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Jean-Léon Le Prevost
Cartas

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  • Cartas 1 - 100 (1827 - 1843)
    • 51 - ao Sr. Levassor
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51 - ao Sr. Levassor

Sua saúde se mantém, mas sua alma está desorientada. A Conferência São Sulpício esmorece um pouco; uma seção foi constituída no Bairro St-Germain. Lacordaire pregou em Notre-Dame de Paris em favor dos órfãos da cólera. Os Jesuítas de Place e de Ravignan começam a se dar a conhecer. A vocação de seu amigo está entre as mãos da Providência.

 

6 de janeiro de 1836

 

                        Meu muito querido amigo, não é, dou-lhe a certeza disso, por represálias que minha resposta lhe chega tão tarde. É por simples e pura insuficiência de minha pobre cabeça que, durante esses dias nebulosos, sobretudo, não concebe nem produz nada, nem mesmo o ato mais fácil e mais doce, senão com pena, devagar e com grandes intervalos. Não sofro, minha saúde é até mais ou menos, mas minha vida é tão ruim, tão pobre, que é uma lástima; é como um pequenino fio de água correndo sobre os grãos de areia: mais um pouco,  se perderia completamente. Com isso, a quem refrescar ou dessedentar? Um passarinho ou uma formiga, mas gente do seu tipo, amigo, eles não teriam, juntando tudo, o necessário para um só desjejum. Falo aqui, claro, da vida espiritual e moral. Quanto à vida das pernas nada pára sua atividade triunfante, sempre correndo, sempre apressado, só falta a esse respeito uma coisa, saber aonde vou, por que corro, qual a vantagem para mim, ou para outros. Eis aí minha história em quatro palavras: corpo e alma.  

Você está vendo que não havia pressa para lha contar. Quanto ao resto, não sei se, como na icterícia, vejo tudo amarelo, mas nada ao meu redor me parece merecer atenção, fora de um só fato que talvez seja velho para você. Alguns dias após a Festa de Todos os Santos, nosso amigo, o Sr. Estève, nos fez seus adeuses e entrou no Seminário de Issy; ele se encontra ali às mil maravilhas e não quer sair, a não ser para entrar no ano que vem no Seminário Maior de Paris. Devo ir visitá-lo daqui a pouco com o amigo de Montrond75 que parece, ele, dirigir-se definitivamente para uma carreira diferente. Nossa pequena sociedade subsiste, mas não aumenta; há, neste momento, um pouco de hesitação, uma seção se formou no bairro Saint Germain, ela tem dificuldade em  tomar vida, temos grande necessidade da ajuda de Deus e dos nossos santos padroeiros, grande necessidade também das orações dos nossos amigos; ore portanto por nós, você que nos ama.

            Consegui reunir, ainda desta vez, alguns fundos para seus aluguéis; terei ao todo 38 francos. Faltar-me-ão, por conseguinte, 37 francos que adiantarei. O Sr. de Persan deseja não pagar-lhe aqui os 15 francos que lhe deve, disse-me ter escrito ao padre Teissier (acho) para que esse dinheiro lhe fosse entregue em Chartres.

            Suas pobres protegidas estão sempre no mesmo estado, espiritualmente muito bem, tenho confiança, temporalmente muito provadas pelo bom Deus. Ele mesmo cuida, aliás, de consolá-las. Dona Delatre comungou em casa esses últimos dias.

            O Sr. Lacordaire pregou recentemente em Notre-Dame em favor dos órfãos da cólera.Não foi feliz, seu discurso pareceu geralmente ruim; ele se reerguerá; aliás, a Providência tomou isso como bom, o objetivo foi atingido, recolheram na coleta muito dinheiro.

            Um jovem Jesuíta, Sr. de Place, começa a se fazer aqui uma grande reputação, ao meu ver, bem merecida; um outro, o Sr. de Ravignan, ex-procurador do Rei, inicia, dizem, com um brilho extraordinário.Na Quaresma, você poderá ouvi-lo; este último deve pregar em Saint Roch.

Você deixa, caro amigo, sua vocação definir-se pouco a pouco, e faz bem, creio; a Providência, se você se deixar conduzir,  levá-lo-á onde ela quer. Rezo por isso sem pular um só dia; quanto a você, conserve de mim uma piedosa lembrança junto ao nosso divino Mestre; minha situação é bastante calma, mas você sabe, enquanto esta paz não tiver como alicerce, de ambos os lados, a fé, a caridade, não se pode contar muito com ela.

Associar-me-ei com toda minha alma às orações por seu irmão; diga-me, por favor, o endereço do príncipe de Hohenlohe, talvez eu recorra a ele em favor de nosso pobre Guépin  cuja existência, por miserável e doentia que seja, é um primeiro milagre. Li recentemente uma obra do príncipe de Hohenlohe precedida de uma notícia escrita por ele mesmo sobre sua vida. A obra é nula, mas se encontra nela fé, piedade fervorosa, é o bastante. Procure adquirir a Douloureuse Passion de Jésus-Christ por Irmã Emmerich, é uma obra maravilhosa.

Tudo seu em Jesus Cristo

                                               Le Prevost

Recomendo-me instantemente às orações do Sr. Lecomte, sobretudo pela conversão de quem você sabe.

 





75 Máxime de Montrond, primeiro biógrafo do Sr. LP. Um homme de bien, ami des ouvriers, le Père Jean-Léon Le Prevost, (manuscrito, ASV.). Freqüentava as reuniões Montalembert onde reparou em Ozanam e o Sr. LP. Futuro membro da Conferência de Caridade, escreverá em la Tribune catholique. Amigo íntimo do Sr. LP., descreverá com emoção a primeira missa daquele que chama de “o humilde servo de Deus”, um “dócil instrumento nas mãos do Senhor”.





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