1760 - à Sra. Marquesa de Houdetot
Pêsames.
Pesar por uma visita perdida. Belezas da Normandia.
Chaville, 16 de agosto de 1873
Senhora
Marquesa,
Tomo uma
parte sincera e viva na aflição que acaba de golpear sua família pelo falecimento
da Senhora de Saint Maur. Desde a recepção de sua última carta, pressentia esse
triste acontecimento, sem ter podido verificar se se tinha realizado. O estado
habitual de sofrimento em que se encontrava essa excelente senhora deve ter
tornado para ela o sacrifício de sua vida menos penoso, mas a perda é real para
seus caros filhos, que sentirão dolorosamente a privação de uma mãe tão amada e
cuja experiência e espírito esclarecido podiam dirigir sua caminhada através da
vida. Sua própria tarefa, Senhora Marquesa, se ampliará na mesma medida. Deus
dará à Senhora d’Hurbal e à própria senhora dupla graça para que, por suas
afeições e ternos devotamentos, o vazio seja, na medida do possível, diminuído,
senão cumulado.
Como estou
comovido pelo amável pesar que se dignou, com a Senhora sua mãe, me exprimir a
respeito de minha viagem não realizada a Saint Laurent. Seria demorado demais
explicar-lhe as diversas circunstâncias que tornariam esse movimento como que
impossível neste ano. Faço questão, todavia, de assegurá-la, Senhora, de que
teria sido para mim uma verdadeira consolação e que me deixa um pesar bem
sincero, agora que estou ainda mais retido aqui do que antes, por causa da
ausência forçada de vários de nossos Senhores. Há uns dez dias, estou bastante
debilitado, em conseqüência de uma inflamação trazida pelos grandes calores.
Tive que renunciar a chegar até mesmo a Paris, porque minhas forças estavam
como que esgotadas. Minha saúde é, de resto, constantemente tão frágil que
correria risco, querendo visitar alguma pessoa indulgente e boa como a Senhora,
de trazer, em lugar de uma conversação amável, um estorvo, um peso, um
verdadeiro aborrecimento. É essa perspectiva inquietadora que me torna tímido
para toda excursão. Mesmo quando vou, em raros intervalos, para junto de minha
irmã, nunca posso lhe precisar o momento de minha chegada, que é subordinado às
instabilidades de uma constituição gasta e débil.
Perdoe-me,
por favor, esses fastidiosos detalhes. Enuncio-os somente, entre muitos outros,
para manifestar que não foi a falta de atenção, mas uma dificuldade real que me
fez renunciar à satisfação de ver Saint Laurent e seus amados e venerados
habitantes. Em compensação, vou para lá muitas vezes, muitíssimas vezes, pelo
pensamento: à pequena capela, ao parque, à beira do mar, à Delivrande e a todos
os tipos de lindos locais da vizinhança. Na minha última viagem, achei nossa
Normandia mais rica, mais linda do que a tinha visto. O trajeto de Duclair a
Yvetot é de um esplendor, de uma potência maravilhosa, a fecundidade dos
campos, o vigor das árvores, a variedade dos aspectos, às vezes imensos, às
vezes cortados pelos acidentes do solo, fazem dessa excursão um admirável e
delicioso passeio. Teria encontrado tudo isso, com certeza, em Saint Laurent e, acima
de tudo, a alegria de uma doce intimidade que a Senhora d’Hurbal e a Senhora
tinham a condescendência de me prometer. Não estou bastante avançado em
mortificação para me ter privado voluntariamente de tão puras e tão preciosas
alegrias! Já é muito oferecê-las em sacrifício Àquele que quis me impor essas
privações.
Rezo
fielmente pelas conversões, pelas mães, os filhos e os netos. Rezo pela grande
fazenda, enfim, por todos os seus interesses espirituais e de coração e de
ordem temporal. Deus, nosso Pai, cuidará de tudo isso e se dignará ceder aos
nossos votos.
Queira
aceitar, Senhora Marquesa, e partilhar com a Senhora d’Hurbal, todos os
sentimentos de respeito com os quais sou em N.S.,
Seu humilde
e devotado servo
Le Prevost