Até onde
pode conduzir o hábito de julgar e de criticar todas as coisas e todas as
pessoas. Conselhos para ajudar um irmão a reencontrar o caminho da humildade e
da abnegação. É preciso dar prova de compaixão para com ele.
Vaugirard,
13 de novembro de 1866
Meu
excelente amigo e filho em N.S.,
Não
duvidei um só momento de que você e nosso excelente irmão Marcaire tenham feito
tudo, para oferecer uma boa e útil situação ao Sr. Emile [Beauvais]. É, já lhe
disse, da sua natureza dificilmente acostumar-se às impressões que uma mudança
de lugares e de pessoas e de ocupações pode suscitar. Além disso, seu espírito
está, neste momento, mal disposto: acostumou-se, um pouco como havia feito o
Sr. Carment, a tudo julgar, a tudo censurar, a considerar todo o mundo pouco
bondoso para com ele. Quando se sai da humildade, da obediência e da abnegação
na vida religiosa, se é completamente fora de seu caminho e não se saberia
achar tranqüilidade. Aí está seu estado. Tínhamos esperado que uma mudança de
lugares pudesse ser-lhe favorável. Até agora, o meio não tem muito êxito. No
entanto, achamos que, com alguma delicadeza no trato, ele se acalmará. Poderia,
nesse caso, prestar grandes serviços, pois tem a experiência de nossas obras, é
trabalhador e fiel às suas funções, quaisquer que sejam. Escrevo-lhe para dizer
que o Sr. Lantiez ou eu devemos, daqui alguns dias, ir a Arras para a ordenação
do Sr. de Varax, do dia 20 ao dia 25 deste mês, que conversaremos com você e
com ele, para pensarmos nos meios de lhe devolver a paz. Talvez esses poucos
dias sejam o bastante para encaminhá-lo a uma melhor disposição. Se fosse
diferente, veríamos como se deve substituí-lo em sua casa e empregá-lo em outro
lugar. Diga tudo isso ao nosso caro irmão, o Sr. Marcaire, assegurando-o de que
tenho plena confiança, como sempre, em seu zelo e em sua dedicação, tanto como
na sua própria. Peçamos a Deus juntos por nosso pobre irmão Emile. Seu espírito
está abatido e mal disposto, é um mal como outro e que exige compaixão de nossa
parte.
Adeus,
meu caríssimo amigo, abrace por mim nossos caros irmãos Marcaire e Hubert, e
acredite também em minha terna afeição em N.S.
Seu
amigo e Pai
Le Prevost
Sele
minha carta ao Sr. Emile antes de lhe entregar.
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