visitar em Chaville na semana próxima.
O Sr. Caval talvez esteja entre eles. Possivelmente, almoçarão com a pequena
comunidade. Todos nos mostram uma particular benevolência. Deus dispõe os
corações dos seus e tira deles tesouros de bondade e de caridade, que derrama
como um orvalho. Ele é sempre quem dá, mas escondendo-se sob esse intermédio;
mas Ele só fica meio escondido e gritamos: Ah! meu Deus! Eu o reconheço.
O
Sr. d’Arbois passou 15 dias aqui, movimentando-se mais do que descansando. Não
vai mal, vai construir uma capela em Notre Dame des Champs. Monsenhor o estimula e
subscreve com 5.000f. Só precisa de 20.000, porque as construções, em Angers,
têm preços extremamente moderados. Conseguiu perfeitamente, em Angers, reerguer
as duas obras que lhe foram confiadas. O Bispado, o Capítulo e todo o mundo
cristão estão perfeitamente dispostos em seu favor. Permanece, no
entanto, humilde e bem no espírito religioso.
O
Sr. Urbain [Baumert], em Metz, também ganhou o coração do bom Bispo, que ficou
muito contente com seus exames. Vai conferir-lhe as ordens menores na Assunção
e talvez o sub-diaconato em
setembro. Alguns pequenos rumores ameaçadores começam a
chegar-lhe da Prússia382. Pode vir daí outra coisa? Encho esta folha
com todos esses pormenores, porque sei que está muito ávido por conhecê-los.
Defendo-me, porém, de chamar isso de curiosidade, sabendo bem que, neste caso,
o coração é que está ávido, não o espírito.
Mando-lhe
uma carta que chegou ao seu endereço. Olhei para ver se lhe pediam alguma
disposição que pudéssemos executar no seu lugar, não percebi nada de tal.
Enderecei-lhe para Chalon, rua Saint Georges, há 8 dias, a batina de verão,
(tecido menos bom do que de costume: o Sr. Caille, tomado por mil cuidados, não
pôde cuidar desse detalhe). O dicionário vai junto. Fizeram-me uma batina com o
mesmo tecido, e o alfaiate engenhoso o pôs às avessas: é totalmente excêntrico
. Sente-se vontade de pensar em Saint Éloi dando o aviso que você sabe ao rei
Dagobert.
Eis
que minha página termina, não lhe falei muito de você. Na correspondência, o
que esperamos é que as pessoas nos falem do que fazem e não do que nós mesmos
fazemos, já que, à distância, não estariam muito à vontade para tanto e não
acertariam. O afastamento não me impede, no entanto, de acompanhá-lo em tudo o
que diz respeito à sua alma e às suas afeições: sua alma em todos os seus
relacionamentos com Deus, suas afeições em sua doce intimidade com sua boa mãe.
Simpatizo com tudo isso e me uno a você bem cordialmente. Penso em você,
sobretudo, todos os dias, no Santo Sacrifício, e à noite também pago-lhe
fielmente a Ave Maria que lhe atribui desde o começo e que lhe ficará, acho
sinceramente, até o fim. Reze por nós, do seu lado, pois, apesar de alguns
êxitos de vez em quando, não deixamos de ter, porém, tantas misérias e
provações quantas são necessárias para nos lembrarmos do quanto somos fracos e
de quanto seríamos impotentes se Deus não nos assistisse.
Adeus,
caríssimo amigo. É possível que, após a semana que vem, faça uma pequena
ausência de 8 ou 10 dias, mas, até agora, não vejo muito que seja possível.
Ofereça, por favor, meu respeito à Senhora sua mãe, se achar oportuno, e
acredite, caríssimo filho, em todos os meus mais ternos sentimentos em Jesus e
Maria.
Seu
amigo e Pai
Le Prevost
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