Conselhos de paciência e de mansidão nas
dificuldades.
Vaugirard,
6 de setembro de 1866
Meu caríssimo amigo e filho em N.S.,
Ficaria muito aflito pelo conteúdo de sua carta e pelo tom irritado com o qual
está escrita, se não soubesse por experiência que não lhe falta nem fé, nem
virtude, que as horas más têm seu término e que, voltando para dentro de si,
reencontra seu coração de cristão fiel e de religioso zeloso do bem de sua
alma.
Levo também em conta as circunstâncias difíceis que atravessa. Pense que vão
terminar. O Sr. Lantiez irá a Arras, daqui a duas ou três semanas, e lhe fará a
posição melhor que puder. O Sr. de Varax, de quem conhece a prudência e a
bondade, não vai demorar muito também para chegar, e o Sr. Chaverot irá
ajudá-lo, enquanto isso, daqui a alguns dias. Lembre-se também, caro filho, de
que é nos dias de provação que se merece mais e que se obtém mais graças, por
pouco que se corresponda, com alguns esforços, aos desígnios de Deus.
Lamentaria muito, mais tarde, não ter sintonizado com suas vistas de
misericórdia e ter rejeitado o cálice que lhe apraz impor-lhe para um pouco de
tempo. Falo-lhe, caro amigo, a linguagem da fé e da resignação cristã, porque é
a única que possa realmente lhe convir e consolá-lo.
Se o número dos jovens diminui momentaneamente, se deve atribuir à saída do Sr.
Laroche e à estação presente que está cheia de causas de transtorno para eles.
Tenha boa confiança, peça a ajuda de Deus, e aja em seguida da melhor forma,
sem se atormentar.
Não seja, também, impaciente contra si mesmo. Tem seus defeitos, é verdade, mas
cada um de nós, nesse particular, tem sua parte. É pela humildade e pelo
recurso ao Senhor que chegamos a nos corrigir. Use esse duplo meio, vai
recuperar a calma e a consolação.
Não insisto sobre sua idéia de se refugiar numa Ordem severa. Sua saúde
responde bastante que essa idéia não é de Deus. Aliás, não é para fazer
penitências que Ele lhe pede, mas para adquirir a paciência e a submissão de
espírito que são tão agradáveis a seus olhos. Esforce-se tranqüilamente para
isso, de dia para dia, caro filho, e tenha certeza de que cumprirá plenamente,
quanto ao presente, sua santa vontade.
Adeus, meu bom amigo, tenho certeza de que me escreverá logo uma carta mais
consoladora. A presença do Sr. Lantiez tirará suas dificuldades e a
regularidade que retomará em breve a casa colocará um fim a todas as suas
perturbações. Vou rezar com insistência por você na linda festa da Natividade.
Una-se a nós, para que todos juntos honremos bem nossa Mãe, a Santíssima
Virgem, que nos tornou irmãos de seu divino filho Jesus Cristo.
Abraço-o ternamente em Jesus e Maria,
Seu amigo e Pai
Le Prevost
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