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Jean-Léon Le Prevost Cartas IntraText CT - Texto |
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179 - ao Sr. MyionnetO Sr. Le Prevost reconforta o Sr. Myionnet, inquieto pelas dificuldades de sua vida espiritual. É sobre a consciência que temos de nossa fraqueza que Deus constrói nosso santuário interior. Detalhes materiais concernentes aos cuidados caseiros em Grenelle.
Duclair, 3 de setembro de 1847 Meu caríssimo irmão, Escrevo-lhe separadamente para conversar um pouco com você, como o fazemos na segunda-feira à noite, e escrevo também ao irmão Maignen neste mesmo envelope. Sua carta, meu bom amigo, causou-me grande prazer. Ela é boa, aberta e confiante e bem me mostra suas excelentes disposições. Tranqüilizar-me-ia mais, se houvesse necessidade, sobre o estado de nossa obra, do que todos os raciocínios do mundo, pois onde há bom espírito, retidão de intenção, sincero amor pelo bem, aí está a graça do Senhor e seu todo-poderoso apoio. Não se atormente a seu respeito, caro amigo; você sabe que, se não julgamos seguramente a nós mesmos, enganamo-nos bem menos a respeito dos outros. Ousaria dizer-lhe que minha atenção fraterna não falta para você e que vejo positivamente suas disposições. Percebo bem, aqui e acolá, vestígios de má índole, mas o vejo, ao mesmo tempo, combatê-los e reprimi-los. Enquanto assim for, caro irmão, pode-se ficar em paz; a gente está no bom caminho, e o Senhor está perto de nós. O que o assusta, o que me perturba às vezes, no meu caso, é que essas lutas contra a natureza rebelde são mais freqüentes para nós e mais encarnecidas do que em outra época. É que, em vez de avançar, parecemos, às vezes, recuar, e, como você diz, demolir o que o Senhor edificou. É aparência falsa, estou convencido disso, caro irmão. Você não valia mais antes, mas você via menos sua miséria. Deus mesmo a continha em razão de sua fraqueza, e você acreditava que era sua a força dele. Hoje, mais confiante em você, Ele se retirou, você vê como está e tem medo. Mas sinto, no fundo do coração, que nosso divino Mestre não nos abandonou, que Ele nos deixa combater e resistir, para que sejamos corajosos e humildes ao mesmo tempo, mas que Ele luta conosco e nos fará triunfar com Ele. Vamos para frente sempre, não olhemos demais para os nossos pés. O importante para nós é perseverar e andar, pois, repito, estamos no bom caminho: se andarmos, chegaremos. Sofro muito, como você, desse despojamento que põe a nu nossas fraquezas aos nossos olhos, aos olhos dos outros às vezes, mas essa impressão humilhante e penosa é o sinal da ação salutar do Senhor e deve alegrar um coração dedicado como o seu. Em meus momentos escolhidos, tomo assim a provação, saboreio sua amargura e limito-me a dizer: “Tudo está bem, meu Deus, aceito tudo, desde que Vós sejais glorificado”. Depois disso, estou tranqüilo e me sinto consolado. Esteja nessa disposição, caro amigo, e acredite que, se eu o visse cair, não deixaria de adverti-lo; na ocasião, faça o mesmo comigo; assim, faremos a guarda um do outro e teremos apoio mútuo. Voltarei para perto de você, caro amigo, sexta-feira próxima, dia 10, e poderei estar em Grenelle, espero, para almoçar com você. Vigie da melhor forma possível nosso pequeno interior doméstico, a fim de que evitemos, se é possível, as tristes provações que tivemos que aceitar anteriormente. Deixe Louis muito ocupado; é o melhor meio de evitar a ociosidade e suas funestas conseqüências. Diga-lhe, por favor, que peço expressamente que ele tenha limpado a fundo, para minha chegada, a oficina que teremos, sem dúvida, que utilizar para a biblioteca. É preciso também que ele limpe minuciosamente o quarto de dormir, cuja escada dá para o jardim. Aí está o lugar onde gostaria de colocar o Sr. Gautier, se vier para um retiro em Grenelle. Aí está, também, o lugar onde iremos alternativamente quando estivermos de retiro, a fim de nos recolher melhor, estando mais separados dos outros. É necessário que os vidros sejam lavados, os ladrilhos esfregados, os sanitários bem varridos. Tudo isso com um cuidado perfeito; recomende-lhe isso expressamente. Enquanto estou falando de cuidados caseiros, acrescento que é preciso cobrir os doces que ficaram expostos à poeira. Os potes que estão nos dois degraus inferiores da escada devem ficar à parte; vão conservar-se melhor sendo mais açucarados e melhor cozidos; se o tonel de vinho que pedi chegasse, deveria ser colocado em nossa adega interior onde poderá entrar. Lamento absorver o pouco espaço que me sobrava para falar desses detalhes, mas o corpo quer também seu espaço sobre esta terra; é preciso dar-lhe esse espaço, por pequeno que seja. Adeus, caro amigo. Ficarei feliz por reencontrar-me no meio de vocês; essa pequena ausência me fez sentir bem em que situação estávamos. Estamos no bom caminho. Meu Pároco me emprestou aqui as Méditations, de Boissieu, sobre o Evangelho; isso será bom para nós, acho; vamos experimentá-lo na minha volta. Minha saúde está um pouco menos ruim. Abraço-o ternamente em N.S. Seu irmão e amigo Le Prevost Afeição a todos os nossos amigos.
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