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Jean-Léon Le Prevost
Cartas

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  • Cartas 101 - 200 (1843 - 1850)
    • 128 - ao Sr. Maignen
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128 - ao Sr. Maignen

O Sr. Le Prevost sofre por ver sua mãe em fase terminal, ela cuja “vida só foi de trabalhos, sacrifícios e dedicação”. Ele permanece muito unido a seus irmãos de Paris.

 

Duclair, 12 de novembro de 1845

 

            Meu querido confrade,

 

            Minha partida foi tão precipitada, que não pude avisar ninguém, além do irmão Myionnet e do Sr. Dufresne a quem escrevi duas palavras, apressadamente, para entregar-lhe a conduta de nossas pequenas obras. Havia outros ainda, você bem sabe, que teria gostado de prevenir, mas me faltou o tempo, não podia, segundo a carta que tinha recebido, atrasar de forma alguma. O médico que, de início, não tinha visto perigo iminente no estado de minha pobre mãe e que tinha prometido avisar se a situação piorasse, tinha declarado, domingo, que a febre estava violenta, que todos os sintomas se tornavam mais graves e que estava na hora de me chamar. Minha irmã me escrevia portanto que, se eu quisesse rever nossa boa mãe, era preciso acorrer; você entende, caro confrade, com que diligência tive que me dispor a sair; duas horas após a recepção da carta, estava na estrada e à noite, às 6 horas ½, estava perto de minha mãe. Na minha chegada, a febre tinha diminuído, e pude, aproximando-me devagar, ver nossa pobre doente que descansava com bastante calma. Desde então ficou no mesmo estado, sem que se ouse esperar, mas sem que tudo pareça também consumado. Embora tenha sido sangrada após o acidente, ainda tem forças, tão vigorosa é sua constituição para sua idade; mas a paralisia de seus membros está sem melhora e se não se chega a fazer com que tome um pouco de comida, ela vai esgotar-se inteiramente. Até agora ela não tem gosto para nada e é com grande dificuldade que, usando um canudinho, faz-se passar em sua garganta algumas gotas de refrigerantes. Quase não a deixo e partilho com minha irmã e sua filha os cuidados contínuos que um estado tão penoso exige. Você teve em sua casa uma experiência por demais prolongada de uma aflição quase semelhante para que eu tenha algo, caro amigo, a lhe ensinar a esse respeito. Quanto a mim, não fazia uma idéia bastante exata disto, e agora aprecio melhor ainda os cuidados e a dedicação com que você cercou seu pobre pai.

     Uma grande consolação, todavia, nos é deixada: é que nossa querida doente guardou toda sua presença de espírito e que seu coração não sofreu pelo enfraquecimento do corpo. De manhã, ela me faz ajoelhar perto de sua cama e, enquanto recito a oração em voz alta, ela a acompanha e até a repete comigo; à noite, desempenho o mesmo ofício para sua grande satisfação. Durante o dia faço-lhe uma leitura de piedade que ela ouve e aprecia com o mesmo interesse; de vez em quando, ela reza em voz alta e pede a Deus, para suportar seus sofrimentos com paciência e com espírito de penitência. Não preciso dizer-lhe, caro amigo, quanto tais disposições me edificam e me consolam; são o fruto de uma longa vida de trabalhos, de sacrifícios e de constantes dedicações; minha boa mãe nunca procurou nada para si mesma, só pensava em fazer o bem, em ser útil aos outros, em empregar seu tempo para alguma finalidade boa, e sobretudo em glorificar a Deus, que ela servia com uma admirável simplicidade.

 

             Não saberia dizer-lhe se minha ausência se prolongará muito; isso depende inteiramente da marcha que vai seguir a doença de nossa boa mãe; se aprouver a Deus chamá-la de volta a Si, não quereria deixá-la nem abandonar minha irmã num tal momento; se, ao contrário, a boa constituição de nossa querida doente prolongar ainda sua existência, gostaria, antes de minha saída, de vê-la um pouco recuperada e fora de perigo. Aguardo e entrego todas as coisas nas mãos sábias e paternais de nosso divino Senhor.

 

            Entre  minhas penas e  minhas inquietações, caro amigo, não deixo de ter ternas lembranças por aqueles que deixei e por você mais do que pelos outros; penso em você de manhã na Santa Missa e em muitos outros momentos ainda; pense também em mim, em minha pobre mãe sobretudo, e guarde para comigo essa suave e terna afeição que você me sabe tão necessária. Escreva-me logo, dê-me notícias dos nossos amigos e das nossas pequenas obras, que não passarão mal, espero, sustentadas como serão pelo zelo e a caridade de nossos confrades. Vele sobre isso em particular, veja com os Sres. Boutron, Dufresne e Taillandier138 se tudo vai bem, se nossos doentes em particular e os catecismos da noite não são abandonados. Vá ter também com o irmão Myionnet, que se encontra sem amparo e que recomendo à sua fraterna afeição.

 

            Adeus, caro amigo, uno-me a você nos corações de J. e de M.

 

                                               Le Prevost

 

            Apresente minhas recomendações à sua boa mãe.

 





138 Confrades de São Vicente de Paulo. --- Henri Taillandier (1821-1889), então membro da Conferência de St-Sulpice, mais tarde padre e pároco de St-Augustin, em Paris, ficou, a vida toda, um grande amigo do Sr. LP.. Recordando-se do ano 1845-46 com o Sr.LP., escreverá: “Esse ano passado junto a esse manso e evangélico doutor que me servia de guia em todas as coisas, pode equivaler ao grau de bacharel em boas obras”. (Um homme de bien, por M. de Montrond, p.42). Seus familiares foram entre os mais insignes benfeitores da Comunidade nascente.





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