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Jean-Léon Le Prevost Cartas IntraText CT - Texto |
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1378.1 - a Dom AngebaultViagem do Sr. Le Prevost a Roma. O Sr. Le Prevost solicita “algumas linhas com o seu próprio punho”, para dar peso ao documento que leva consigo e que é destinado a obter a primeira aprovação do Instituto pela Santa Sé.
Vaugirard, 15 de fevereiro de 1869
Monsenhor,
Recebi quase ao mesmo tempo sua boa e paterna carta e um exemplar de sua carta pastoral a respeito do Concílio convocado para o dia 8 de dezembro de 1869.
Li aos nossos irmãos do Conselho a carta, assim como faço de costume, para que todos juntos aproveitemos seus avisos e observações que foram, desde nossos pequenos começos, nossa luz e nosso amparo. A carta pastoral interessava toda a família sem distinção, portanto foi lida no refeitório e também deixada à disposição de cada um.
Estou me preparando, neste momento, para fazer uma viagem bem demorada para minha fraqueza, mas na qual, espero, a graça do Senhor me sustentará. Os de nossos irmãos que estão em Roma como guardiões dos dois Círculos militares franceses me incitam vivamente para lhes fazer uma visita, tendo necessidade de algumas orientações sobre alguns pontos que dizem respeito a sua conduta, seja nessa obra, seja para seus hábitos próprios. O Conselho de nossa Comunidade julgou que haveria utilidade real nessa excursão e que convinha que fosse efetuada por mim.
Aproveitarei para dar à Santa Sé algum conhecimento inicial de nossa pequena Congregação. Nossas Constituições, várias vezes postas sob seus olhos, Monsenhor, e em último lugar um pouco revistas pelo R.P. Cotel, Jesuíta que cuidou bem especialmente das Regras das Comunidades, foram por nós comunicadas a um dos Srs. Vigários gerais de Paris, que conversou com Monsenhor o Arcebispo. Pude, então, pedir pessoalmente, numa visita feita a esse Prelado, seu consentimento para levar a Roma esse ato que constituiria regularmente nossa sociedade religiosa. Monsenhor Darboy acolheu perfeitamente o requerimento, deu seu consentimento à minha viagem e quer bondosamente também me dar algumas palavras de recomendação para Roma.
Asseguram-me de que o sufrágio de um só Prelado não seria suficiente para nos obter algum sinal de aprovação da Santa Sé e que seria essencial ter também o parecer favorável dos Monsenhores os Bispos das dioceses em que temos algum estabelecimento ou posto a auxiliar religiosamente. Essa vista combina completamente com nossos sentimentos, pois não nos acharíamos bastante protegidos se não o fôssemos por Sua Excia., que foi tão visivelmente o Anjo que o Senhor encarregou de nos conduzir e de nos assistir em nossa via. Ouso, portanto, esperar de sua bondade paterna que se digne conceder-me algumas linhas com seu próprio punho, para que me dêem crédito em Roma e me preparem um acolhimento encorajador.
Escrevo também a Nossos Senhores de Amiens e de Metz, nas dioceses dos quais temos obras onde prestamos serviços. O Soberano Pontífice já tem algum pequeno indício de nossa existência, por ocasião dos Círculos sobre os quais lhe falaram várias vezes. Ultimamente, dignou-se dar algumas palavras de pêsames a um de nossos irmãos que lhe tinha sido apresentado e que, tendo contratado na sua função em Roma uma disenteria perigosa, voltou para morrer aqui, perto de nós.
Sei a predileção que o Augusto Chefe da Igreja testemunhou pela sua pessoa, Monsenhor, em várias circunstâncias, e tenho a confiança que seu sufrágio seria para nós um poderoso apoio. Serei, acho, acompanhado por um de nossos padres, Sr. de Varax, que já viu Roma e que poderá me guiar em meus movimentos.
Nossas Constituições, desde que foram postas sob seus olhos, sofreram apenas umas modificações de detalhe ou de forma. Parece-me supérfluo à Sua Excia. recebê-las de novo. Junto somente aqui uma folha autografada, que precede nossas Regras e que apresenta um relatório sumário de nossa situação presente.
Queira aceitar, Monsenhor, os novos protestos de meu profundo respeito e do filial devotamento com o qual sou
Seu humilde servo e filho em N.S.
Le Prevost, padre
A Congregação dos Irmãos de São Vicente de Paulo começou no ano 1845 com alguns homens, simples leigos, que uma viva atração pelas obras de zelo e de misericórdia tinha aproximado, e que um mesmo pensamento tinha tocado simultaneamente, a saber: que essas formas diversas emprestadas hoje em dia pela caridade para atrair as almas (instituições populares, patronatos, círculos, conferências, reuniões piedosas, etc.) parecem bem realmente segundo as vistas da Divina Sabedoria, mas que, geralmente, com a falta de agentes livres e desimpedidos para sustentá-las, iriam esmorecendo logo, impotentes, se Deus não suscitasse almas desimpedidas de todo laço terrestre que se aplicassem unicamente a desenvolvê-las e a firmá-las. Essa convicção, fortalecida pela oração e por meditações longamente repetidas junto às relíquias do grande apóstolo da Caridade, São Vicente de Paulo, os determinou a se abrir ao Pontífice que governava então a diocese de Paris, Dom Affre, de venerável memória.
Esse prelado os acolheu com bondade, declarou que seu pensamento era mesmo de Deus, e os autorizou a se reunirem para iniciar sua execução, oferecendo a esse fim dar-lhes asilo na Casa dos Carmelitas, onde a Escola Superior Eclesiástica ocupava até então apenas um pequeno espaço. Profundamente comovidos por esse encorajamento, mas desconfiando de seus meios e de seu pequeno número, preferiram se alojar numa humilde casa de Patronato de aprendizes, alugada recentemente no bairro Saint Germain pela Sociedade de São Vicente de Paulo.
Desde esses primeiros momentos, no início mesmo de sua existência, tinham recebido de Deus uma preciosa bênção pelas mãos de Dom Angebault, Bispo de Angers, decano dos Prelados da França, o qual, sendo o bispo diocesano e o diretor espiritual de um dos primeiros membros do Instituto nascente, tinha sido o conselheiro natural, ousemos dizer o primeiro Pai da pequena Família. Seu apoio, sua elevada experiência, suas condescendências mais amáveis a dirigiram, asseguraram-lhe a caminhada sem nenhuma interrupção até este dia.
Esse venerável Pontífice não se recusou a vir a Paris para consagrar a primeira pedra da fundação. Obteve do Sr. Superior geral de Saint Lazare que o relicário de São Vicente fosse descoberto. Ofereceu o Santo Sacrifício e comungou os primeiros Irmãos de São Vicente de Paulo. Eram somente três: um deles, padre hoje, ficou desde então chefe da família, os dois outros estão dirigindo as duas mais antigas casas de obras fundadas pela Congregação.
No decorrer desse ano, os três novos religiosos, reconhecendo que sua residência no seio de uma obra ativa atraindo uma afluência constante de crianças e de pessoas de todo estado, não lhes deixaria liberdade alguma para os exercícios piedosos, se retiraram para uma pequena casa que lhes foi oferecida providencialmente em Grenelle, perto de Paris. Ali, sem abandonar sua obra à qual vinham dedicar-se a cada dia, puderam, de manhã e à noite, se iniciar no recolhimento e na regularidade de que sentiam imperiosamente a necessidade.
Depois que dois novos membros se juntaram a eles, Dom Sibour, sucessor de Dom Affre, os autorizou a estabelecer em sua casa uma capela e, favor inapreciável, a conservar nela o Santíssimo Sacramento. A partir desse instante somente, sentiram-se seguros do futuro e se consideraram como fundados. E o foram duplamente, pois foi então enviado por Deus o primeiro padre da Comunidade. Desde o ano 1851, o Instituto foi suficientemente numeroso para poder tomar em Paris uma vasta casa e nela estabelecer um Orfanato onde foram admitidos, mediante pensões muito módicas, meninos da classe operária, privados de seu pai ou de sua mãe. Esse estabelecimento, muito ampliado em seguida, foi transferido para um local adquirido pela Congregação, em Vaugirard, e que forma hoje a Casa-Mãe.
Por esse tempo, Dom Sibour, próprio motu, designou o Sr. Dedoue, Vigário geral e seu secretário particular, como conselheiro e protetor da família para a diocese. Esse padre venerável veio durante dois ou três anos encorajar de vez em quando as obras da pequena Congregação, iluminando-a com seus conselhos, presidindo às vezes suas solenidades, particularmente aquelas em que se pronunciavam os votos. Em seguida, tendo sido chamado a um canonicato e tendo, por motivo de saúde, cessado de participar na administração diocesana, pôs fim às suas visitas. Nenhum sucessor lhe foi dado junto ao Instituto, o Conselho do Arcebispado tendo julgado, segundo a aparência, a Congregação doravante bastante constituída para seguir firmemente seu caminho. Mas as relações entre a administração diocesana e a Congregação nunca cessaram de ser as da mais paterna benevolência de um lado, e da mais sincera deferência do outro. Sua Em. o Cardeal Morlot, particularmente, se mostrou para a família um benfeitor insigne. Várias vezes, deu a aprovação mais cordial à Congregação e a suas obras. Com seu dinheiro pessoal, concorreu com importâncias consideráveis à edificação de uma capela dependendo de uma das casas do Instituto e, em muitas circunstâncias ainda, lhe prodigalizou os testemunhos de seu afetuoso e generoso interesse. Amparado por essa elevada benevolência continuada por seu digno sucessor, Dom Darboy, a Congregação pôde sucessivamente estar na frente, na circunscrição de Paris, de sete estabelecimentos caridosos, dos quais quatro lhe pertencem e estão sob sua direção imediata, e os outros recebem seus serviços pastorais. A casa do Noviciado é situada em Chaville (Seine-et-Oise), sob os olhos de Monsenhor de Versailles.
No interior, a Congregação presta seus serviços pastorais em dois estabelecimentos na diocese de seu primeiro protetor, o Senhor Bispo de Angers. Possui, além disso, sempre com o consentimento dos Prelados, dois estabelecimentos em Amiens e um em Metz. Enfim, última e preciosa bênção de Deus, seus Irmãos são os guardiões dos dois Círculos militares franceses em Roma.
O pessoal da Congregação, em seus dois elementos, eclesiástico e leigo, aumentou sucessivamente, em medida um pouco estrita, é verdade, mas tal, no entanto, que satisfaz rigorosamente a seus encargos. Conta com 12 padres, 2 outros vão ser ordenados este ano. Além disso, há 7 seminaristas em diversos graus das Ordens e 10 Escolásticos; os Irmãos leigos são 65. Mas como um tão pequeno rebanho continua imperceptível no imenso campo das obras. As principais cidades da França e mesmo de outros países, sentindo a utilidade desse meio de ação, suscitam em todos os lugares instituições de zelo e pedem com viva insistência agentes para sustentá-las. Os braços não bastam para a tarefa. Digne-se o Mestre da messe enviar para recolhê-la, numerosos e valentes operários.
As Constituições e a Regra da Congregação, estabelecidas sucessivamente e à medida em que a graça e a experiência iluminavam os que a conduzem, formam atualmente um conjunto bastante completo. Toma-se, então, a confiança de submetê-las à Santa Sé Apostólica para que sejam examinadas e, se for o caso, aprovadas por ela.
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