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Jean-Léon Le Prevost Cartas IntraText CT - Texto |
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130 - ao Sr. MaignenDetalhes sobre o estado de saúde de sua mãe moribunda. Afeição paternal para com seu filho predileto. Conselhos sobre as obras a fazer durante sua ausência. Cuidar de bem “harmonizar” as disposições de uns e outros. Duclair, 17 de novembro de 1845
Deixe, querido amigo, que lhe fale um pouco de minha pobre mãe e, em seguida, o admoestarei ternamente, bem ou mal, pois nossa querida doente, dez vezes por minuto, me chama e reclama meus cuidados. Essa boa mãe, caro amigo, não está de jeito nenhum em melhor estado. Longe disso, suas forças se apagam, ela usa os restos de uma constituição vigorosa, mas sem que nada alimente o foco de vida, já que rejeita toda comida com repugnância e desgosto. Ontem, se sentia tão esgotada, tão abatida que não podia ficar um momento sem apoio: precisava que, alternativamente e muitas vezes ambos ao mesmo tempo, minha irmã e eu, ficássemos perto dela para sustentá-la; ela apoiava, como você faz, caro filho, sua cabeça em meu ombro, em seguida apertava nossas mãos de um modo tão triste que ficava com o coração desolado. Chorei uma parte do dia, vendo bem claramente que toda esperança de um restabelecimento era vão e não podendo me resignar a uma separação por demais dolorosa. Esta noite, ela esteve mais calma e a encontro, esta manhã, um pouco menos desanimada. Suas disposições de coração continuam sempre excelentes; de vez em quando, chama Deus e a Santa Virgem para socorrê-la e oferece seus sofrimentos em expiação de uma vida, porém, bem boa, com muito trabalho e uma retidão constante bem rara hoje. Não se canse, caro filho, de rezar com o bom irmão Myionnet por esta pobre criatura que o Senhor submete, penso eu, às derradeiras provações. Eu amava seu bom pai, amo sua mãe, tenha, você também, um pouco de terna caridade por minha excelente mãe.
Você está um pouco aflito, caro filho, por não ter tido as primeiras linhas que escrevi aqui e o confessa com ingenuidade, não sabendo muito bem se é contra você que está irritado ou contra mim. Agradeço, pobre filho, sua franqueza que sempre me encanta, você sabe, e que salvará nossa afeição de todo mal-entendido desagradável. Fale em toda ocasião, com o mesmo abandono, deixe seu velho pai pôr a mão na ferida e tenha certeza de que ele nunca falhará em curá-la. Você se entristeceu sem motivo, caro filho, o irmão Myionnet teve minha primeira carta, mas você teve meu primeiro pensamento, minhas primeiras, minhas mais caras lembranças. Você quereria trocar sua parte com a dele? Conte comigo, amigo, a respeito do cuidado de fazer-lhe sua porção em minha afeição e se você me ama de verdade, como creio, cuide que minha ternura por você, facilmente demais parcial e exclusiva, fique numa sábia medida que não ofenda nem a Deus, nem aos homens, nem a meus deveres. Da minha parte, empenho-me em vista disso constantemente, mas sinto bem que a inclinação natural e a queda do coração me conduzem ainda demasiadas vezes. Caro filho, seja generoso e longe de me arrastar para o sentido errado, ajude-me a permanecer firme no bom. É somente a esse preço que minha terna predileção por você lhe ficará fiel e continuará sendo, para você como para mim, uma doce, íntima e preciosa consolação. Quando estou por demais dolorosamente aflito, aqui, quem você acha que chamo no fundo do coração para consolar-me e suavizar minhas penas?
Recebi aqui muitas cartas, qual, você acha, filho, que esperei com mais impaciência? Qual é também aquela da qual cada palavra, cada pensamento caiu gota a gota como um fresco orvalho no fundo do meu coração? Qual é, enfim, aquela que eu não quis ler senão uma vez só, para sacrificar a Deus a alegria por demais doce que teria achado ao lê-la de novo? Como se faz, caro filho, que você não sabe tudo isso? Como o pobre pai é obrigado a informá-lo disso, um pouco acanhado com sua fraqueza e triste também por não ser melhor compreendido? Retome, caro filho, sua serenidade; seu doce rosto não fica bem quando se envolve de uma nuvem de saudade e de tristeza; o velho pai disse-lhe um pouco, somente um pouco de todas as suas ternuras para com você. Coloque isso sobre sua ferida e seja curado.
Escrevo duas palavras que coloco neste envelope para o Sr. Dufresne. Não tenho recomendações a fazer-lhe nem para a conferência, nem para a Santa Família: vocês todos levam demais a sério a manutenção dessas queridas obras para não reunirem todos os seus esforços a fim de sustentá-las e fazê-las caminhar. Peço somente a vocês para não se fiarem uns nos outros a respeito dos cuidados a tomar; fariam bem em reunir-se, em combinar direitinho as disposições que acharem as melhores e, em seguida, pôr mãos à obra, cada um para a parte que tiver aceito. Eu ficaria muito triste se o pequeno edifício que temos construído tão lentamente se abalasse por uma simples mudança tão pouco notável na sua construção; não acontecerá assim, mas você, caro filho, e todos com você, trabalharão o melhor possível e o Senhor a quem oferecerão seus cuidados se dignará de apóiá-los e abençoá-los. Desejaria que o Sr. Roudé visse o Pe. Milleriot, para avisá-lo de minha ausência e pedir-lhe suas orações; seria bom também que o Sr. Taillandier tivesse a bondade de prevenir o Sr. Pároco de que a reunião da Santa Família realizar-se-á domingo e oferecer-lhe ao mesmo tempo minhas lembranças respeitosas; solicito também para minha mãe as orações de nosso bem-amado Pastor. Para a reunião, o Sr. Lamache, espero, não se recusará a falar. Na falta dele, o Sr. de St Chéron, se lhe escrevessem sem demora, o faria de bom grado; este último presidiria bem a reunião se, contra o meu desejo, o Sr. Dufresne ou algum outro não quisesse se encarregar disso. A senhorita Barbe tem, disse-me, uma carta interessante de um missionário; poderiam pedir-lhe a carta e ver se convém lê-la. O Sr. Pároco de Saint Merry tinha prometido falar, poderiam pensar nisso para esta vez ou para uma outra. O Sr. de Lambel140 não está em Paris, creio. Em resumo, vocês têm elementos para fazer uma boa reunião, não lhes falta nem zelo nem vontade, conduzirão tudo para o bem, tenho confiança. Terça-feira, na hora da reunião, me coloquei diante de Deus em união de coração com vocês; domingo, eu farei isso com toda a minha alma igualmente. Abrace o irmão Myionnet de todo o coração por mim; ele escreveu-me uma boa carta, a qual lhe agradecerei eu mesmo daqui a pouco. Peço-lhe para solicitar vales e visitar por mim minhas famílias das Missões: Louise Brunet, 12 rua Traverse, que rezará muito por minha mãe (1 pão, 1 carne) a viúva Lecoeur, 16, rua Traverse (2 pães e 20 centavos que devolverei ao irmão), Stalberger, 9, Saint Placide, 3 pães cada quinze dias; é preciso visitá-lo logo.
Resta-me recomendar-lhe, caro filho, a distribuição dos livros, na quarta-feira à noite, aos homens na biblioteca; veja para que seja feita exatamente; é essencial. O Sr. Taillandier dará a nota para os doentes a recomendar e mandará a tempo suas cartas de convite.
Recomende ao Sr. Tulasnes o jovem Laurent que se prepara para sua Primeira Comunhão no Natal.
Adeus, caro filho, aperto-o fortemente, bem fortemente contra meu coração e sou ternamente seu velho e afeiçoado pai.
Le Prevost
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140 Roudé, Lamache, de St Chéron, Dufresne, confrades de São Vicente de Paulo. --- Senhorita Barbe foi durante longos anos uma das fisionomias mais cativantes da paróquia St Sulpice. Ela é que cuidava da manutenção das capelas subterrâneas da igreja. A catequese e obras diversas que tiveram suas reuniões nessas catacumbas foram as felizes beneficiárias de sua humilde dedicação. --- O conde Alexandre de Lambel (1814-1903) era o amigo mais próximo de Armand de Melun e o assistiu em suas numerosas iniciativas caridosas, (criação da Sociedade de economia caridosa, etc.). Entrado em 1835 na Sociedade de São Vicente de Paulo, fundou, em 1838, o patronato St Jean du Gros-Caillou e se tornou membro do conselho da Santa Família. Amigo e devotado colaborador do Sr. LP., escreverá uma biografia dele “destinada aos operários”: Vie de M. Le Prevostt, Paris-Auteuil, 1900. --- Os dois irmãos Tulasne, médicos, membros da conferência St Sulpice, amigos íntimos do Sr. LP. |
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