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Jean-Léon Le Prevost Cartas IntraText CT - Texto |
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1353 - ao Sr. TourniquetNarrativa dos últimos momentos do irmão Girard. Notícias da Comunidade. Acidente em Roma. Os irmãos, “atarefados, sempre no ar” não fazem seguir as mensagens. Envio do Anuário. Dever de manter a caridade fraterna em seu coração.
Chaville, 2 de novembro de 1868
Meu caríssimo amigo e filho em N.S.,
Nossas cartas se cruzam muito ordinariamente, por causa da lentidão dos mensageiros que as levam. Daí, não se respondem muito uma à outra. Assim, vejo em suas últimas missivas que você parece feliz na persuasão de que nosso caro irmão Sr. Girard iria sarar logo. Infelizmente! a cura, era para ele a morte. Declinava cada vez mais há um certo tempo. Após uma breve ausência, que tive de fazer com o Sr. Myionnet para assistir à bênção da capela do patronato de Angers, encontrei-o definitivamente acamado. Era na quarta-feira e, no sábado seguinte, dia 24 de outubro, devolveu a Deus sua alma, às 9h30 da manhã, no mesmo momento em que, na minha missa em Nosso Senhora da Salete, estávamos rezando por ele com as pessoas ali reunidas. Morreu sem agonia alguma, apagando-se no esgotamento absoluto de suas forças, em que o colocara sua diarréia. Ficou consciente até poucos instantes antes de expirar. Tinha recebido os sacramentos com grande piedade e, uma hora mais ou menos antes de morrer, ainda respondia às orações que eram feitas por ele. Como o Sr. Faÿ lhe tinha perguntado na véspera se fazia de bom coração seu sacrifício a Deus, respondera, após um momento de recolhimento: “Sim, viver para trabalhar, ou permanecer lânguido e inútil, ou morrer, aceito, qualquer que seja, a santíssima vontade de Deus.” Foi nessas disposições que deixou este mundo. Confiamos que o Senhor o terá recebido em sua misericórdia. Seus restos estão depositados no jazigo de Chaville, embora não tivesse feito votos. Tinha-se doado todo inteiro de coração, de antemão: a família o considerou como lhe pertencendo verdadeiramente. Agora, amplia a pequena falange dos nossos que nos aguarda (ao menos é o que esperamos) no mundo melhor. Terá seguramente rezado bem piedosamente por ele. Aqui, todos os nossos irmãos eclesiásticos rezaram várias missas em sua intenção e nossos irmãos leigos ofereceram também suas comunhões e obras com o mesmo sentimento.
É muito tarde para dizer-lhe que estivemos bem comovidos pelo acidente desastroso de que você e nosso irmão Jouin quase foram vítimas410. A divina Providência, como o nota tão bem nosso irmão Emile [Beauvais], interveio visivelmente para protegê-los nessa ocorrência. Agradecemos-Lhe muito pela proteção com que Ela os cobriu e vemos nisso uma feliz segurança de que os garantirá ainda contra todo perigo no futuro. Não deixamos, aliás, de Lhe pedir isso, rezando juntos todos os dias por vocês. É com razão que se queixa da inexatidão que usam para executar seus recados. Todos atarefados, sempre no ar, tendo dificuldade para se encontrarem, para se entenderem entre si, nossos irmãos, sem querer, deixam em suspenso muitas coisas que teriam grande vontade de fazer. Vou usar de toda a atenção possível, doravante, para entregar suas mensagens em mãos seguras, cuidando de anotar a data dessa entrega, o nome dos que a tiverem recebido, para seguir e perseguir, se é necessário, os negligentes.
Recebi, pelo Sr. Bailly, o pedaço da veste do Santo Padre. É uma preciosa lembrança; divido-a com o Sr. Hello que o agradece comigo.
As roupas do Sr. Girard ainda não chegaram aqui. Não há atraso, mas anoto-o aqui para informação.
Recomendei ao Sr. Georges [de Lauriston] mandar-lhe o Compêndio de nossos usos [Anuário]. O R.P. de Boylesve, enviado para uma casa do interior, não nos faz mais o favor de livros. Alegro-me com o pensamento de que o Sr. Keller enviará alguns, vamos lembrá-lo disso. Os livreiros, por ocasião de um primeiro apelo, não deram quase nada. O Sr. Girard queria ir vê-los para ele próprio fazer seus pedidos. Deus não lhe deixou o tempo.
Não saliento as poucas palavras de sua carta sobre alguns desentendimentos entre os Srs. Emile e Charrin. Quero acreditar que têm o sentimento de seu dever e que se tornarão dignos da confiança que a Comunidade pôs neles ao enviá-los a um posto de honra. Não insisto, portanto, bem seguro de que esta única palavra, sem nenhuma censura nem ameaça será suficiente. São cristãos e servos de Deus, recorrerão a Deus, que manterá a caridade em seu coração. De resto, há uma só comunidade para nós em Roma, apesar da separação que suas ocupações provocam, durante algumas horas cada dia. Você é o superior dessa pequena colônia, indique a cada um o que tem de fazer e, com a graça do Senhor, os que você dirigir obedecerão.
Ofereça a Monsenhor Bastide minhas respeitosas lembranças, se não esqueceu completamente os dias em que me foi dado ter com ele relações de caridade. Os laços que se formam assim são ordinariamente mais fortes e duram mais do que todos os outros.
Adeus, meu caríssimo filho. Abraço-os a todos e peço ao Senhor para os abençoar. Seu amigo e Pai em Jesus e Maria.
Le Prevost
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410 Caminhando, de manhã bem cedo, do palácio Mariscotti à Villa Strozzi, os dois irmãos haviam sido derrubados por um cavalo.
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