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Jean-Léon Le Prevost
Cartas

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  • Cartas 1601 - 1700 (1870 - 1872)
    • 1605 - ao Sr. J. Faÿ
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1605 - ao Sr. J. Faÿ

Primeira carta após o fim do sítio de Paris. Notícias da Comunidade.

 

Vaugirard, 6 de fevereiro de 1871

 

Meu caríssimo amigo e filho em N.S.,

Posso, enfim, romper esse longo silêncio e escrever-lhe, esperando que, desta vez, a carta lhe chegue. De todas as nossas misérias, a mais dura era essa quebra absoluta de toda relação com todos aqueles cuja vida é fundida com a nossa para constituir uma só na divina caridade.

 

Pôde, por sua correspondência com nossos irmãos do interior e com o Sr. Mitouard, acompanhar mais ou menos de perto nossos movimentos. Mas, para nós aqui, a barreira era intransponível, estávamos separados do mundo. Significa que   teríamos muitas perguntas a lhe fazer e poucas coisas novas a lhe informar431. Em poucas palavras, no que nos diz respeito, apesar do dilúvio de obuses e de seus estilhaços, ninguém dos nossos foi atingido. Alguns danos nos prédios de Vaugirard, alguns prejuízos mais notáveis em Chaville são, no conjunto, nossas perdas materiais. Não falo da fome, do alojamento nas caves, nem sobretudo da miséria dos pobres, da mortalidade mais do que dobrada, da desorganização completa de nossas obras. Estão  aí aflições comuns.

 

Acrescento, quanto às nossas obras, que se acham diminuídas, mas que ficam de pé em todo lugar, suscetíveis de serem restauradas e reanimadas com um pouco de esforço. O Sr. Mitouard pôde vir nos visitar há três dias e viu, assim como os Srs. Jean [Maury], Louis [Boursier], Arsène [Briscul] (chegado em Chaville desde o começo do sítio), lado a lado com os Prussianos que são, para falar a verdade, bem mais do que nós os donos da casa. Recebi ontem uma carta do padre Hello, que quer chegar logo perto de nós. Espero que consiga, embora não sem dificuldade. Carta também ontem do Sr. Trousseau, que deseja, por sua vez, nos visitar, se as vias não lhe forem fechadas.

 

Em Vaugirard, 400 artilheiros, cujo número vai ainda ser aumentado, ocupam o prédio de nossas crianças. Estamos refugiados, com 25 grandes e pequenos que nos ficam, nos locais da comunidade. As ambulâncias, que tínhamos estabelecido em todas as nossas casas, estão para se fechar.

 

Nenhuma das informações que pude receber me disse alguma coisa a respeito de vários de nossos irmãos. O Sr. Coquerel está sempre perto de você?

 

O que aconteceu com os Srs. Lemaire, Caron, Allard, Garreau, Manque, Emes, Pappaz, Piquet?

 

Onde estão, enfim, os Srs. Blanchetière, Trouille, um jovem operário de Saint Jean, os irmãos Lazaristas, os das Missões e do Santo Espírito, em uma palavra, todos aqueles que formavam a 7a ambulância?

 

As comunidades me mandaram pedir informações sobre seus sujeitos, não pude responder nada. O Sr. Risse me escreveu, há três dias. Ele e seus irmãos vão bem. Os Srs. Magnien e Pradeaux têm lições particulares de teologia da parte dos Srs. Sulpicianos. O Sr. Hubert parece ter voltado para você e o Sr. Bonnet, convalescente, à sua vez, vai também se juntar a você. Que poderá fazer deles? Seu rebanho está se tornando evidentemente numeroso demais. Todavia, não pareceria muito conveniente mandar de volta ninguém antes das eleições e da formação da Assembléia Nacional. Por enquanto, essa sobrecarga pode pôr suas finanças em déficit. Embora pouco ricos nós mesmos, poderíamos lhe enviar 200 ou 300f atualmente. Está vendo outra via fora de um mandato sobre um bancário de Tournay para fazê-los chegar?

 

Espero que me escreva logo, assim como meu caríssimo padre Lantiez. Sua presença em Tournay foi um grande apoio para todos vocês. Ele está bem restabelecido de seus cansaços da ambulância? Que rude empreendimento! Que Deus se digne abençoar esse movimento de nossa pequena família, até então tão quieta. O Sr. d’Arbois, escreve-me o Sr. Hello, está em Berlin. Pôde chegar até os prisioneiros e lhes fez chegar os auxílios que trazia. Que acham, o Sr. Lantiez e você, do projeto do Sr. Baumert para um estabelecimento em Londres, e que pensar também de um posto definitivo a formar em Tournay? Espero que o Sr. Jean-Marie [Tourniquet] tenha fortalecido sua saúde, que estava cansada, assim como o Sr. Bouchy e os outros. Quereria nomeá-los a todos, que me falem ou que outros me falem deles: tenho necessidade de sentir que estão vivos e em paz.

 

Tinha-lhe recomendado, em caso de penúria de dinheiro, recorrer ao Sr. de Caulaincourt. Teve alguma ocasião de vê-lo?

 

Vou terminar esta carta por hoje, não querendo atrasar sua saída. Mas, se Deus nos mantiver vivos e se os Prussianos, os agentes de sua justiça junto a nós, nos deixarem a liberdade, nossas correspondências, agora reiniciadas, não serão mais interrompidas.

 

Aguardando com grande impaciência notícias suas e de todos os nossos irmãos, abraço-os de coração com todos aqueles que me cercam. O Sr. Ladouce, que acaba de me servir de secretário, o assegura bem particularmente de suas mui vivas afeições.

 

Na sexta-feira, 10, o retiro mensal nos reunirá em Vaugirard. Como falaremos de você e como rezaremos por você! As lágrimas sobem a meus olhos. A reunião, um dia, será bem mais numerosa quando Deus, em sua misericórdia, tiver se dignado nos congregar a todos, para bendizê-Lo a uma só voz e de um só coração.

 

Seu  devotado e afeiçoado Pai em N.S.

 

                                               Le Prevost

 

P.S. Não saberei dizer-lhe quão viva é nossa gratidão pela admirável bondade de Monsenhor o Bispo e dos Srs. do seminário, e do Sr. Desclée. Que Deus digne-se devolver-lhes todo o bem que lhes fazem e aceitar as orações que fazemos a Deus por eles.

 

 





431 Aqui começa a parte ditada pelo Sr. LP. ao irmão Ladouce, até a menção de que serviu de secretário (dez parágrafos infra).





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