119 - ao Sr. Myionnet
O Sr. Le Prevost se
prepara a recebê-lo e lhe facilita os meios de deixar sua família.
Paris, 10
de janeiro de 1845
Meu caríssimo irmão,
Sua carta tão impacientemente esperada nos encheu de alegria; desde o dia em
que o vi, em que nossas almas se compreenderam tão bem diante do Senhor, me
tinha sempre persuadido de que você estaria aqui, dos nossos, e que nada
começaria sem você. Essa doce esperança será realizada e o Divino Mestre, que
conhecia nossos votos, se dignou ouvi-los. Que seja mil vezes bendito por
isso, caro irmão, e possam os laços que ele formou se apertarem sempre e nunca
se romperem. Que seu coração não ceda demais, caro amigo, aos movimentos da
natureza e, se não puder fazê-los parar, que os domine pelo menos e fique seu
mestre. Deus, nosso Pai, não o abandonará e se, como o Patriarca, você deixar
seu país e sua família, como ele também, em uma pátria nova, você encontrará
irmãos e tornar-se-á o autor de uma posteridade numerosa. Tenho confiança, após
alguns momentos de saudade inevitáveis talvez, você encontrará aqui a calma e a
paz. Desde este momento, ou já há muito tempo, nossos amigos estão em união de
orações com você e você sentirá, espero, o efeito de suas fraternas invocações.
Escrevo hoje mesmo a carta que você me pediu, que deverá chegar a seu endereço
diretamente. Mantive-me em termos bastante gerais, para não sair da verdade,
que não devemos ferir em
nada. Você poderá facilmente, parece-me, caro amigo, ficar
nos mesmos limites. Quanto à viagem à Itália126, toquei nela com uma só
palavra, não achando igualmente possível me estender por esse lado, mas essa
palavra será suficiente para desviar a atenção dos seus e dispô-los mais
favoravelmente a deixá-lo partir.
Venha logo, caro irmão, quanto antes será o melhor; quanto menos adiamentos
colocar, menos combate você terá.
Agradeça por mim, por favor, ao Monsenhor o Bispo de Angers por sua carta tão
paterna, tão sábia, tão cheia de encorajamento; guardo-a como um tesouro
precioso e os excelentes pensamentos que contém serão postos na base de nossa
pequena obra como uma lembrança de graça e de bênção.
Abrace por mim nosso
irmão Renier, que fará parte também de nossa família e pelo qual, doravante,
sinto a mais terna afeição.
Esperarei de você uma nova carta logo, será a última. Adeus.
Seu de coração em J.e M.
Le Prevost