O Sr. de Varax foi ordenado padre no dia 25 de
novembro por Dom Lequette: alegrias da ordenação. Delicadezas a ter para com o
padre Laroche que não pode cumprir tudo o que prometeu para com a obra de
Arras.
Vaugirard,
27 de novembro de 1866
Meu
caríssimo amigo e filho em N.S.,
As
alegrias superabundantes da sua alma têm tantos ecos e simpatias quantas almas
verdadeiramente sacerdotais, pois não há uma só que não se lembre, com uma
lembrança indelével e sempre viva, das graças de que o Senhor a cumulou na hora
insigne de sua ordenação. Entre nós, essas simpatias se acham acrescentadas por
todas as nossas ternuras para com você. Se ousasse, diria que, da minha parte,
havia algo mais íntimo ainda, mas não levanto a voz, pois vários reclamariam
contra a pretensão. Sem debate, tenha a plena certeza, caro filho, de que todos
os nossos corações, todas as nossas emoções e nossas orações estavam com as
suas. Cor unum et anima una [um só coração e uma só alma], é a vida, a
respiração comum, a união em Deus, a mais terna caridade.
Proponho-me
escrever-lhe, após a volta do Sr. Lantiez que aguardo esta noite ou amanhã
cedo, salvo informação contrária, para dizer-lhe o que tiver sido decidido no
que toca ao jovem professor. Ele devia ver o Sr. Lantiez no domingo em
Grenelle, não o encontrou ali e deve ter sido bem desapontado.
Não
vejo inconveniente real em sua pequena viagem a Lille. Teria preferido muito
para você, nestes primeiros momentos, um pouco de calma e de paz com Deus em
vez de excursões para fora, mas, se julga que haja nisso para você um dever de
família, aja para o bem maior.
Vou
lhe mandar quanto antes os 100f
que queria entregar ao Sr. Lantiez para você. Pensarei também em endereçar-lhe,
pela via melhor, os dois livros que me pediu.
O
Sr. Abel du Garreau recebeu a remessa do Sr. Berloty e acusou recepção. A
importância do mandato não foi recebida, mas poderá sê-lo quando se quiser.
Você me dirá, em tempo oportuno, seus pensamentos a esse respeito.
Recebi
ontem do Sr. Laroche uma carta em que se mostra entristecido por estar tão
vivamente incitado a pagar os socorros por ele prometidos à obra de Arras.
Explica-me as causas, reais conforme vejo, do embaraço em que o colocou sua
instalação nas Baraques, para onde teve que levar tudo e onde encontra
bem poucos recursos. Parece-me bem evidente que a boa vontade não lhe faltou
para nos ajudar. Promete, de resto, que, pelo mês de março, recomeçará a ajudar
a obra, tão bem quanto puder. Acho que fará bem em escrever-lhe algumas
palavras de cordialidade para assegurá-lo de que você estava bem longe de
querer contristá-lo, que, se esteve um pouco insistente, foi sob esse império
da necessidade que se expressa pelo ditado: A fome faz sair o lobo da floresta,
ou, melhor ainda: A galinha cuida bem de seus pintainhos.
Adeus,
caríssimo amigo, deve ter sido recebida há vários dias, no Bispado de Arras, a
dimissória do Sr. Victor [Trousseau]. Monsenhor [Dupanloup] esteve de uma
condescendência sem igual. Respondeu-me pessoalmente imediatamente e, dois dias
depois, seu secretário me avisava do envio do documento. A autoridade cristã
tem a mão suave e firme ao mesmo tempo; beijo essa mão com respeito.
Pensei
muito que todos tínhamos nossa parte de sua bênção de padre. Inclinei-me pelo
pensamento, na hora aproximativa (sem dúvida) em que você tinha adquirido o
feliz privilégio de no-la dar.
Ainda
não sei se sua boa mãe estava ali. O Sr. Lantiez me dirá isso com o resto.
Adeus,
caríssimo filho, sempre meu filho, embora padre, e eu, sempre seu Pai muito
afeiçoado em Jesus e Maria.
Ternos
sentimentos para todos
Le Prevost
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