1759 - à Sra Marquesa de Houdetot
Vida
de família. Os deveres de estado antes de tudo. Conversões a obter.
Chaville, em 3 de agosto de 1873
Senhora
Marquesa,
Não acho
que seja por minha culpa, se minha resposta à sua penúltima carta lhe chegou
bem tarde. Uma multidão de circunstâncias se jogaram de permeio, constituindo
obstáculo. De qualquer modo, respondo que estava bem longe de mim ficar
indiferente a esses fatos que queria bondosamente me comunicar. Tinham em si
demasiado interesse para não chamar toda a minha atenção. Abençoei de longe a
querida pequena Thérèse, de quem ainda ignorava o nome. Pedi a Deus para lhe
fazer uma boa parte neste mundo e para pô-la entre as almas favorecidas por
suas preciosas predileções. Os detalhes de nascimento me parecem de feliz
augúrio. A divina Providência velava evidentemente sobre ela, e o anjo da
guarda a assistia na sua chegada neste mundo. Assim, não é verdade que tudo se
passou maravilhosamente? Possa a divina intervenção acompanhá-la também em toda
sua caminhada, não terá nada a invejar às criaturas mais favorecidas!
Já sabia,
no momento em que sua última missiva me falava de sua gravidade, a doença
inquietante da Senhora de Saint Maur. A natureza e o caráter do mal não parecem
muito prometer uma verdadeira cura. Mas ela é amada, cercada por almas piedosas
que obterão para ela, seja uma melhora em seu estado, seja esse repouso bem
mais desejável em que os sofrimentos e as penas não podem mais nos atingir.
Junto de todo o meu coração minhas instâncias às suas e às da Senhora sua mãe
para que Deus, segundo sua sabedoria e sua misericórdia, a console, assim como
os seus.
Como estou
entristecido por não poder ceder a suas tão amáveis instâncias para uma visita
a Saint Laurent! Mas como fazer? Fico detido aqui por deveres reais.
Interrompê-los sem uma absoluta e evidente necessidade me pareceria agir mal.
Se alguma necessidade de ordem maior para a Senhora ou os seus, espiritualmente
sobretudo, exigisse essa diligência, não hesitaria, a vontade de Deus pareceria
manifesta. Mas, nas condições presentes, haveria somente uma alegria para mim e
apenas uma leve e breve consolação para a Senhora, que tem a indulgência de
encarar assim as coisas. Permanecer em minhas obrigações de estado, não é o que
pede a razão? Estou bem certo de que seu sentimento não será muito diferente do
meu.
Tomo uma
viva parte em suas preocupações sobre o estado de alma de seus caros tios
[General d’Hurbal, irmão de seu pai; Sr. de Bailleul, irmão de sua sogra],
daquele de Vendôme sobretudo, que vi, que me parece de um espírito tão elevado,
tão bem feito para se nutrir com a verdade e os bens reais da vida espiritual.
Mas tenho boa confiança de que os fatos que aconteceram durante sua estada
junto a ele terão deixado nele uma viva impressão. Ele se aproximará mais vezes
de seu pároco, capaz, parece, de compreendê-lo e de combinar com ele. Eis
indícios bons e esperanças reais. Rezemos constantemente, ofereçamos alguns
pequenos sacrifícios e boas obras, o Coração do Senhor se deixará ganhar.
Estarei em tudo isso numa fraca e indigna parte, feliz, Senhora, por lhe
testemunhar assim meus sentimentos de profunda simpatia e de bem respeitoso
devotamento. Peço também à Senhora sua mãe para aceitar com a Senhora o
protesto desses sentimentos e para acolher, sempre em comum, a homenagem de meu
inalterável apego em N.S.
Seu humilde
e devotado servo
Le Prevost