1608 - do Sr. de Varax ao Sr. J. Faÿ
P.S. do Sr. Le Prevost
Notícias das
obras e dos irmãos. O Sr. Le Prevost se alegra por saber o Sr. Lantiez são e
salvo.
Vaugirard,
16 de fevereiro de 1871
Meu mui
venerado irmão em N.S.,
Sem dúvida,
as lentidões dos primeiros comboios de missivas, saídos de Paris após o
desbloqueio, terão sido causa de não ter recebido a longa carta do P. Superior.
Nela, fazia-lhe todas as perguntas que sua afeição podia lhe sugerir sobre você
e sua casa. Sua carta do dia 3 deste mês ainda o deixa na incerteza sobre
diversos pontos. Encarregando-me de lhe agradecer, pede-lhe para completá-la
logo que puder.
Em primeiro
lugar, seria bem útil organizar uma lista, precisando os nomes dos
nossos irmãos reunidos neste momento em Tournay sob sua responsabilidade. O P.
Geral, confiando plenamente em você para os cuidados a dar e a vigilância a
exercer junto a estes, só teria que indagar do estado dos que ainda estão fora
de Tournay.
Embora a
situação que nos é deixada pelos acontecimentos esteja longe de ser próspera do
ponto de vista financeiro, o Padre não quer que sua pequena família sofra em
seu afastamento e se ofereceu, ao escrever-lhe, a ajudar, desde já, para sua
manutenção pelo envio de duzentos ou trezentos francos. Perguntou-lhe qual meio
seria o melhor para fazê-los chegar. Seria provavelmente uma letra de câmbio
sobre algum banqueiro de Tournay ou de Mons...? Terá a bondade de responder-lhe
segundo suas necessidades, e de dizer-lhe se essa importância bastaria por
enquanto.
A situação
que lhe foi deixada pelos hóspedes bondosos que os acolheram, tanto no Bispado
como no seminário e nas Conferências, é um sinal bem visível da proteção com
que Deus cerca os fracos e também um testemunho do espírito de caridade que
anima esses Senhores. O Padre Superior pede-lhe para lhes expressar seus sentimentos
agradecidos quando tiver a ocasião, sobretudo junto ao Monsenhor Bispo de
Tournay, ao excelente Sr. Desclée e aos Senhores do seminário. Um dia virá, sem
dúvida, em que a misericórdia de Nosso Senhor devolverá ao cêntuplo a esse país
hospitaleiro o bem que faz hoje a nossos queridos exilados.
Sabe,
talvez, indiretamente alguma coisa de nossa situação em Paris. As infelicidades
do sítio nos atingiram apenas o bastante para bem marcar aos nossos olhos a
proteção de nosso bom Mestre e de sua Santíssima Mãe, que é também a nossa. O
bairro de Vaugirard, exposto ao fogo violento que o inimigo dirigia contra a
bateria do Bastião 73, foi sulcado por obuses. Nossa casa viu milhares passar
sobre seus tetos sem causar dano notável. Um só obus furou o teto da sala São
Luís Gonzague, um obus inteiro entrou no quarto outrora ocupado pelo Sr.
d’Arbois, sob o sino, e não estourou. Um terceiro fez a mesma coisa nas
pequenas cabanas do quintal. O jardim, crivado, não viu cair um só sobre o
modesto teto da Salette.
Em Grenelle,
mesma proteção. Um obus caiu ao pé da estátua da Santa Virgem, no pátio, e não
estourou. Em Nazareth, as duas casas, em perigo iminente, não receberam um só
fragmento. Um obus estourou no ginásio dos aprendizes, após ter se encovado a
um metro no chão, ao pé da estátua do anjo da guarda. A sagitta volante in die, a negotio
perambulante in tenebris... custodisti nos, Domina ! [da flecha
disparada em pleno dia, da peste que caminha no escuro,... preservaste-nos,
Senhora!] As obras se mantiveram, com fases mais ou menos penosas de fervor ou
de relaxamento, mas nenhuma foi fechada. Retomam vida nova neste momento em
vários pontos. O Sr. Hello está de novo no meio de seu rebanho em Nazareth. O P.
Foinel é aguardado no Círculo. Em Sainte Anne, o Sr. Planchat não cessou de
aumentar o número de suas conquistas apostólicas, tanto entre os militares
(móveis, feridos, etc...) como entre as crianças de seus bairros e seus pobres
pais. A obra nunca se esvazia. O Sr. de Broglie consagra-lhe todo o seu tempo,
ou quase. Saint Jean transborda de soldados que são acolhidos ali como em um Círculo
militar e parecem pegar gosto à vida calma e cristã que se respira dentro.
Grenelle teve, como Nazareth, sua ambulância sempre cheia. Hoje, junta-se a
obra dos soldados à do Patronato.
Vaugirard
não recebeu de volta seus órfãos, 400 artilheiros foram alojados ali. Enquanto
se aguarda a paz, pensamos um pouco em fazer-lhes algum bem.
Eis aí bem
pouco para sua legítima curiosidade, meu bom irmão, mas já é o bastante para incitá-lo
a agradecer a Deus conosco por não ter permitido ainda que o ramo se
ressequisse em nossas mãos. Possa ele reverdecer enfim por toda a França e a fé
reinar em tantos corações que a tinham esquecido demais! Rezamos em união com
vocês nessas intenções cotidianas.
Adeus, meu
bom e venerado irmão. Mandando a todos a expressão da ternura de nosso Padre
Geral, junto a de minha humilde afeição em N.S.
B. de Varax
Padre, irmão de SVP
Meu
caríssimo amigo e filho em N.S.,
O Sr. de
Varax, vendo-me cercado de muitas correspondências que pedem resposta, me dá
hoje sua ajuda. Acrescento somente esta palavra para assegurar todos vocês de
minha terna afeição. Diga em particular a meu P. Lantiez que estou muito feliz
por sabê-lo são e salvo, assim como todos os nossos encarregados de ambulância.
Toda a sua família vai bem. Ultimamente, quando vimos seu irmão, só tinha algo
satisfatório para dizer a ele e aos seus. Naquele momento, a Sra. Lantiez e as
filhas ainda não tinham voltado de Etretat. Não acho que cheguem a Paris antes
da paz concluída. As Damas da rua Jacob vão bem, tive notícias bem recentes
delas ontem. Sobre seus parentes, como podia prever, o Sr. Flammarion faleceu,
o primo Préau igualmente, a Senhora Bachotet está doente, como em muitas vezes.
Todos os outros, incluindo o irmão Auguste [Faÿ] que me dá essas informações,
estão em estado satisfatório.
Vimos
muitas vezes os de Chaville. Tenho uma carta dos Srs. Baumert, d’Arbois, Risse,
Trousseau. Todos vão bem. Falarei com você sobre as obras de Tournay,
Londres, quando pudermos nos encontrar. Nada de Roma ainda. Vou escrever.
Seu
devotado amigo e Pai em N.S.
Le Prevost
Ternas afeições a todos.