Índice | Palavras: Alfabética - Freqüência - Invertidas - Tamanho - Estatísticas | Ajuda | Biblioteca IntraText |
Jean-Léon Le Prevost Cartas IntraText CT - Texto |
|
|
62 - ao Sr. MaillardDiploma de estudos jurídicos de seu jovem amigo. Exortação para levar uma vida reta e cristã, assim como a fazer frutificar os dons que recebeu.
1o de agosto de 1836
A dificuldade bastante grande para mim, querido amigo, de deixar meu escritório a fim de cumprir seu pequeno recado, atrasou mais que teria querido minha resposta: tenho condições agora e acorro. Seu diploma não está mais no Ministério onde estive para buscá-lo. Mandaram-me à Faculdade, que não julgou suficiente a autorização que você me tinha enviado. Uma procuração semelhante seria boa, mas cuidando de fazer autenticar sua assinatura pelo Prefeito de Angers. Você, portanto, pensará nos meios de satisfazer Dama Faculdade. Bem sabe, caro Adrien, como teria gostado de guardá-lo aqui. Tinha às vezes algum remorso de insistir demais nessa doce idéia que podia não estar nos projetos de sua família, mas, cedendo à inclinação, combinava com você todo um futuro bem longe de Angers, junto de nós e sob meus olhos de pai e de amigo. O que você quer? O vento o leva, embora bem novo; muitos sonhos já passaram assim para você, muitos outros ainda passarão; o melhor talvez seria não sonhar mais, mas você não chegou a essa etapa, caro filho, e você chorará muitas vezes ainda suas doces quimeras que voaram. Tudo bem calculado, se você há de ser advogado, mais vale Angers para se preparar do que Paris. Aqui você teria, com certeza, ficado enjoado com essa carreira; abrindo-se cada vez melhor, seus olhos lhe teriam mostrado as graves dificuldades de uma via tão geralmente mal freqüentada: em sua região, deve ser menos ruim. Com uma firme vontade, pode-se ali, acho, guardar ainda honra, delicadeza, consciência, e conciliar tudo isso com um lucro razoável e legítimas pretensões. Não se poderia ficar nas nuvens, é-nos preciso andar de pés no chão; sendo em lugar limpo, países e locais têm pouca importância. Apesar de minha terna afeição por você, considerarei como secundários esses acidentes tão diversos, se o essencial, se o único necessário, a retidão, a santa honestidade de seu coração puderem permanecer sãos e salvos. Esses conselhos de moral sem princípio e sem fim ficam bem mal para mim, caro amigo. Sou desajeitado ao articulá-los. Gostaria de falar-lhe com uma linguagem mais verdadeira e mais elevada, mas você a entenderia, ela não o cansaria, não viria a contratempo? Quantas vezes esse medo me reteve aqui, quando, vendo em você mil faculdades nobres e preciosas, dizia a mim mesmo: todos esses tesouros, porém, poder-se-ia assegurá-los para o futuro! Deus que as fez só pede para aumentá-las e ampliá-las um único olhar de confiança e de amor. Esse olhar, Ele o solicita e o aguarda; oh! não lhe será, então, dado? Como uma palavra um pouco religiosa e de fé me teria alegrado o coração então, se você a tivesse deixado cair, caro amigo; mas, criança, você não pensava nisso, a hora passava, e eu ia embora. Eis que agora você está longe, se tornando homem, você terá a vontade mais firme e menos flexível, o coração menos terno, a inspiração menos fácil, isso dá muitas razões de inquietude e de dúvida sobre você; e no entanto, caro filho, espero sempre: toda a sua vida está ainda livre; nenhum compromisso com o mal, nenhum aborrecimento com o passado compromete seu futuro. Ele ainda é seu, bem seu, mas a hora da escolha chegou, os primeiros passos que você der podem ser decisivos. Oh! Oxalá tivesse bastante ardor e poder para dizer-lhe bem tudo o que esse instante tem de solene e de imenso para você! Um guia seguro, iluminando para você o mundo, traçar-lhe-ia nele os dois caminhos, dir-lhe-ia as penas, tormentos e aborrecimentos de um, a paz, a segurança, o grande final do outro, arrastaria sua vontade, empurrá-lo-ia, queira ou não, para a verdadeira via, e forçá-lo-ia a nela andar: não tenho eu nem força nem missão para isso, tenho somente meus votos mais ternos, minhas orações mais fervorosas. Você as terá, caro amigo, tenha a certeza: possam eles, como um sopro feliz, virar suas velas para o melhor futuro. Desse lado ainda, está o seu único refúgio para conservar sua poesia tão querida, seu amor da arte, seus estudos mais amados. Em Angers sobretudo, longe do lar que reanima e ampara tudo, você, bem depressa, terá esgotado seus recursos; o mundo do belo se fechará para você; se Victor conservou sua alta visão, seu nobre e generoso pensamento, é à fé que ele o deve; interrogue-o, ele lho dirá; sem ela, seu espírito como seu coração teriam se tornado áridos, a fé, mesmo nesse sentido, só a fé o salvou. Ponha, portanto, nesse abrigo os preciosos dons de sua alma; em outro lugar, tudo está perdido, tudo se conserva por ali. Adeus, caro filho, o outono me entorpece, esta carta lhe dará um testemunho disso, mas deixe a forma, tome somente o fundo, quer dizer, minha terna e viva solicitude por você, com meus mais afetuosos sentimentos. Abrace a Victor, devo-lhe uma carta, e Théodore e Cosnier, Beauchesne. Lembrança a nosso querido Emile. Le Prevost
|
Índice | Palavras: Alfabética - Freqüência - Invertidas - Tamanho - Estatísticas | Ajuda | Biblioteca IntraText |
Best viewed with any browser at 800x600 or 768x1024 on Tablet PC IntraText® (V89) - Some rights reserved by EuloTech SRL - 1996-2008. Content in this page is licensed under a Creative Commons License |