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Jean-Léon Le Prevost
Cartas

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  • Cartas 1 - 100 (1827 - 1843)
    • 72 - ao Sr. Pavie
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72 - ao Sr. Pavie

Um amigo comum, Ménard, volta para Angers. Desejo de receber notícias de seu amigo. Com a Sra. Le Prevost, é “paz de tolerância”, antes de simpatia e afeição. Penas aqui em baixo, descanso lá no alto.

 

27 de novembro de 1837

 

            Mandamos-lhe de volta seu pequeno Ménard; você precisa chocá-lo mais um pouco antes de deixá-lo levantar vôo; tem poucas penas ainda, o ninho lhe convém por um tempo; o acolhê-lo-emos no ano que vem. Seriamente, estou bem contente por ele voltar a você; não se poderia ver sem inquietação uma querida pequena alma tão saudável, tão gentil, aventurar-se em nosso imenso mundo de Paris, sem guia e sem apoio. Quanto mais ele é entusiasta, confiante, iludido, tanto mais seria facilmente enganado ou seduzido. A experiência lhe daria, sem dúvida, alguma rude lição, mas é um triste meio, quando ele vem sem gradação e de forma brusca demais. Aliás, vi esse menino somente duas vezes, sem outra expansão de minha parte e da parte dele que a do tipo de generalidades banais, mas ele não é difícil de penetrar, parece-me; amá-lo-ei facilmente. Creio somente que minha ajuda lhe será insuficiente e que outros teriam bem mais influência que eu sobre ele.

 

            Você me prometeu uma carta, caro amigo, estou aguardando. Há muito tempo, não é verdade, nada de íntimo se extravasou de você para mim; seja o que for a fala de Gavard sobre isso, o implícito não basta, a forma é também essencial; não saberíamos, aqui em baixo, dispensá-la. Você tem aborrecimentos, sem dúvida. Algumas palavras chegaram até mim no ar sobre isso, o suficiente, porém, para me fazer entender que uma alma feita como a sua deve ter sido penosamente machucada. É um elo a mais na corrente que todos nós temos de arrastar, caro amigo, e que se alonga em cada um dos nossos dias. Como isso deve ser pesado no fim, e como o descanso deve parecer suave quando a gente a depositou. Você não pensou assim muitas vezes, não se queixe demais. Deus, em suma, foi terno por você. Que eu também evite a todo o custo de me queixar da minha parte; tantos outros mereciam mais e obtiveram muito menos.

 

            Mal entrevi Théodore desde sua volta, embora tenhamos sido reunidos bastante tempo; as ocasiões de se falar de outra maneira que não seja por meio de frases correntes são raras aqui. Ganha-se alguma coisa, no entanto, a ouvir-se de um pouco mais perto, quando, dos dois lados, tem-se alguma retidão e boa intenção.

 

            Diga-me, meu caro Victor, muitas coisas do seu interior, de sua cara pequena esposa sobretudo; desejo muito guardar sempre meu pequeno lugar no canto de sua lareira, embora eu não tenha muita possibilidade de prometer-lhe o mesmo, não tendo quase, para falar a verdade, nem  casa nem lareira. Devo dizer-lhe, no entanto, caro amigo, a você que toma tão terno interesse por nós, que a paz reina desde muito tempo em casa. Paz de tolerância, é verdade, mais do que de simpatia e afeição; mas não é já muito? Espera-se com tanta facilidade que, às vezes, me surpreendo a procurar nisso alguns indícios de uma melhora bem estabelecida para o futuro. A mão de Deus é necessária para tanto; não se canse, portanto, caro Victor, de suplicar a Ele comigo. Este laço, de fé e de oração, não é, aliás, entre nós o mais seguro penhor da duração de nossa fraterna afeição?

 

            Seu dedicado irmão e amigo

 

                                                Le Prevost

 




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