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Jean-Léon Le Prevost
Cartas

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  • Cartas 101 - 200 (1843 - 1850)
    • 121.1 - a Dom Angebault
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121.1 - a Dom Angebault

Confiança em Deus. A vocação do Sr. Le Prevost é juntar-se ao Sr. Myionnet, mediante consentimento de sua mulher. Que Deus lhe obtenha “luz e bênção”.

 

Paris, [abril] 1845

 

            Monsenhor,

 

            Quantas graças devemos dar ao Senhor, cuja bondade se dignou   proporcionar à nossa pequena obra nascente a proteção, os conselhos, a sábia direção de um de seus Pontífices, e dar a um tão pequeno começo uma tão grande bênção!

 

            Sem seu apoio, Monsenhor, talvez tivéssemos perdido ânimo,  depois das provações que, uma após a outra, nos atingiram. Mas, vendo Sua Grandeza tão cheia de confiança no futuro da pobre Comunidade, recebendo suas palavras tão ardentes e tão afetuosas ao mesmo tempo, sentimos que o divino Mestre não estava longe e ficamos firmes em nossa esperança. De vez em quando ainda, quando medimos a grandeza da tarefa e a fraqueza de nossos meios, sentimos um pouco de pavor, mas essas falhas duram pouco, nos lembramos de que as vias de Deus são misteriosas e seus fins sempre sem proporção com nossos meios; nos recordamos sobretudo de seus favores e das graças que nos tem feito e nos abandonamos em paz à sua direção e a seu amor.

 

     Digo “nos”, e Sua Grandeza me perdoará isso, espero, não porque eu entenda assim me associar inteiramente aos méritos do irmão Myionnet, mas porque uma viva simpatia e a mais terna caridade me unem a seus trabalhos e a seus esforços. Esforcei-me também em partilhar seus exercícios, na medida em que minhas outras obrigações me permitem, a fim de suprir os que faltam e de dar-lhe ao menos a sombra da vida comum, enquanto se aguarda a realidade. Todos os nossos confrades de São Vicente lhe mostram, por sua vez, uma sincera benevolência e se apressaram, após o nosso apelo, em prestar-lhe auxílio para a obra dos aprendizes. Os começos se vislumbram bem, já se pode constatar alguns progressos e, segundo toda aparência, ele terá logo ganhado o coração de todas as suas crianças. Esse bom Irmão é  tranqüilo e confiante e não duvida de que o Divino Senhor lhe envie mais tarde irmãos dedicados para auxiliá-lo.

 

            Guardo a esse respeito, Monsenhor, o sentimento que pus com tanta felicidade em seu coração, no dia de sua partida e, se Deus se dignar de me dar vocação, responderei, espero, ao seu apelo. Consultei o Sr. Beaussier131, assim como Sua Grandeza havia julgado necessário, e o encontrei assim como Monsenhor, favoravelmente disposto. Ele julgou somente, com Sua Grandeza, que um consentimento bem preciso e bem nítido devia me ser dado para me liberar do laço que ainda me amarra, mesmo que fracamente.

 

            Já preparei um pouco as vias a esse respeito e não percebi nada que me pressagie uma resistência. Todavia, não poderia prever o desfecho enquanto a prova definitiva não foi feita. Se isso lhe agradasse, Monsenhor, após ter bem rezado e ter-me entregue nas mãos de Deus, daria o passo decisivo. Admitindo-se que, desde o início, eu obtivesse um consentimento inteiro e perfeito, ficaria ainda para mim, para regularizar minha posição sob outros aspectos, muitas diligências e providências que me levariam sem dúvida para além do prazo de três meses que Sua Grandeza me prescreveu. Permanecerei, portanto, fielmente no limite que me traçou. Se desse seu assentimento, Monsenhor, a essa disposição, ousaria solicitar uma grande graça: seria que o dia em que deverei falar me fosse designado de antemão por Sua Grandeza e que, neste mesmo dia, tivesse a extrema caridade de dizer a Santa missa para obter-me, da parte de Deus, luz e bênção. Apesar de qualquer coisa que acontecesse depois, me sentirei tranqüilo, bem assegurado de que estou segundo o bel-prazer divino. Aguardarei, portanto, Monsenhor, a resposta de Sua Grandeza e não irei mais longe sem ter recebido seu aviso e sua direção.

 

            Acreditei até agora não dever dizer nada ao bom Sr. Myionnet, por medo de ter em seguida que retirar minhas palavras, se provasse algum obstáculo insuperável. Pareceu-me bom, aliás, que pudesse me ver de perto e bem intimamente para julgar, com conhecimento de causa, se pode verdadeiramente encontrar em mim um companheiro e um irmão que partilhe seus trabalhos e se una a ele no Coração de Jesus Cristo.

 

            Guardo, enquanto fico esperando, a lembrança de seus conselhos paternais, Monsenhor, torno a ler os dizeres de seus caros santinhos, saboreio-os e medito, esforçando-me por bem captar seu espírito. Confiança em Maria, humildade, espírito interior, eis aí o que me aconselhou; tenderei a isso com todas as minhas forças. Mas minha vida será demasiadamente curta para um objetivo tão elevado, a não ser que suas orações aplainem e abreviem o caminho. Solicito-as, portanto, bem ardentemente e ousarei, pobre como sou, oferecer ao Senhor em retribuição a expressão de minha terna gratidão e de meus votos bem ardentes por Sua Grandeza.

 

            Queira ter a certeza disso, Monsenhor, e aceitar o humilde respeito com o qual sou

            Seu muito obediente e muito devotado servo em N.S.

 

                                               Le Prevost

 

 





131 Na morte do padre de Malet, seu guia espiritual, o Sr. LP. se tinha dirigido a seu sucessor como capelão das Irmãs de Ste-M.-de-Lorete, rua do Regard. Jean-Baptiste Beaussier (1802-1871), nascido em Eure-et-Loir, (diocese de Chartres), foi ordenado padre em Paris em 1826. Seu nome voltará muitas vezes nos escritos do Sr. LP: foi para ele um conselheiro sábio, notadamente nas escolhas mais difíceis: fundação do Instituto, diligências em vista da separação entre ele e sua esposa, caminhada para o sacerdócio.





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