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Jean-Léon Le Prevost Cartas IntraText CT - Texto |
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115 - ao Sr. Myionnet120Após seu encontro providencial, o Sr. Le Prevost lhe expõe os meios de que dispõe para fundar uma congregação a serviço dos pobres. Ele o incita a se decidir, ele que está livre para se movimentar. Esperar a hora de Deus, na “oração e a prática das obras santas”.
Paris, 15 de outubro de 1844 Meu querido confrade, Esperava com uma viva impaciência sua boa e afetuosa carta do dia 8 deste mês121; mas contava com sua palavra e estava certo de que ela me chegaria, tão logo o retorno do Senhor Bispo de Angers lhe permitisse escrevê-la. Entrei logo em intimidade com você e talvez você tenha ficado um pouco surpreso com isso, mas em certas disposições do coração, as pessoas se entendem e se penetram plenamente em pouco tempo. Pareceu-me, meu caro irmão, quando nos encontramos à saída da igreja dos Lazaristas, que nossas almas eram assim abertas, e me deixei levar com toda confiança a você. De seu lado, você também me falou sem reserva, e nossa união se formou: ou muito me engano ou isso é do agrado de nosso divino Senhor e está nas previsões do seu amor. Nestes últimos dias, recebi de Monsenhor o Bispo de Angers uma carta curta demais pelo meu gosto, mas cheia de coisas excelentes e de pontos de vista perfeitos sobre nossa querida obra. Não duvido, não mais do que você, que sua caridade e sua experiência nos poderiam ser de grande valia, e esse pensamento, meu caro irmão, duplica meu desejo de vê-lo entre nós. Com efeito, ao mesmo tempo em que você uniria suas orações e seus esforços aos nossos, para preparar a realização de nossos projetos, seria nosso intermediário natural entre o Senhor Bispo e nós. Mantê-lo-ia a par, regularmente, de nossas esperanças, de nossos votos, consultá-lo-ia sobre as nossas menores diligências e nos transmitiria seus pareceres, e, espero também, suas bênçãos. Se Monsenhor, a quem acabo de responder em toda simplicidade de coração e depois de ter muito orado, como ele havia-me recomendado, houver por bem abrir-lhe a porta, venha a nós, meu caríssimo confrade, e tarde o menos possível. Já lhe disse em que estado e em que ponto estamos. Quero repeti-lo, para que não exagere nem nossos meios, nem nosso valor. Nosso pequeno cenáculo reúne 9 pessoas, incluindo você; 4 estariam livres desde agora e se dariam a Deus logo que ele quisesse aceitá-los; três outros ainda se acham retidos por obrigações que, para um deles ao menos, não poderiam ser eliminadas. Os dois últimos, embora livres, ainda estão retidos por um fio que se romperia depressa, se algum começo fosse dado à obra; é um pouco de incerteza e de timidez na vontade. De resto, sem temeridade, creio poder dizer que membros não faltariam à obra, se ela se estabelecesse. O importante é que seja iniciada. Mas aqui, meu caro confrade, a escuridão é grande para nós. Deus é cioso na execução de seus desígnios e não quer que a gente o preceda. Por isso, de costume, ele só nos mostra seus planos por uma pequena luz, fracamente sensível, e só dá o pleno clarão gradualmente e quando chega a hora. Para nós, neste momento, a aurora começa a despontar e aguardamos o dia.122 Veja bem, caro irmão, se essa espera não será demasiadamente penosa para você. Não somos donos de nada, somos como a nave que aguarda o vento no porto para içar a vela; a impaciência não serve para nada, enquanto a brisa não sopra, é preciso ter paciência e ficar. O tempo, aliás, não seria perdido aqui para você. Com os conselhos de Monsenhor e os de um sábio diretor, você há de modelar em si o homem interior a partir do exemplar divino, juntará na oração e na prática das obras santas o ardor, as forças e a dedicação de que se tem tanta necessidade, quando se quer cavar os alicerces de uma instituição caritativa. Eis aí meu pensamento, meu caro irmão, eis aí meus votos; possam eles estar conformes aos seus e aos de Monsenhor; então uma carta, muito próxima, me anunciaria sua chegada. Em todo o caso, escreva-me logo; ser-me-á doce entreter-me com você e espero que nosso relacionamento servirá à nossa edificação recíproca. O tempo me falta hoje para escrever ao Sr. Renier.123 Agradeça-lhe com viva efusão a carta, que me fez um grande bem; partilho com ele os sentimentos de confiança e de afeição que você lhe devotou e conto com o futuro para nos aproximarmos cada vez mais intimamente. Adeus, meu caríssimo irmão; reze muito por nós. De meu lado, rezo por você todos os dias. Seu de coração em J. e M. Le Prevost
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120 Clément Myionnet (1812-1886), a primeira pedra do Instituto. Nascido em Angers, numa família abastecida, decide-se, pelo ano 1838, a visitar os pobres. Tendo encontrado, pouco depois, Florestan Hébert, incita-o a fundar em sua cidade natal a primeira conferência de São Vicente de Paulo. Atraído pela vida religiosa, em uma “congregação que fosse entre os homens o que são entre as mulheres as irmãs de São Vicente de Paulo”, é encorajado por seu bispo, Dom Angebault, a amadurecer seu projeto e a procurar companheiros. O Sr. Myionnet tendo “a convicção íntima” de que será em Paris que achará aquele que tem o mesmo pensamento que ele, deixa Angers no dia 6 de agosto de 1844, e chega na capital no dia 24. E é no dia 11 de setembro que acontece, na rua do Cherche-Midi, o encontro providencial com o Sr. LP.. De volta em Angers, o Sr. Myionnet escreve, no dia 6 de outubro, ao Sr. LP. sua resposta afirmativa e definitiva. Com esse homem de Deus, fiel e forte na provação, que quer a vida religiosa em todas as suas exigências, a nova família será solidamente fundada. 121 A primeira carta do Sr. Myionnet ao Sr. LP. é datada do 6 de outubro, um domingo. O Sr. LP. , respondendo na terça-feira, dia 15 de outubro, diz ter recebido a carta do 8 de outubro. Como o Sr. Myionnet não escreveu uma segunda carta 2 dias depois, o Sr. LP. pôde ter lido distraidamente a data e confundir 8 e 6 porém claramente escrito. 122 “Essa carta não é somente um testemunho da íntima união que se estabelece imediatamente entre o Sr. LP. e o Sr. Myionnet, mostra admiravelmente o duplo traço do espírito do Sr. LP. e a maneira com que empreendia as obras: se vêem ali esse ardor contido, essa chama interior que o apressa a pôr logo a mão à obra e essa ciência bem sobrenatural da conduta de Deus que lhe faz considerar com uma paciência e um desapego heróico os adiamentos que a própria Providência traz para a execução de seus desígnios”. (VLP, I, p.168). 123 Jean-Baptiste Renier (1813-1889), médico, secretário de Conferência de São Vicente de Paulo de Angers, amigo íntimo do Sr. Myionnet. Tinha subido a Paris e tinha aproveitado para avisar o Conselho de Paris da Sociedade de que, em Angers, havia a intenção de “fundar uma ordem religiosa destinada a cuidar das crianças, dos alunos, dos aprendizes e enfim dos operários”. O Sr. LP., presente excepcionalmente no conselho, e de Baudicour, manifestaram um grande interesse a essa exposição (Positio, p.135). |
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