1627 - do Sr. de Varax ao Sr. Baumert
A fundação em Londres pelo Sr. Baumert.
Prudência antes de montar planos mais precisos.
Chaville,
em 2 de abril de 1871
Meu
caríssimo irmão,
O
Padre Geral o autoriza de muito bom grado a aproveitar de uma maneira
definitiva das proposições tão paternais de Monsenhor o Arcebispo de
Westminster [Cardeal Manning]. O Padre escreverá pessoalmente a sua Grandeza
para lhe testemunhar a gratidão à qual tem direito da parte de nosso pequeno
Instituto. Para você, ao contribuir com sua pessoa e seu zelo para a fundação
definitiva desse estabelecimento apostólico, não se esqueça de que nossa grande
fraqueza e incapacidade em trabalhar ao serviço das almas nos obriga a contar
com Deus muito mais do que qualquer outro. Entre nós, nem a antiguidade, nem o
grande número, nem a potente organização, nem a fama ajudam nossos humildes
esforços. Mas teremos ganho tudo, se soubermos orar e aguardar, dizendo como
São Vicente, nosso Pai: “Nas coisas deste mundo, quanto menos se encontra o
humano, tanto mais Deus está presente”.
Forneça,
portanto, o quanto antes, à sua obra o bem que representa a chegada do irmão
Emes. Talvez já esteja muito impaciente por ir encontrá-lo, pois já foi
avisado, parece-me. Não será o caso de apressar da mesma forma a instalação de
novos prédios. Basta, por agora, estabelecerem-se apertadamente nos antigos. É
o bastante manter a obra, até nova ordem, nos limites um pouco restritos em que
a encontram. Após um certo tempo, quando forem percebidas de mais perto as
exigências e as possibilidades de cada coisa e de cada um, será possível montar
planos mais ponderados e mais suscetíveis de futuro. Se fosse preciso, mesmo
então, para a ampliação das obras, teríamos tido o tempo suficiente para nos
orientarmos e escolhermos um local mais apropriado aos nossos usos... Tudo
isso, portanto, você pode perceber, deve ainda ficar, por prudência, na
expectativa e na indecisão.
Terá,
conforme deseja, a visita de um enviado do Padre Superior. O Sr. Lantiez está
de sobreaviso. Poderia acontecer que sua viagem fosse impedida por algum
obstáculo. Nesse caso, iria eu no seu lugar, logo que um trabalho de que cuido
atualmente estivesse terminado.
Aguardando
esse abraço amical que o coração da Congregação lhe enviará com alegria nessa
terra inglesa que nos acolheu hospitaleiramente, não perca de vista, caro
amigo, que tem em si mesmo um tesouro de união e de paz espiritual em que pode
haurir todos os dias, sem o socorro de irmão nenhum nem de visitante, quero
falar do tesouro das observâncias... o amor das práticas do Instituto, a
meditação freqüente dos atos de virtude de nosso Pai São Vicente de Paulo, a
correspondência sob forma de boletim (como em Metz) com o centro do governo da
Congregação. Serão práticas que lhe darão vida e companhia no meio de sua
solidão. Não ficará sozinho, nem para o coração, nem, sobretudo, para a alma,
quando sentir a santa regra guiar seus dias e o anjo da guarda conformar-lhe
todas as suas ações.
Embora
sua viagem à Alemanha seja adiada, acolherá, no entanto, o Sr. Braun depois da
Páscoa. Seus negócios pessoais o chamam para Londres. Sua afeição agradecida
por nosso Instituto não lhe permitirá viver a seu lado sem lhe prestar algum serviço.
Todavia, será a título de amigo e de hóspede que deverá acolhê-lo, e sua estada
em sua casa não poderia dar-lhe motivo nenhum de tomar parte na direção dos
negócios, nem de exercer alguma autoridade.
Termino
aqui as comunicações do Padre Geral e mando-lhe, com seus paternos
encorajamentos, os votos afetuosos de
Seu
pequeno servo e irmão in Christo
B. de Varax
P.S.
De meu lado, solicito sua caridade em favor de um infeliz Alemão (da diocese
de Limbourg), cuja nacionalidade forçou a deixar a França, para onde viera há
uns dez anos, após ter abjurado a heresia. É um antigo pastor muito instruído,
casado, pai de vários filhos... Sua filha mais velha, professora na Bretanha,
deve também, acho, ter deixado a França. Como é dotado de um talento extraordinário
em música, tinha ganho seu sustento em Châlon, onde minha família o havia
acolhido e conseguido para ele um posto de organista em uma paróquia. É,
portanto, profundamente conhecido e é possível recomendá-lo. Está
atualmente em Lausanne, aguardando para achar uma posição. Se pudesse achar
uma, escreva-lhe então ao Sr. Christfreund, em casa da Senhora Lauffer, rua
do Flon, em Lausanne (Suiça).
Você
lhe diria que fui eu que o avisei. Para facilitar, lhe direi que esteve vários
anos afastado de sua família, para se colocar mais comodamente. Se não lhe
achassem outra colocação, aceitaria então, acho, separar-se ainda dos seus.
Além do talento de compositor fora do comum, possui uma instrução variada sobre
as línguas, a história, etc. etc.
B.V.