1769-à Sra. Marquesa de Houdetot
Conselhos
e reconforto à sua benfeitora que se encontra novamente sozinha, após a saída
de seus filhos.
Chaville, 13 de dezembro de 1873
Senhora
Marquesa,
Seus caros
filhos, neste momento, já a deixaram, sem dúvida, e esta carta vai encontrá-la
sozinha em Saint Laurent
com sua boa mãe. Entendo bem que essa separação tão rápida, com a qual não
devia ter contado, lhe terá sido particularmente penosa, posto que o estado de
mal-estar e de cansaço em que se acha o Senhor seu filho nos deixa alguma
inquietude. O grande e eficaz remédio para esse novo golpe será, para a
Senhora, no recurso ao Pai das misericórdias. Seu Coração terá alívios para sua
aflição e saberá também curá-la. Alguma lassidão de saúde, provindo de ardor excessivo
pela caça e talvez de outras alegrias que sua condição torna legítimas, não é
um mal verdadeiramente inquietador em si, mas uma alma terna e materna põe
facilmente as coisas para pior. Deus o permite, sem dúvida, para nos lembrar o
quanto nossos bens mais caros são frágeis e o quanto é sábio amá-los nele que,
mesmo ao retirá-los de nós, seria poderoso para no-los devolver. Vou, como
sempre, unir minhas orações às suas. Reservei particularmente todos os
primeiros dias de cada semana, na Santa Missa sobretudo, à Senhora e a tudo o
que lhe é caro. Mas, não há dia em que não ofereça a Deus alguma lembrança
especial nas mesmas intenções.
Pedirei-Lhe
para visitá-la em sua solidão, para torná-la não somente suportável, mas doce e
cheia de consolação. Não disse ele, falando da alma fiel: “A conduzirei para a
solidão e lhe falarei no fundo do coração”. A Senhora responderá, tenho
certeza: “Fale, Senhor, sua serva escuta”. Se essa palavra divina chegar ao
íntimo de sua alma, a tornará cheia de alegria e de confiança e derramará na
Senhora como que uma plenitude de vida. É um ante-gosto do Céu de que gozou
mais de uma vez e que um coração piedoso como é o seu não saberia esquecer. As
leituras um pouco fortificantes lhe serão também de um grande socorro. Se houvesse
alguma pela qual sentisse atrativo, apressar-me-ia certamente, após uma palavra
de aviso de sua parte ou da parte da Senhora d’Hurbal, para lhe fazer chegar a
obra que me teria sido indicada. Acho, perdoe-me a Senhora ainda esta palavra,
que um tipo de pequeno regulamento ou organização das horas do dia lhe tornaria
esses tempos de isolamento mais aceitáveis e talvez amáveis. Enfim, e com tudo
isso, a saúde de seu caro filho vai se fortalecer. Vai reencontrá-lo em Paris,
onde, talvez, chegará menos tarde do que no ano passado. Tenho muito medo de
ter pensado em mim, nesse ponto particular, entrevendo que me seria dado
fazer-lhe, mais cedo do que tinha esperado, algumas visitas, assim como à sua
excelente mãe, tanto é verdade que nos envolvemos em tudo e em todo lugar.
Perdoe isso a Senhora ao sincero e afetuoso devotamento de que estou animado
por uma e outra das Senhoras.
O Sr. de
Caulaincourt, atualmente em Paris, veio a Vaugirard, mas sem que eu estivesse.
Viu o Sr. de Varax, deixando esperar que tenha a satisfação de vê-lo.
Queira
aceitar, Senhora Marquesa, os novos protestos do profundo respeito com o qual
sou
Seu humilde
servo e amigo em N.S.
Le Prevost